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Empresários podem estar envolvidos em esquema de roubo de cargas no Rio de Janeiro, aponta investigação

Polícia investiga atuação de empresários no desvio de matérias-primas para abastecer indústrias
Por Redação em 12 de dezembro de 2024 às 7h28
Empresários podem estar envolvidos em esquema de roubo de cargas no Rio de Janeiro, aponta investigação
Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil
Foto: Marcello Camargo/Agência Brasil

A Polícia Civil do Rio de Janeiro está investigando uma nova modalidade de roubo de cargas no estado, que teria empresários como possíveis receptadores. De acordo com informações apuradas pela Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC), o crime, historicamente associado a facções criminosas, pode ter adquirido um novo perfil. Quadrilhas têm selecionado caminhões com cargas de matérias-primas como polietileno e ferro silício, produtos restritos e utilizados por indústrias, em vez de itens de consumo final.

A suspeita é de que empresários estejam encomendando as cargas e pagando antecipadamente pelo roubo. Essa mudança chamou a atenção dos investigadores, especialmente porque os produtos desviados não são típicos do comércio informal e demandam compradores específicos com capacidade técnica para manuseá-los.

Operações e apreensões recentes
Na tentativa de combater esses crimes, as polícias Civil e Militar realizaram operações em áreas consideradas centrais para o tráfico e distribuição de cargas roubadas, como o Complexo da Maré, na Zona Norte. Durante a operação, dois suspeitos foram mortos em confronto, e uma mulher foi atingida e não resistiu. Cargas de derivados plásticos foram recuperadas na ação.

O secretário de Segurança Pública, Victor Cesar dos Santos, informou que outras áreas, como os complexos do Alemão, Penha, e as favelas do Chapadão e de Manguinhos, também são alvos de monitoramento. Ele destacou a necessidade de avançar nas investigações para identificar e punir os receptadores, defendendo medidas como a suspensão de alvarás e o bloqueio de bens de empresários envolvidos.

Impactos financeiros e mudanças no perfil das cargas
Dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan) mostram que o prejuízo com roubos de cargas até agosto ultrapassou R$ 164 milhões. Alimentos e eletrônicos continuam a ser os itens mais roubados, mas o aumento de casos envolvendo matérias-primas industriais preocupa autoridades. Levantamento do Instituto de Segurança Pública (ISP) indica que, apesar de uma queda de 9% nos roubos de cargas nos primeiros dez meses do ano, o período entre agosto e outubro apresentou um aumento de 96% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior.

As transportadoras têm aumentado os investimentos em segurança, com tecnologias como rastreamento, bloqueadores e blindagens, o que representa cerca de 15% do faturamento das empresas. Esses custos acabam sendo repassados ao consumidor por meio de taxas específicas, como a de emergência excepcional, que adiciona 1% ao valor das notas fiscais para cargas com origem ou destino no Rio.

Estrutura organizada
Segundo a DRFC, os roubos de carga no estado são executados por quadrilhas especializadas que fazem parte de facções criminosas. Essas organizações possuem gerentes dedicados ao planejamento e execução de roubos, que incluem o sequestro temporário de motoristas para o transbordo das mercadorias em comunidades controladas. Estima-se que mais de 80% dos casos sigam esse modelo de operação.

As principais áreas de incidência dos roubos incluem regiões cortadas por rodovias estratégicas, como a Washington Luís, Presidente Dutra, Avenida Brasil e o Arco Metropolitano. As delegacias dessas áreas concentram o maior número de ocorrências.

As autoridades reforçam a necessidade de intensificar as investigações para desmantelar as estruturas que sustentam a logística do crime, desde os roubos até a comercialização final das cargas.

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