A Rumo inaugurou três postos de abastecimentos de trens no Pátio de Tutóia, localizado no município de Araraquara (SP). Segundo a empresa, este é o maior investimento feito em infraestrutura ferroviária no estado de São Paulo. Os postos serão responsáveis por atender a operação de trens na Malha Paulista e na Operação Norte como um todo. A infraestrutura tem capacidade para realizar o atendimento simultâneo de até quatro trens ou 14 locomotivas, sem a necessidade de manobras, e demandou investimento estimado em R$ 140 milhões.
De acordo com o presidente da Rumo, Beto Abreu, a concessionária está inaugurando um novo marco em infraestrutura ferroviária no estado de São Paulo e representa a unificação do processo de abastecimento de trens vazios e carregados, tornando a operação mais eficiente no trecho entre Rondonópolis (MT) e Santos (SP).
“Essa centralização em Tutoia e a remodelação do pátio ferroviário estão atrelados às ações ligadas ao novo trem de 120 vagões, contribuindo para a redução do transit time, redução na emissão de CO2 e redução no consumo de combustível, e para a redução do volume de composições circulando pelo centro do município de Araraquara”, explica Abreu.
O novo posto de abastecimento faz parte das contrapartidas previstas para o município do interior do estado no caderno de obrigações da renovação antecipada do contrato de concessão da Malha Paulista. “Esse investimento no pátio de Tutóia representa um ganho de 144% na capacidade de armazenamento de diesel, trazendo mais previsibilidade para a operação. Além disso, estamos reduzindo cerca de 1h24 no transit time no trecho entre Rondonópolis (MT) e Santos (SP), que atualmente é de 84 horas”, reforça o executivo.
Características
Os três postos e a remodelação do pátio de Tutóia, por meio da construção e ampliação de linhas, foram projetados para atender o abastecimento e cruzamento do novo modelo de trem de 120 vagões, além de composições maiores que começam a ser testadas nesta operação com cerca de 134 vagões e 2.450 metros. Além disso, com a infraestrutura, todo o processo de abastecimento que ocorre no estado de São Paulo passa a ser feito no pátio de Tutóia, em área mais afastada do centro de Araraquara.
Com as obras, o pátio passa a contar com dois tanques de diesel, para armazenagem de 600 mil litros cada, dois tanques de lubrificante com capacidade para 30 mil l cada, duas plataformas de descarga para caminhão tanque e uma plataforma de descarga para vagão tanque. Já com relação aos três postos, o grande diferencial está na capacidade de atendimento simultâneo com 1.000 l por minuto em cada bico de abastecimento. O primeiro posto poderá atender até dez locomotivas, já o segundo e terceiro podem receber até duas ao mesmo tempo.
A capacidade da infraestrutura inaugurada é quatro vezes maior do que a em vigor nos postos de São José do Rio Preto e Araraquara. Com isso, o tempo de abastecimento será de 20 minutos, eliminando a necessidade de manobras e representando um ganho de eficiência ferroviária. Além disso, neste projeto, foram gerados 370 postos de trabalho diretos e indiretos, sendo 200 nas obras ferroviárias e 170 nas obras nos postos.
“Estamos falando de uma dinâmica similar ao pit stop de Fórmula 1, com a otimização do processo em uma única parada. O trem chega ao ponto de parada e no mesmo local são feitos os abastecimentos de diesel, óleo lubrificante e areia, além da limpeza das cabines”, afirma Abreu.
Além do ganho operacional, a inauguração da infraestrutura também representa um marco importante para a cidade de Araraquara (SP). Com a ampliação e adequação do pátio de Tutóia, tornou-se possível direcionar a maior parte dos trens no sentido importação para fora da cidade. Isso já acontecia no sentido exportação desde 2014 com a conclusão parcial do contorno ferroviário no município.
A Rumo informa que seguirá atuando com circulação de trens em Araraquara, mas com volume menor que o de costume, além de manter duas oficinas em operação na região. As obras em andamento na região, além dos postos de abastecimento, integram as contrapartidas previstas na renovação da concessão da Malha Paulista e têm como objetivo reduzir os conflitos urbanos e aumentar a capacidade do sistema ferroviário. A migração definitiva para fora da área urbana está prevista para ocorrer até 2026.
Malha Paulista
O contrato original da Paulista, que venceria em 2028, teve sua renovação antecipada por mais 30 anos, mediante uma série de contrapartidas que somam investimentos da ordem de R$ 6 bilhões. Além do aumento da capacidade de transporte, há obras em 68 municípios do estado de São Paulo, eliminando os conflitos entre ferrovia e área densamente povoadas. Ao todo, cerca de 5 milhões de pessoas serão beneficiadas com mais segurança viária.
Os quase 2 mil quilômetros da Malha Paulista conectam Santos a Santa Fé do Sul, na fronteira com o Mato Grosso do Sul. Junto com a Malha Norte, que liga Aparecida do Taboado (MS) a Rondonópolis (MT), ela forma um corredor de exportação do agronegócio brasileiro, permitindo o escoamento da produção mato-grossense até o principal porto do País.
Com as obras previstas, haverá uma expansão de capacidade de movimentação de cargas de 35 milhões para 75 milhões de toneladas por ano. Em termos de produtos, a Malha Paulista movimenta soja, farelo de soja, milho, açúcar, combustíveis, fertilizantes, celulose, minérios e contêineres.
Além disso, a operação implementou oficialmente, desde o início deste ano, a operação de trens compostos por 120 vagões. Com foco em para tornar o modal ferroviário mais limpo e eficiente, as composições têm capacidade para transportar 11.500 t úteis de grãos, um ganho de aproximadamente 50% em relação às composições de 80 vagões.