A Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) anunciou a adição, no mês de março, de duas inovações no Sistema de Realidade Virtual para a Simulação de Trem desenvolvido pela entidade com o apoio da Vale. Trata-se de um módulo multiusuário e do modo de veículo completo.
Agora, é possível interligar todas as cabines de treinamento de maquinistas. Desta forma, cada trem visualiza o outro e pode interagir em tráfego, sinalização e manobras de pátio, por exemplo. Atualmente, existem cabines localizadas em Vitória, Divinópolis (MG) e Moçambique, na África, além de uma cabine móvel que circula pelo Brasil realizando treinamentos nas diversas áreas de operação da Vale.
O sistema multiusuário permite ainda a simulação de um Centro de Controle de Operações (CCO), onde o instrutor tem uma visão geral da malha. Ele pode funcionar com acesso remoto por meio da internet, permitindo ao instrutor preparar cenários e acompanhar o treinamento em qualquer local.
Já o modo de veículo completo funciona por meio da interligação de diversos computadores que permitem que o maquinista administre, em tempo real, o comportamento dinâmico e as forças que agem em todos os vagões e na locomotiva. A funcionalidade assegura com precisão a obtenção de informações sobre possíveis riscos de descarrilamento.
Inteiramente brasileiras, as novas tecnologias reforçam a segurança operacional dos veículos, aumentam a produtividade do sistema e propiciarem economia de combustível. O projeto do Sistema de Realidade Virtual para a Simulação de Trem teve início em 2009 e já recebeu investimentos de R$ 5 milhões.
A ferramenta foi desenvolvida por três equipes da Poli lideradas pelo professor do Departamento de Engenharia Mecânica e coordenador do Laboratório de Dinâmica e Simulação Veicular (LDSV) Roberto Spínola Barbosa. “A atual arquitetura do simulador permite que ele seja replicado para operações nos portos ou nas minas, além de outros sistemas de transporte, como as redes de metrô”, destaca.
Participam também do projeto o Laboratório de Automação e Controle (LAC) do Departamento de Engenharia Elétrica, que atuou na concepção do sistema de simulação com processamento distribuído em diversos computadores interconectados em rede, e o Tanque de Provas Numéricos (TPN), do Departamento de Engenharia Naval, que desenvolveu o processamento de imagens e realidade virtual, contribuindo com a estrutura de visualização georeferenciada e com imagens de satélite.
O diretor de Engenharia e Desenvolvimento Logístico da Vale, Roberto Di Biase, destaca que as inovações no projeto permitem aos maquinistas conduzir os trens em um ambiente controlado e seguro antes operar em máquinas reais. “O uso da ferramenta nos permite treinar os maquinistas em situações críticas ou de emergência, só possíveis em um ambiente virtual”, completa.
O executivo ressalta que o simulador já capacitou, desde 2012, mais de 350 profissionais da empresa, entre engenheiros, analistas e maquinistas. A ferramenta reproduz o comportamento do trem por todo o trajeto de uma ferrovia, incluindo a visualização do ambiente com sons e variações como sol, chuva, neblina e noite. Estão presentes todos os sistemas que formam o trem, além de dados como o tempo de percurso, consumo de combustível e índice de segurança contra descarrilamento.