As turbulências no comércio marítimo e os problemas nos portos brasileiros levaram o frete de contêineres a se aproximar dos níveis observados durante a pandemia. A alta dos preços, pressionada pela temporada de pico, deve persistir até o final do ano, segundo especialistas.
A principal rota de importação, da Ásia para o Brasil, que chegou a US$ 10 mil por contêiner em 2021, está atualmente em torno de US$ 7.250 no mercado de curto prazo, segundo a consultoria Solve Shipping. Em julho, o valor atingiu US$ 9.350, mas recuou com o reforço de navios na rota.
Os ataques a navios no Mar Vermelho, causados pelo grupo houthi, têm impedido que grandes embarcações utilizem o Canal de Suez, forçando-as a desviar pela África. Isso elevou o custo e o tempo das rotas entre a Ásia, Europa e Estados Unidos, impactando também o Brasil.
Além do cenário global, os terminais brasileiros enfrentam gargalos, com alta demanda e filas. Problemas como a interdição temporária no porto de Santos e a falta de operador em Itajaí agravaram a situação. As rotas de importação da Ásia e exportação para os Estados Unidos são as mais afetadas, de acordo com Leandro Barreto, sócio da Solve Shipping.
A exportação brasileira para o Oriente Médio também sofreu impacto, com o tempo de trânsito dobrando para mais de 60 dias, destaca Andrew Lorimer, da consultoria Datamar. Além disso, a demanda de importação no Brasil aumentou, principalmente nos setores automobilístico, de polímeros plásticos e placas solares.
Com a temporada de pico no terceiro trimestre, Rafael Dantas, da Asia Shipping, alerta para possíveis atrasos nas entregas de mercadorias para o Natal, devido ao aumento do tempo de trânsito e congestionamento nos portos.