Novo modelo é fornecido com truque de dois ou três eixos
A Santa Fé Vagões, joint-venture formada pela ALL – América Latina Logística – e a Millinium Investimentos, está colocando no mercado o vagão multiuso tipo “F”, que eleva em 20% a capacidade de carregamento em comparação com o vagão graneleiro fabricado pela empresa, e tem a flexibilidade de transportar todo tipo de produto, do granel ao industrializado – ele pode ser utilizado, por exemplo, para o transporte de soja e outros grãos até o porto, retornando carregado com fertilizantes e insumos agrícolas. O desenvolvimento do equipamento foi realizado unicamente pelo departamento da Engenharia da empresa.
O protótipo, que foi apresentado em São Paulo na Feira Negócios nos Trilhos, tem capacidade de carga útil de 87 toneladas em bitola métrica (1 m de largura entre os dois trilhos, próprias da região Sul) e 117 m3. Ele pode ser equipado com truques de três eixos, o que permite o total aproveitamento de sua capacidade e o uso em linhas nas quais existe limitação de carga por eixo, mas também está disponível em outras configurações. “Este vagão pode ser utilizado em outras malhas nas quais não haja problema de peso, como as de bitola larga, e então ser fornecido com o truque normal de dois eixos”, explica Antonio Giudice, diretor Industrial da Santa Fé Vagões.
O novo vagão é do tipo fechado, equipado com oito escotilhas superiores para carregamento de grãos. Ele apresenta, no entanto, a característica especial de não possuir bocas de descarga inferiores, ou seja, a descarga dos grãos é realizada por meio do basculamento de seu piso, composto por 11 seções que se abrem individualmente em cada lateral. Estas, quando fechadas, formam um piso liso em toda a extensão do vagão, permitindo o transporte de produtos em sacos ou outras embalagens – neste caso, o carregamento é feito por duas portas laterais do tipo plug, uma em cada lado, cada uma com 2,2 m de largura e 2,1 m de altura e niveladas com o piso, permitindo a operação com empilhadeiras.
“Este vagão contribuirá para agilizar as exportações de commodities agrícolas, que são responsáveis por grande parte de nosso superávit de exportação”, afirma Giudice. “O cliente final será beneficiado com economia de ativos, pela multiplicidade de uso do vagão, e os operadores logísticos poderão ampliar as suas receitas, pois utilizarão um equipamento que oferece maior capacidade de carregamento e acaba com o ‘frete morto’ de retorno”, conclui.
Ampliação do mercado
Desde que iniciou as suas operações, em dezembro do ano passado, a Santa Fé Vagões dedicou-se a fabricar o modelo que tradicionalmente atende a região Sul, os vagões graneleiros tipo hopper, com capacidade de 70 toneladas de carga útil e uma base com bocas de descargas em forma de funil. A empresa produziu, até outubro, 500 destes vagões, todos comercializados para a ALL.
No entanto, não é intenção da Santa Fé produzir unicamente para a ALL, que é sócia da empresa e detém 40% das ações na parceria. “Eles são naturalmente o nosso primeiro cliente, mas estamos conversando com outras empresas”, explica Giudice. “Com a compra da Brasil Ferrovias, a tendência da ALL é de não comprar novos vagões, já que há muitos deles serão reformados. A idéia da Santa Fé é ser independente e não uma fornecedora cativa da ALL”.
A atual capacidade de produção da empresa é de cinco vagões por dia e 1.200 por ano. Foram investidos cinco milhões de reais para instalar a fábrica na cidade de Santa Maria (RS), cujas operações tiveram início em dezembro de 2005. Até o final do ano, será instalada uma segunda unidade em Campinas (SP), em uma área de 30 mil m², na qual serão fabricados vagões com bitola métrica e larga.