Os investimentos previstos no Arco Norte, corredor logístico que abrange portos das regiões Norte e Nordeste do Brasil, devem elevar a capacidade de embarque de grãos de 60 milhões para 100 milhões de toneladas nos próximos cinco anos. A projeção é da Associação dos Terminais Portuários e Estações de Transbordo de Cargas da Bacia Amazônica (Amport).
De acordo com Flávio Acatauassú, diretor da Amport, a expansão permitirá que o Arco Norte escoe até 50% de toda a soja e milho exportados pelo país em 2030. Em 2023, os portos da região embarcaram 55,1 milhões de toneladas desses grãos, o equivalente a 34,6% da exportação nacional, conforme dados da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
Quando o conceito de Arco Norte foi estabelecido, em 2008, a participação da região nas exportações nacionais de soja e milho era de 14%. O crescimento registrado desde então é atribuído à expansão da produção de commodities agrícolas no país e ao aumento dos investimentos em infraestrutura logística.
Em 2024, o Arco Norte também respondeu pela movimentação de 31,4% dos insumos agrícolas importados pelo Brasil, totalizando 9 milhões de toneladas. Segundo Acatauassú, embora não haja um levantamento consolidado sobre os valores investidos, o corredor recebeu nos últimos dez anos ao menos 17 estações de transbordo de cargas, nove terminais portuários, além de centenas de barcaças e empurradores destinados à formação de comboios de navegação.
Entre os principais portos que compõem o Arco Norte estão Itacoatiara (AM), Santarém (PA), Santana (AP), Barcarena/Vila do Conde (PA), São Luís (MA), Salvador (BA) e Porto Velho (RO).
Arián Krakow, sócio da Bain & Company e especialista em agronegócio, avalia que o Arco Norte se consolidou como uma das rotas de maior crescimento para o escoamento da produção agrícola brasileira. Segundo Krakow, a expansão da produção de commodities na região, aliada aos investimentos em infraestrutura portuária, impulsionou essa tendência. O especialista destaca ainda que a escolha dessa rota se baseia em fatores geográficos e econômicos, considerando a proximidade de rodovias, ferrovias ou hidrovias que garantam melhor relação custo-benefício para os produtores.
Krakow observa que, para os estados do Sul e Sudeste, o Arco Norte não se mostra competitivo devido aos custos logísticos envolvidos. No entanto, regiões centrais, como Mato Grosso, conseguem acessar múltiplas opções de escoamento, o que favorece a utilização dos portos do corredor.
O especialista acrescenta que a participação do Arco Norte nas exportações brasileiras poderá aumentar à medida que novos investimentos em infraestrutura e melhorias logísticas forem realizados, beneficiando também o escoamento de outras cargas, como açúcar e diferentes tipos de grãos.
*As informações foram divulgadas pelo Valor Econômico.