A Secretaria de Portos (SEP) da Presidência da República apresentou, no dia 27 de setembro, na sede da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), em Curitiba, o plano do governo federal para arrendamentos no Porto de Paranaguá, que totaliza investimentos de R$ 2,6 bilhões.
Serão licitados dez novos terminais no local, abrangendo as áreas de grãos, fertilizantes, granéis líquidos, celulose, carga geral, contêineres e veículos. De acordo com o secretário de Planejamento e Desenvolvimento Portuário da SEP, Rogério Menescal, o projeto ainda não está em sua versão final, pois deve ser submetido à consulta pública. “Queremos ouvir a comunidade, receber contribuições para eventuais mudanças”, disse durante a apresentação, que reuniu cerca de 200 representantes dos segmentos portuário, agrícola e industrial.
De acordo com a proposta, 17 áreas de expansão – das 20 apresentadas no Plano de Zoneamento do Porto Organizado (PDZPO), projeto concluído em maio de 2012 – serão transformadas nos dez novos terminais, que conterão ainda seis novos berços. O objetivo, de acordo com o governo, é melhorar a eficiência operacional para aumentar a movimentação de carga em Paranaguá, chegando a 76,4 milhões de t anuais, crescimento de 89% diante dos 41 milhões de t registrados em 2011.
Para o presidente da Fiep, Edson Campagnolo, o plano do governo federal não atende a todas as demandas do estado do Paraná. “Se o Brasil quiser se posicionar como uma grande potência mundial, ele tem que ter uma porta de entrada e de saída nos moldes de outros países. O Porto de Paranaguá precisa de um tratamento diferenciado”, disse. Segundo os presentes, o projeto apresentado desvirtua o que foi discutido no PDZPO.
O secretário de Infraestrutura e Logística do Paraná, José Richa Filho, concorda. “Paranaguá foi tratado como os demais portos, quando merecia ter um tratamento um pouco diferente, pois fizemos o dever de casa”. De acordo com ele, o PDZPO serviu de modelo para todo o país.
“Cabe a nós darmos nossa contribuição ao processo”, analisou o superintendente dos portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Henrique Dividino. “O Paraná é um estado maduro para tratar deste tema. Fomos os primeiros a apresentar o plano de arrendamentos, temos plenas condições de buscar aperfeiçoar o que foi apresentado. Nosso trabalho agora será convencer os técnicos que elaboraram esta proposta sobre a importância do estado no contexto portuário nacional”, disse o executivo, ressaltando ainda a importância da discussão pública no processo.
A consulta, que se inicia hoje, dia 30, vai até 25 de outubro. Além disso, uma audiência pública presidida pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) está marcada para o dia 14 de outubro, em Paranaguá, para receber contribuições da comunidade.
Obras e equipamentos
O governador do Paraná Beto Richa assinou hoje, dia 30, contratos que autorizam obras de recuperação das vias de acesso e aquisição de novos carregadores de navios para o Porto de Paranaguá, além da dragagem de manutenção em Paranaguá e Antonina. Juntas, as iniciativas somam investimentos de R$ 175,7 milhões.
Do total, R$ 115 milhões serão destinados à dragagem dos canais de acesso, bacia de evolução e berços de atracação. As atividades devem durar um ano e a estimativa é que cerca de sete milhões de m³ de sedimentos sejam retirados dos locais.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa) destinará R$ 59 milhões para a compra de quatro carregadores de navios, ou shiploaders, da empresa Tecnologia em Movimentação. Os novos equipamentos, que substituirão carregadores dos anos 70, devem proporcionar um ganho de 33% na produtividade do corredor de exportação de Paranaguá.
Por fim, R$ 2,4 milhões serão direcionados para a restauração da região retroportuária, com o objetivo de aumentar a eficiência do tráfego de veículos, em obras de recuperação do concreto de dez vias de acesso ao porto, concretadas pela própria Appa em 2004.