A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) apresentou, no dia 31 de julho, as conclusões dos estudos iniciais para a implantação do chamado calado dinâmico no Porto de Santos, que estima a possibilidade de um ganho médio de até 30 centímetros sobre o atual calado máximo de 13,5 metros na baixa-mar e de 14,5 metros na preamar, recém-promulgado para o canal do porto santista.
Os estudos foram apresentados pelo representante no Brasil da empresa australiana OMC International, Sérgio Luiz Jordão, da DefenSea Consultoria. O trabalho trata, de forma preliminar, da implantação do sistema de calado Dynamic Under Keel Clearance (Dukc), que irá assegurar que todas as embarcações, mesmo sob condições meteorológicas e oceanográficas muito severas e adversas, irão sempre manter uma distância segura entre a quilha e o fundo do canal.
Com a utilização do Dukc, a folga sob a quilha é calculada considerando uma série de variáveis, como tipo do navio, velocidade, condições meteorológicas, salinidade, afundamento pela velocidade e o próprio trajeto da embarcação no canal, que provoca seu adernamento. Todas essas informações somadas aos dados de batimetria e características do canal são processados em tempo real, gerando um modelo que permite apresentar qual o calado máximo praticado em cada situação, considerando de fato o deslocamento vertical do navio em movimento, o que promove o aumento da eficiência sem comprometer a segurança da navegação.
“A empresa já implantou 26 sistemas Dukc desde 1993, com mais de 160 mil travessias de navios sem o registro de um único incidente ou encalhe”, destacou Jordão. Portos relevantes no comércio marítimo mundial, como Lisboa, Montreal, Port Hedland, Fremantle, Newcastle e Melbourne, dentre outros, já utilizam a ferramenta. O diretor-presidente da Codesp, José Alex Oliva, classificou o projeto como uma forma técnica e científica de se ampliar o calado máximo garantindo maior segurança, mais agilidade no uso do canal de navegação e ganhos significativos para todos.
O uso dessa tecnologia, além de ampliar a segurança da navegação, traz benefícios econômicos, pois permite otimizar a capacidade de carregamento nos navios, reduz a sobrestada das embarcações no porto, promove uma dragagem inteligente, reduzindo seu volume, e maximiza a operação no canal a partir do incremento das janelas de entradas e saídas.
Para viabilizar a implantação do sistema, a Codesp está adquirindo sensores meteorológicos e oceanográficos com recursos próprios dentro do orçamento para a instalação do Vessel Traffic Management and Information System (VTMIS). Além desses sensores, será necessária, numa fase inicial de validação de dados, a instalação de equipamentos a bordo de navios durante as manobras realizadas no canal. Até que o Dukc seja utilizado em definitivo, serão feitos testes que envolverão a validação e a aprovação pela Marinha do Brasil.