A empresa Vast Infraestrutura e a Be8, produtora de biodiesel, assinaram um Memorando de Entendimento (MoU) com o objetivo de desenvolver o mercado de biocombustíveis voltado ao setor marítimo no Porto do Açu, localizado no norte do estado do Rio de Janeiro. O acordo, anunciado em 26 de março, propõe a realização de estudos para viabilizar o fornecimento de biodiesel como combustível alternativo para embarcações, bem como a ampliação da infraestrutura logística necessária para sua distribuição e armazenamento.
A iniciativa prevê que a Vast conecte a Be8 às distribuidoras de combustíveis e aos clientes do Porto do Açu, com foco em fomentar o uso de biocombustíveis como parte das estratégias de descarbonização do transporte marítimo. A estrutura a ser utilizada será o Terminal de Líquidos do Açu (TLA), operado pela Vast, que poderá receber, armazenar e expedir tanto matérias-primas quanto produtos finais.
Segundo o presidente da Be8, Erasmo Carlos Battistella, o acordo permitirá o uso de biodiesel em embarcações, tanto como aditivo ao bunker quanto por meio do produto Be8 BeVant®, desenvolvido para substituir integralmente o diesel fóssil em grandes operações. De acordo com Battistella, o Be8 BeVant® tem aplicação imediata e não exige alterações nos motores, sendo voltado a empresas que desejam reduzir suas emissões em curto prazo.
A mistura de biodiesel com combustíveis marítimos tradicionais, como o óleo diesel marítimo (MGO) e o óleo combustível de baixo teor de enxofre (VLSFO), é considerada uma das principais alternativas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa do transporte marítimo. Em 2024, a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou a comercialização de bunker com até 24% de biodiesel.
O diretor comercial da Vast Infraestrutura, Eduardo Goulart, afirmou que o Porto do Açu tem papel estratégico no processo de descarbonização do setor, com foco tanto na oferta de combustíveis de baixo carbono quanto na eletrificação de embarcações atracadas. Segundo ele, desde 2024, rebocadores que operam no Terminal de Petróleo (T-Oil) já utilizam alternativas elétricas em suas operações no porto.
Além do uso do Terminal de Líquidos do Açu como centro logístico, o memorando prevê a realização de estudos para avaliar a viabilidade de o Porto do Açu funcionar como ponto de importação de insumos utilizados na produção de biodiesel, como o metanol. Também está prevista a análise do potencial do porto como novo ponto de exportação e cabotagem para o produto final, o que pode contribuir para reduzir gargalos logísticos no país.
O Porto do Açu é atualmente o segundo maior em movimentação de embarcações no Brasil. Em 2024, mais de 7.300 navios acessaram o complexo portuário. O local ainda dispõe de áreas industriais que poderão ser utilizadas futuramente para a instalação de plantas de armazenagem voltadas à produção de biocombustíveis pela Be8.