O Contorno Ferroviário da Região Metropolitana de São Paulo, mais conhecido como Ferroanel, entrou em uma nova fase de processo de implantação. O Governo do Estado de São Paulo e a Empresa de Planejamento e Logística (EPL) entregaram, no dia 23 de junho, no Palácio dos Bandeirantes, o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto Ambiental do trecho norte do empreendimento ao Conselho Estadual do Meio Ambiente. O ato marcou a abertura da etapa pública do licenciamento ambiental do Ferroanel Norte.
Os documentos servirão como base para as análises de viabilidade ambiental do empreendimento e sua discussão com a população. Os estudos foram preparados pela Dersa com recursos federais repassados pela EPL e estão disponíveis para consulta on-line. O conteúdo será discutido em audiências públicas que acontecerão nos meses de julho e agosto nos municípios de São Paulo, Guarulhos, Arujá e Itaquaquecetuba, localidades que serão cortadas pelo traçado dos futuros trilhos.
O Ferroanel Norte será um ramal ferroviário de 53 km de extensão que interligará as estações de Perus, em São Paulo, e de Manoel Feio, em Itaquaquecetuba, em uma área contígua ao traçado do Rodoanel. Sua implantação possibilitará que os trens de carga que hoje compartilham trilhos com as composições da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) sejam desviados, eliminando o conflito entre cargas e passageiros nos trilhos que cortam o interior da metrópole.
O novo ramal permitirá a movimentação de cargas do interior do estado para o Porto de Santos, bem como a passagem de comboios entre o interior e o Vale do Paraíba. A transposição da Região Metropolitana de São Paulo em uma via dedicada terá a função de transferir cargas, hoje rodoviárias, para o modo ferroviário. As projeções indicam a retirada, em médio prazo, de 2,8 mil caminhões por dia das estradas, com a de superar 7,3 mil caminhões por dia ao longo do tempo.
A migração do asfalto para a ferrovia aliviará a matriz de transporte paulista, hoje sufocada pela predominância absoluta dos caminhões na prestação desse tipo de serviço, atualmente superior a 80%. Além disso, os estudos realizados indicam que cerca de 40% das viagens destinadas ao transporte de cargas são feitas com os caminhões vazios, pois nem sempre as empresas conseguem prestar o serviço na ida e na volta. Essa pesada movimentação rodoviária converge, em grande parte, para a Região Metropolitana de São Paulo e para o Porto de Santos. O resultado é a saturação do trânsito, especialmente nas proximidades dos grandes centros urbanos, onde os congestionamentos se tornam cada vez mais frequentes.