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Empresas unem-se contra o roubo de cargas

Por Redação em 8 de novembro de 2007 às 15h00 (atualizado em 20/04/2011 às 17h06)

Os principais embarcadores de cargas do país criam entidade para combater o crime e reduzir prejuízos

A crescente escalada da criminalidade no país fez com que um grupo de embarcadores de cargas e parceiros que lidam com ativos tecnológicos de alto valor agregado, se unisse para buscar uma forma de combater o roubo de cargas, uma modalidade criminosa que acarreta prejuízos de R$ 600 milhões. A unanimidade elegeu a troca de informações e a padronização de procedimentos como a principal arma de combate ao crime. E a melhor forma de atuação surgiu através da associação à norte-americana TAPA (Technology Asset Protection Association), organização internacional que reúne as maiores indústrias de tecnologia do globo. 

A entidade já congrega no Brasil, cerca de setenta nomes de envergadura, de vários segmentos da economia, como empresas de telecomunicações, informática, montadoras, indústrias de papel e alimentos, bancos, transporte de valores, seguradoras, armazenagem e logística, transportadoras, gerenciadoras de riscos, entre outras. Do total de associados 24% são indústrias e 76% prestadores de serviços.

A idéia que concebeu a TAPA surgiu nos Estados Unidos, onde a maioria das ocorrências era de furto e roubo de baús e, raramente, de caminhões. Porém isso cresceu nos anos 90 com a abrupta aceleração da evolução tecnológica, o surgimento de componentes e equipamentos cada vez menores, mais sofisticados e de alto custo, como memórias, computadores, telefones etc.

A Idéia da Tapa foi apresentada no Brasil pela Compaq, através de um executivo que veio dos EUA. As informações despertaram muito interesse de empresas como Motorola, Celestica, Benchmark, Nokia, Dell entre outras que resolveram se juntar a certificadoras internacionais (ASGS, BVQI, GLC) para formalizar a criação da entidade no Brasil.

Segundo Alcides Ladislau Acosta, presidente da TAPA e executivo da Motorola nacional, os ataques a caminhões nas estradas, onde motos e carros se emparelham com os caminhões, fazem o bloqueio e dominam até mesmo as escoltas, é coisa do Brasil. “Acredito que nos EUA os sistemas policial e judiciário são mais ostensivos, eficientes e as penas são muito mais pesadas”, diz. Para ele, a ousadia aqui está relacionada com a impunidade e às falhas do sistema.

Com a atuação corporativa e a padronização de procedimentos, devidamente certificados e com a atualização contínua de informações, a TAPA tem conseguido tranqüilizar o sono de seus associados. E a troca de informação e o sigilo são os itens mais importantes do processo.

Antes do surgimento da entidade no Brasil, as empresas traçavam suas estratégias e faziam suas auditorias individualmente, mas nem sempre conseguiam os resultados desejados. Após a adesão à TAPA, em algumas empresas não houve registro de nenhum roubo sequer em três anos. As empresas integrantes, de um modo geral,  garantem que o trabalho de gerenciamento de riscos antes realizado ganhou mais eficácia e abrangência.

Os esforços de proteção dos componentes valiosos no interior das fábricas, armazéns, CD’s e outras instalações, bem como o transporte até os pontos de distribuição e vendas, agora estão se tornando cada vez mais sofisticados. E a missão da TAPA é permitir que a estratégia e a inteligência dos associados sejam compartilhadas, além dos dados e as medidas de prevenção adotadas mais recentemente no mundo estejam disponíveis para todos.

No último ano, ocorreram 11.350 roubos de cargas – dos quais quatro mil em rodovias –, somando prejuízos diretos da ordem de R$710 milhões para as empresas (dados do Setcesp - Sindicato de Transportes do Estado de São Paulo). Segundo a entidade, a incidência do roubo de cargas começou ainda nos anos 80, se intensificou na década de 90, atingindo a operação de distribuição de cargas, com ataques sistemáticos a armazéns e terminais, com foco em produtos farmacêuticos. Daí em diante o alvo migrou para cigarros, autopeças, fármacos, eletroeletrônicos, cavalos mecânicos, celulares etc e, atualmente, registra-se um crescimento de roubo de pneus novos. Em 2002 e 2003, este crime atingiu o auge, chegando à casa das 11.950 mil ocorrências no país, com prejuízos diretos contabilizados de R$600 milhões. Agora as incidências estacionaram no pico. 

Mudanças

  Com a instauração da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito), no Congresso Nacional, em 2000, o roubo de carga passou a merecer atenção das autoridades e governantes brasileiros. A federalização do roubo de carga pela Lei nº. 10.446, de 08/02/2002, possibilitou a criação de 21 delegacias especiais para tratar desta modalidade criminosa no país. Mas ainda insuficientes.

O que a CNT – Confederação Nacional dos Transportes, a Polícia Federal e o mercado desejam é a regulamentação efetiva da lei complementar nº. 121, de 09/02/2006, que cria o Sistema Nacional de Prevenção, Fiscalização e Repressão ao Furto e Roubo de Veículos e Cargas. O objetivo desta normativa legal é planejar e implantar uma política nacional que permita a adoção de mecanismos de cooperação entre a União, os Estados e o Distrito Federal, para o desenvolvimento de ações conjuntas de combate a este crime.  Só assim o país deixará de arcar com os prejuízos.

www.tapabrasil.org.br

 

 

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