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Locomotivas da Vale na Estrada de Ferro Carajás ganham ferramenta de piloto automático

Desenvolvida com a GE, solução auxilia maquinista na condução do trem e trará economia de R$ 35 mi/ano, quando estiver totalmente implantado em 2019
Por Redação em 19 de junho de 2017 às 15h33

A Vale e a GE Transportation, divisão da General Electric destinada a produzir locomotivas, desenvolveram recentemente um sistema que permite conduzir automaticamente os trens da empresa por meio de um computador de bordo. O sistema, tecnicamente conhecido como Trip Optimizer, é mais um recurso à disposição do maquinista, como ocorre com o piloto automático de um avião.

Durante três anos, foram realizados testes em quatro locomotivas na Estrada de Ferro Carajás (EFC), que liga as minas da Vale no Sudeste do Pará ao Terminal Marítimo de Ponta da Madeira, no Maranhão. Os testes permitiram reduzir o consumo de combustível em até 2,45%. Quando o sistema estiver totalmente implantado, a partir de 2019, a economia será de R$ 35 milhões por ano na compra de diesel para aquela ferrovia. Serão 9,4 milhões de litros de diesel B8 que deixarão de ser consumidos. Isso significa uma redução de 22,7 mil toneladas de CO2 equivalente por ano. Esta quantidade é igual à emissão de cerca de 31 mil carros populares, motor Flex 1.0, rodando 10 mil quilômetros por ano ou quase 30 quilômetros por dia.

O Trip Optimizer calcula, em tempo real, o melhor momento de acelerar e frear com eficiência a partir de um percurso pré-definido com base em um programa especialmente elaborado para este tipo de operação, considerando fatores como comprimento do trem, peso, qualidade e condições da via, assim como a quantidade, potência e desempenho das locomotivas. Durante a viagem, os computadores do Trip Optimizer, interligados aos demais sistemas de bordo e de GPS, planejam constantemente a melhor forma de conduzir cada trem, avaliando mudanças que possam ocorrer durante o trajeto, de modo que o trem possa chegar a tempo, com segurança e com uso mínimo de combustível.

“O Trip Optimizer permite a Vale aumentar a sua produtividade logística e, evidentemente, cada ganho como este nos ajuda a reduzir a desvantagem natural que temos em relação aos nossos concorrentes australianos, que estão muito mais perto de nossos clientes do que nós. Outro aspecto importante é o ganho ambiental, pois reduzimos também as emissões de gás carbônico ao gastar menos combustível”, afirma Humberto Freitas, diretor-executivo de Logística e Pesquisa Ambiental.

Já o presidente e CEO da GE Transportation para a América Latina, Marcos Costa, destaca a solução customizada usada para desenvolver o sistema, já que, na EFC, circulam os maiores trens do mundo, com 3,4 quilômetros de extensão, formados por 334 vagões e três locomotivas – a principal, que puxa a composição, e duas auxiliares, colocadas a cada lote de 110 vagões. Neste caso, o Trip Optimizer é instalado na locomotiva principal.

“Para atender às necessidades da Vale, a solução foi customizada pelos pesquisadores do Centro de Pesquisa da GE no Brasil, localizado no Rio de Janeiro, em conjunto com o time de Engenharia da GE dos Estados Unidos e da Engenharia Ferroviária da Vale. As características específicas do relevo brasileiro e de nossas ferrovias foram consideradas no desenvolvimento desta solução”, explica Marcos Costa, presidente e CEO da GE Transportation para a América Latina.

A customização da tecnologia também permitiu chegar a uma ferramenta mais completa de padronização da operação, trazendo uma série de outros benefícios que garantem mais eficiência durante o trajeto. Exemplo disso é a identificação dos limites de velocidade da ferrovia que o software realiza e tira o máximo proveito durante a condução do trem, operando muito próximo da marcação permitida, mas sem ultrapassá-la, o que nem sempre acontece com a operação manual. Dessa forma, também é possível reduzir os riscos de quebra dos engates entre os vagões, o que pode ocorrer em momentos de aceleração e desaceleração muito rápida.

Na EFC, o equipamento será instalado em 114 locomotivas, iniciando no segundo semestre. Testes pilotos na Estrada de Ferro Vitória a Minas, que liga as minas da Vale ao Porto de Tubarão, e no Corredor Nacala, em Moçambique, onde a empresa tem operações de carvão, serão iniciados brevemente. Segundo o gerente de Engenharia Ferroviária da Vale, Leonardo Vieira Machado Alexandre, a intenção é permitir que o trem circule o máximo possível no piloto automático para atingir a meta de redução do consumo de diesel. “A atuação do maquinista somente é necessária em determinadas situações como, por exemplo, a aplicação de freio quando ele vir algo cruzando a linha férrea”, explica.

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