Após uma breve recuperação da pandemia da Covid-19 em 2020, o setor logístico continua sendo pressionado pela volatilidade econômica global, com inflação, mudanças climáticas e conflitos geopolíticos. Este é o cenário avaliado pelo relatório State of Logistics 2024, apresentado em Washington, nos Estados Unidos. A 35ª edição do relatório anual constatou que as cadeias de suprimentos globais estão se aprimorando a partir do investimento em tecnologias que aceleram a resiliência, a agilidade e a flexibilidade para enfrentar as interrupções atuais e futuras.
Produzido anualmente para o Council of Supply Chain Management Professionals (CSCMP) pela empresa de consultoria global Kearney e apresentado pela Penske Logistics, fornecedora para cadeias de suprimentos, o estudo anual compila informações do setor logístico em todo o mundo, destaca as tendências do setor e oferece uma visão geral da economia norte-americana.
O estudo constatou que a incerteza agora é quase uma constante na economia global, e que a maneira mais inteligente de responder a tempos instáveis é reavivando projetos estratégicos e reunindo recursos para melhorar a resiliência, conselho semlhante ao que foi dado no relatório do ano passado. Espera-se que a economia global apresente um crescimento lento de 2,5% até 2024, o que representaria a meia década mais lenta de produção em 30 anos. A demanda ainda não se recuperou totalmente, e novos motores de crescimento precisarão de tração antes que a maré mude.
De acordo com o relatório, há vários motivos pelos quais a demanda ainda não se recuperou totalmente. Os principais são os conflitos geopolíticos simultâneos em todo o mundo, as mudanças climáticas (que afetaram as rotas de navegação), a inflação alta, as altas taxas de juros e a demanda lenta. Nos EUA, os custos de logística de negócios chegaram a US$ 2,3 trilhões, o que equivale a 8,7% do PIB nacional.
Como resultado desse cenário, a fragmentação contínua do comércio global está complicando as transações da cadeia de suprimentos. Nos EUA, mais de mil corretores de frete fecharam suas portas desde que o relatório de 2023 foi divulgado. Alguns dos maiores fabricantes e varejistas estão buscando monetizar seus próprios recursos de logística e, ao mesmo tempo, vendo o sucesso de sua cadeia de suprimentos como um serviço para comercializar e lucrar.
As transportadoras têm sido atormentadas por altos custos operacionais, enquanto a demanda fraca e o excesso de capacidade dificultaram a aplicação de cobranças que lhes permitiriam sustentar as tarifas e proteger suas margens. Os operadores logísticos continuam enfrentando desafios significativos no momento, que incluem altos custos operacionais e de seguro, baixas taxas de frete e excesso de capacidade.
"A volatilidade contínua faz com que nossos clientes repensem e reconfigurem os recursos de logística que impulsionam suas cadeias de suprimentos. Tanto os embarcadores quanto as transportadoras descobrem que as pessoas, os processos e as ferramentas que movimentam as mercadorias e as informações nas cadeias de suprimentos globais são, muitas vezes, inadequados para suas necessidades e exigem investimentos acelerados", explica Josh Brogan, sócio da Kearney e principal autor do relatório State of Logistics.
Além disso, o estudo identifica uma tendência crescente das empresas de logística 3PL migrando para modelos de negócio asset-based, em busca de maior controle e customização dos serviços. "Vemos provedores de serviços relativamente grandes usando a seu favor suas tecnologias, seus ativos e seu gerenciamento e desenvolvendo novos modelos de operação e plantas de ecossistema, oferecendo customização para seus clientes e gerando mais valor e opções para embarcadores à medida em que tentam redefinir sua função na situação atual", comenta Josh Brogan.
Tecnologia e descarbonização
Ainda em conformidade com o relatório do ano passado, o State of Logistics deste ano traz a expectativa de que os investimentos em tecnologias emergentes, como inteligência artificial, visibilidade de ponta a ponta e automação avançada, gerem vantagem competitiva e maior resiliência a futuras interrupções no setor de logística.
"Nossos clientes, assim como o setor, continuam a enfrentar desafios significativos para manter uma cadeia de abastecimento consistente e econômica. Investir em tecnologias que ajudem a melhorar a agilidade e a resiliência posicionará melhor as organizações, e o setor como um todo, para navegar sem problemas em futuras interrupções", afirma Andy Moses, vice-presidente sênior de vendas e soluções da Penske Logistics.
O estudo também reporta que as principais empresas globais adotaram metas ambientais rigorosas. Outros programas de financiamento do governo dos EUA foram lançados para incentivar iniciativas de descarbonização, o que indica um progresso nos setores público e privado em direção a níveis mais altos de sustentabilidade no país.
"A tendência no último ano foi o foco em construir plantas. Muitas plantas estão se tornando mais robustas com muitos planos de atingir redução das emissões. Também vemos o amadurecimento de calculadoras e ferramentas e a padronização das medidas no setor. Também vemos um aumento dos investimentos em veículos elétricos e nas capacidades dos carregadores", diz Josh Brogan.
O presidente e CEO do CSCMP, Mark Baxa, destacou a importância da pesquisa: "Depois de ler o relatório de ponta a ponta, eu o encorajo a se perguntar: 'o que está diferente', e será que eu entendo o curso de ação para garantir o máximo de sucesso logístico no caminho à frente? Seja você o líder sênior ou um analista iniciante, você tem decisões a tomar que farão a diferença no desempenho da sua cadeia de suprimentos".