Depois de ser durante anos um dos maiores operadores logísticos do país e de vender, em 2009, grande parte de seus ativos de logística para a EcoRodovias, o Grupo Columbia reestruturou novamente sua estratégia com o objetivo de voltar a atuar entre os grandes players do segmento no país.
A estratégia é aproveitar a sinergia das várias empresas do grupo para não apenas ofertar serviços completos e verticalizados para os setores da economia que já atende, como ampliar sua atuação para novos segmentos de mercado. O grupo, formado pela Columbia Trading (comércio exterior); Columbia Distribuidora (fornecimento de hard commodities); Columbia Logística e Columbia Nordeste (logística integrada); Cefrinor (armazéns refrigerados e frigorificados); CMlog (operações portuárias); Columbia Energia (fornecimento de combustíveis sólidos); Operflora (fornecimento de bioenergia); e The Cotton Road (solução vertical de moda), acredita que a integração das atividades pode ampliar seu leque de atuação.
A criação da The Cotton Road é um exemplo de como a companhia pretende atuar utilizando toda a sua estrutura para fornecer uma solução completa a determinado setor – neste caso, o de moda. A nova unidade vem sendo estruturada desde 2013 e foi criada oficialmente neste mês de abril, visando prestar serviços como sourcing, processo de busca e desenvolvimento de fornecedores tanto no exterior quanto no Brasil, oferecendo ainda ao varejo de vestuário a integração com as áreas de trading e logística, cobrindo todas as necessidades do segmento desde o desenvolvimento de fornecedores, passando pela importação, abrangendo as partes fiscal e aduaneira, desembaraço, armazenagem, separação e distribuição até o CD do varejista ou suas lojas.
“Este é um exemplo de como podemos nos tornar um integrador logístico para mercados estratégicos, atuando desde a retirada em portos e aeroportos do mundo e entregando em inúmeros pontos no Brasil, utilizando nossa ampla estrutura própria e a de parceiros”, afirmou Marcelo Brandão, diretor de Logística da Columbia. Além do investimento no sourcing internacional com a the Cotton Road, a empresa iniciou operações também em outro setor, de distribuição de combustíveis sólidos.
A estrutura a que o executivo se refere é composta por 380 mil metros quadrados de área de armazenagem no Brasil, com 1.300 funcionários diretos e 1.500 clientes, considerando todas as atividades. Além disso, a empresa conta com a estrutura do seu acionista controlador, o Grupo Esteve Irmãos, criado em 1849 na Espanha e que atua na trading de commodities como algodão, café e cacau, hoje presente em 130 países.
Para atender com maior eficiência aos seus setores-chave, entre eles o de vestuário e calçados, eletroeletrônico e tecnologia, partes e peças, alimentos e cosméticos, a Columbia investiu R$ 20 milhões em novos equipamentos e estruturas em 2014. Entre os novos ativos, estão os centros de distribuição de Cotia (SP), com 41 mil m2 de área total e dois armazéns, um com 14 mil m2 e outro com 2.300 m2; Cajamar (SP), com 10.500 m2 de área total, sendo 9.620 m² de armazém; Curitiba, com área total de 11 mil m² e 9.600 m² de área útil; e um em Itajaí (SC), com 9.000 m² de área total e armazém de 8.500 m².
Outros focos dos investimentos feitos foram as novas unidades de negócio, a implantação do WMS Manhattan, e a ampliação da frota própria. Marcelo Brandão afirma que, embora na área de transportes a empresa seja asset light, alguns investimentos fazem sentido. Para o setor eletroeletrônico, por exemplo, a Columbia está adotando veículos blindados em função do risco, o que traz maior tranquilidade e redução e custos para o cliente, que assim não necessita investir em escolta. “É preciso criar alternativas para os clientes, adequadas a cada setor”, afirma o executivo.
O setor de agronegócio é outro que está no radar da Columbia, que pretende usar o acionista como um grande cliente e depois ir agregando novos embarcadores. Vale lembrar que o grupo controlador é um grande player do setor de commodities agrícolas, e a empresa acredita na sinergia das operações. “A ideia é começarmos passo a passo, aprendendo com este grande cliente e depois oferecer a solução para o mercado. A atuação com os grãos virá numa próxima etapa. A ideia é começar com o café e o algodão, crescer gradativamente e chegar na soja”, explica Brandão.
Ainda de acordo com o executivo, esta operação passa necessariamente pela multimodalidade, com o uso da ferrovia. “As operações de grãos não suportam o custo do rodoviário puro”, ressalta.
Com relação à atuação na oferta de área de silos e armazéns para o agronegócio, o diretor de Logística é cauteloso, embora não descarte a possibilidade. “Estamos olhando para as necessidades do país em atividades que tenham aderência com nossas empresas. Existem linhas de crédito do governo interessantes para o setor, e a ideia é criar uma estrutura que acomode um pouco de cada commodity. Mas, como eu disse, vamos passo a passo. Isto ainda é apenas um projeto”.
Outros setores que estão no alvo da Columbia são o de cosméticos e o farmacêutico, este último com sinergia com a armazenagem frigorificada, atividade que a companhia já oferece.
A Columbia teve um faturamento de R$ 2 bilhões no ano passado, com crescimento médio de 15% entre os negócios. De acordo com Brandão o prognóstico para os próximos dois anos é positivo, apesar da situação econômica atual. “Este nosso recomeço tem nos trazido bons negócios e estamos otimistas”.