O aumento dos custos com o respectivo repasse para o consumidor é uma das conseqüências previstas pela indústria e comércio quando entrar em vigor, no dia sete de maio, o decreto que regulamenta a entrega noturna na cidade de São Paulo. Isso porque o prefeito paulistano, José Serra, assinou, no dia sete de abril, decreto determinando que o abastecimento de grandes estabelecimentos comerciais e de serviços no município seja realizado das 22h às 6h em dias úteis; das 14h à meia-noite aos sábados, e em qualquer horário aos domingos e feriados. Esse aumento dos custos é considerado inevitável, pois haverá necessidade de readequação do horário de atendimento para recebimento de cargas, com a abertura de lojas que permaneciam fechadas durante a noite. Haverá, ainda, a necessidade de sistemas para garantir a segurança para o comércio em geral, além de despesas com o adicional noturno sobre horas trabalhadas, previsto em lei. Com a finalidade de estudar o impacto do decreto, avaliar alternativas e fornecer subsídios para as autoridades, o superintendente da Associação ECR Brasil, Cláudio Czapski, está criando um grupo de trabalho, que terá a primeira reunião no próximo dia 14. O comitê será composto por empresas da indústria, comércio e do setor de logística (transportadores, distribuidores, atacadistas, operadores e brokers). O grupo deverá fazer estudos técnicos, com o objetivo de preservar a eficiência logística e diminuir os impactos das conseqüências do decreto no bolso do consumidor. Outra questão a ser estudada é a de riscos de ruptura de estoques, até que toda a cadeia de abastecimento se adeqüe ao novo horário. "Temos que correr contra o tempo, pois, embora o decreto entre em vigor no prazo de 30 dias e o governo municipal tenha afirmado que serão discutidas situações especiais, como a entrega de perecíveis na Ceagesp, ele exige uma profunda reformulação das operações de toda a cadeia de abastecimento", afirma Czapski. Segundo ele, o prazo é curto para a indústria e o comércio se adequarem às novas exigências. No seu entender, o decreto realmente procura beneficiar o trânsito, cada vez mais caótico numa cidade grande como São Paulo, mas se o governo proibir a circulação de caminhões de grande porte em determinados horários do dia, corre-se o risco de haver um número maior de veículos menores de entrega no mesmo horário.