Em sua mais recente visita ao Brasil no último mês de maio para se reunir com parceiros e clientes, além dos executivos da própria empresa, o americano Donald Hicks, CEO mundial da LLamasoft – especializada no desenvolvimento de softwares voltados à modelagem de supply chain – tinha boas razões para comemorar.
Em primeiro lugar, a empresa atingiu a liderança no mercado de softwares para supply chain design, depois de obter pelo 15º ano consecutivo crescimento de dois dígitos. “Somos agora a maior companhia mundial voltada exclusivamente para o supply chain design”, informou o executivo, contando que a empresa tem entre os usuários da ferramenta Supply Chain Guru um terço das empresas líderes no ranking da revista Fortune e dois terços das 25 companhias top supply chain do Gartner Group. “E atingimos a marca de mil usuários finais do Guru”, acrescentou.
Com relação às novidades da empresa, o CEO anunciou no Brasil, quase que em primeira mão, o início – no fim deste ano – da oferta de softwares em nuvem. “Estamos lançando, provavelmente em outubro, a oferta da versão baseada em web do nosso software. Isto não significa que estamos abandonando o desktop. Muito pelo contrário. Vamos oferecer o melhor dos dois mundos, a rapidez e a produtividade do desktop com a acessibilidade e a possibilidade de integração da internet”, afirmou.
Ele explica que a modelagem é uma tarefa na qual, muitas vezes, o usuário está rodando seus modelos e precisa compartilhá-los com pessoas em outras partes da empresa e do mundo, e para isso foi criada a versão em nuvem. “Ela permite o compartilhamento e a colaboração, e depois o usuário pode retornar o modelo para o desktop e continuar seu trabalho. Achamos que esta união das duas opções é o futuro dos aplicativos baseados na web”, complementa, explicando que a empresa utiliza a estrutura de servidores da Amazon.com para armazenamento em nuvem.
Além do compartilhamento e colaboração, a nuvem vai permitir também à LLamasoft atingir o “down market”, as pequenas e médias empresas que, de outra forma, não poderiam usar suas ferramentas. “Sabemos que o Supply Chain Guru não é uma plataforma barata, e muitas empresas não têm condições de utilizá-la. Com a nuvem, elas terão a possibilidade de usar o software como um aluguel, por um período de tempo. Isto é realmente novo, acho que nunca foi usado para softwares de supply chain design”.
O CEO ressaltou que a empresa não só não abandonou o desktop como está fazendo constantes melhorias na solução, e este ano ainda estará lançando upgrades para tornar a ferramenta ainda mais fácil de usar, com maior capacidade gráfica e de visualização.
Outro motivo para Hicks estar entusiasmado é o recente lançamento do Data Guru, uma ferramenta de extração de dados que permite ao usuário retirar dados de diferentes bases e ferramentas, como o SAP, por exemplo, e migrá-los para o Supply Chain Guru.
“Quando observamos o cenário atual, vemos que mais e mais os analistas de supply chain precisam manipular uma base cada vez maior de dados. Não estamos falando aqui de Big Data, mas de uma base muito maior do que havia antes. E este conjunto de dados não cabe mais em ferramentas como Excel e o Access. Este tempo já passou. Com isto, vimos que nos últimos anos nossos clientes acabaram tendo de usar o SQL Server, aprender sua linguagem e seu scripting e como processar os dados. Achamos que isto não era produtivo, porque faz com que a pessoa tenha de ser um especialista em TI.”
Desta constatação surgiu o Data Guru, que permite uma análise e manipulação de dados bem maior e que extrai os dados de diferentes sistemas de uma forma muito fácil e visual e permite ao usuário migrá-los, manipulá-los, transformá-los e utilizá-los do jeito que precisarem. “O Data Guru é um grande avanço e mostra o nosso compromisso com o cliente”, afirma Hicks.
De jogadores a tomadores de risco
O software Supply Chain Guru permite rodar centenas de milhares de cenários, o que, de acordo com Hicks, é cada vez mais necessário num mundo de negócios em constante mudança como o atual. “O supply chain design é uma visão do futuro. Não do onde estamos, mas do que podemos fazer no futuro, podendo ser no próximo mês, no próximo semestre ou daqui a dez anos. Este desenho de rede que tenho hoje pode não me servir amanhã, porque a demografia muda, a economia muda, há mudanças climáticas e tecnológicas que modificam os negócios. E as pessoas estão sentindo o impacto disso no seu dia a dia. Com o Guru, eu transformo os executivos de jogadores em tomadores de risco calculado. Se eu não sei o que vai acontecer, eu simplesmente aposto. Mas se posso identificar os riscos e fazer uma opção, eu sou um tomador de risco calculado. Isso muda tudo e é o que fazemos com o Guru”, explica.
Segundo ele, a LLamasoft não tem uma política estrita de lançamentos de novas versões, mas procura lançar as novidades quando estão prontas, o que – no mercado de software – nem sempre é simples. “Se demoramos muito para lançar, o usuário fica impaciente porque tem de esperar muito. Se lançamos cedo demais, podemos nos arrepender. Costumo dizer que um bom release é como uma boa sobremesa. Tem de ser no tempo certo, ter um balanceamento”.
Ele afirma que, conforme a LLamasoft foi crescendo de tamanho e importância, ficou bem mais cuidadosa com esta questão. “Temos de tomar muito cuidado, porque trabalhamos com grandes clientes, como Amazon, Walmart e Ford, que não querem simplesmente uma versão mais rápida, e sim uma que seja confiável. Acho que, quando você é uma pequena software house, pode correr riscos. Não é mais o nosso caso”. A empresa possui hoje em sua carteira mais de cem clientes espalhados por Américas, Ásia e Europa.
Com relação ao mercado brasileiro, onde a LLamasoft está operando há pouco mais de um ano e abriu recentemente um escritório regional, o executivo também se mostra otimista, apesar das dificuldades. “A economia está aqui, o mercado está aqui e nossos grandes clientes mundiais também operam no país. Em termos de América Latina, o Brasil é meu maior mercado em minha região mais estratégica. Eu não considero este um mercado emergente, mas uma economia plena. O ‘big money’ está aqui. Já temos 18 clientes no país e não estamos testando o ambiente. Viemos para ficar. Vocês têm desafios únicos, mas estamos aprendendo a enfrentá-los”, admite.
Ele lista como os principais desafios a burocracia e as taxas excessivas, o que dificulta, por exemplo, a contratação de pessoal e a importação de softwares. “Eu não posso simplesmente contratar pessoas e começar a trabalhar. Há uma série de dificuldades. Eu já gostaria de estar operando aqui com uma grande equipe, mas não consegui. Ainda somos muito dependentes dos parceiros, que são bons parceiros, mas queremos ter funcionários da LLamasoft trabalhando. Nós servimos pessoas e isso não pode ser feito de longe, da mesa do seu escritório; tem de ser feito cara a cara. Para ter sucesso no Brasil, preciso que nossos clientes brasileiros possam ter acesso aos recursos da Llamasoft. É difícil, mas vamos conseguir”, afirma.
O CEO finaliza dizendo que existem três maneiras de se fazer as coisas: a fácil, a difícil e a errada. “A errada não é uma opção para nós, então se não for pela maneira mais fácil, será pela difícil. Mas faremos. Temos um compromisso com nossos clientes brasileiros e, se você tem isso, o resto vem atrás”.