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Empresas fazem testes para o uso de energia eólica em navios

Know-how de companhias como Maersk, Norsepower, Shell e Energy Technologies Institute serão aplicados no projeto
Por Redação em 20 de março de 2017 às 10h09

A Maersk Tankers, divisão da Maersk que atua no transporte de combustíveis, o Energy Technologies Institute (ETI), instituto de pesquisa público-privado financiado pelo governo britânico e empresas de energia e engenharia, e a Shell Shipping & Maritime, área de transporte e negócios marítimos da Shell, vão realizar testes com navios movidos a energia eólica. Eles serão feitos nos próximos dois anos pela Norsepower, empresa finlandesa que constrói velas de rotor para o petroleiro Maersk.

Maersk capa

Para o projeto, a Maersk Tankers fornecerá um navio-tanque Long Range 2, de quase 110 mil toneladas de peso-morto, que será adaptado com duas velas de rotor Norsepower de 30 metros de altura por 5 metros de diâmetro.  Os cilindros altos e giratórios já foram usados em embarcações menores no passado, mas essa é a primeira vez que eles são colocados em um navio tão grande quanto um petroleiro de 245 metros. As velas do rotor serão instaladas durante o primeiro semestre de 2018 e os testes em alto mar devem acontecer em 2019.

De acordo com Tommy Thomassen, diretor técnico da Maersk Tankers, se os dispositivos economizarem tanto combustível quanto o esperado – até 10% em média – em uma rota global típica, a companhia tem a pretensão de usá-los em seus navios maiores. O interesse se justifica pelas novas regras de controle da poluição marítima, que devem entrar em vigor em 2020. Elas exigem o uso de combustíveis com um teor de enxofre muito menor, que deve ser mais caro do que os óleos combustíveis atuais. “Esse é um dos fatores de mercado que tornam esse tipo de tecnologia de propulsão eólica muito mais interessante”, explica Tuomas Riski, CEO da Norsepower. A empresa tem estudado várias ideias para cortar o uso de combustível marítimo ao longo dos anos, desde velas movidas a energia solar até pipas para rebocar embarcações.

Os cilindros de 30 metros são uma versão modernizada do rotor desenvolvido há quase um século pelo engenheiro alemão Anton Flettner. Eles aproveitam o vento usando o efeito Magnus, fenômeno pelo qual a rotação de um objeto altera sua trajetória em um fluido (líquido ou gás). Esse efeito pode ser observado quando um jogador de futebol chuta uma bola com efeito em direção ao gol e esta faz uma curva no ar. Um motor ajusta os cilindros girando e, quando o vento sopra, o fluxo de ar acelera em um lado da vela e retarda para baixo, no lado oposto, para criar uma diferença de pressão que gera o movimento, propelindo o navio pela água.  Quando as condições de vento são favoráveis, os motores principais não são necessários, o que permite uma economia de combustível e redução nas emissões de gases poluentes sem afetar a programação.

O ETI responde pela maior parte dos 3,5 milhões de libras que estão sendo investidos no projeto.  “As velas de rotor são uma das poucas tecnologias que permitirão melhorias percentuais de dois dígitos na economia de combustíveis marítimos”, explica Andrew Scott, gerente de Programa de Energia Renovável Marinha e Offshore do instituto.

Cortar o uso de combustíveis fósseis pode parecer um contrassenso para uma companhia petrolífera como a Shell. No entanto, sua área de transporte e negócios marítimos, que está coordenando o projeto, tem dez petroleiros e cerca de 40 transportadores de gás natural liquefeito.  Por isso, a Shell atuará como coordenadora do projeto e prestará consultoria operacional e portuária, enquanto a Maersk Tankers fornecerá insights técnicos e operacionais.

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