Um estudo desenvolvido pela Fundação Vanzolini e pelo Centro de Inovação em Logística e Infraestrutura Portuária da USP (CILIP), em parceria com a Associação Brasileira de Armadores de Cabotagem (ABAC) e o Sindicato Nacional das Empresas de Navegação Marítima (SYNDARMA), aponta que o déficit de oficiais da Marinha para navegação e cabotagem pode ser de até 4 mil até 2030. A falta de mão de obra pode trazer dificuldades e prejuízos à qualidade das operações marítimas, diz a pesquisa.
Até janeiro deste ano foram verificados 96 pedidos de licenciamento ambiental para projetos de navegação e cabotagem junto ao IBAMA, e espera-se que isso traga impactos à demanda por embarcações, especialmente as de apoio marítimo. A pesquisa observou que, para atender à frota dos armadores brasileiros, considerando seus planos de expansão e projeções otimistas, realistas e pessimistas, a Marinha do Brasil deveria se preparar para formar pelo menos mais 4.000 oficiais até o ano de 2030, sendo que, dependendo da dinâmica econômica, o déficit pode ser ainda maior.
O número de vagas oferecidas pela Marinha nestas escolas, segundo o estudo, tem variado em função da situação econômica do setor, o que traz problemas de oferta de oficiais em períodos de crescimento econômico – existe um intervalo entre o ingresso dos candidatos nas escolas e a formação deles.
De acordo com o professor João Ferreira Netto, coordenador do estudo, "é muito comum os profissionais passarem os primeiros anos depois de formados se especializando em algum tipo de operação, o que os leva a demorarem cerca de cinco anos para estarem disponíveis no mercado", conclui.
O levantamento levou em consideração entrevistas com armadores, oficiais da Marinha, com o Sindicato Nacional dos Oficiais da Marinha Mercante (SINDMAR) e com a Diretoria de Portos e Costas (DPC), além de informações relacionadas aos futuros projetos de instalação de usinas eólicas offshore no país.
No Brasil, a formação dos oficiais de Marinha Mercante é de responsabilidade da Marinha, que seleciona e prepara os candidatos em suas Escolas de Formação de Oficiais de Marinha Mercante (EFOMM), o CIAGA (Rio de Janeiro – RJ) e o CIABA (Belém – PA). A avaliação da disponibilidade de oficiais aptos a trabalhar em águas brasileiras considerou projeções até 2030.