A Rumo, seguindo sua estratégia de formação de acordos de longo prazo e de foco na logística ferroviária, anuncia a venda de controle de dois dos maiores terminais de grãos e açúcar do complexo portuário santista. A operação envolve a venda de 80% dos terminais à Corredor Logística e Infraestrutura (CLI) pelo valor de R$ 1,4 bilhão, que passará a operar juntamente com a Rumo, a Elevações Portuárias S/A (EPSA), empresa responsável pelos terminais 16 e 19 do Porto de Santos (SP).
O contrato assinado na última quinzena de julho irá viabilizar um investimento no terminal em torno de R$ 600 milhões para próximos anos, possibilitando um crescimento de mais de 20% em relação ao volume atual de grãos movimentado nos terminais. O negócio envolve apenas o T16 e o T19 e, portanto, não inclui os demais terminais em que a Rumo permanece como sócia no porto de Santos – TXXXIX, Termag e TGG.
A CLI é uma das quatro operadoras do Terminal de Grãos do Maranhão (Tegram), e traz a sua expertise de operador independente com foco único em infraestrutura e logística portuária para o agronegócio e excelência de serviços de elevação.
“Com grande orgulho, anunciamos a nova etapa da CLI, que vai passar das atuais 4 milhões para mais de 20 milhões de capacidade de elevação. Somos 100% 'bandeira branca' e 100% controladores do nosso terminal no TEGRAM, que opera em consórcio com 25% das operações. O serviço que é sucesso no Itaqui vai ser prestado aos clientes em Santos”, afirma o CEO da CLI, Hélcio Tokeshi.
O negócio está sendo viabilizado por meio de um aumento de capital na CLI, cujas ações são atualmente 100% detidas pela IG4 Capital (IG4). O aumento de capital, de mais de R$ 500 milhões, será subscrito no todo pelo Macquarie Infrastructure Partners V (MIP V), um fundo de infraestrutura com mandato para investir em ativos de infraestrutura nas Américas. O MIP V é gerido pela Macquarie Asset Management, divisão de gestão de fundos de investimento do banco australiano Macquarie, e maior investidor institucional em infraestrutura do mundo, incluindo investimentos nos setores de logística portuária e agricultura.
Após o investimento, IG4 e MIP V compartilharão o controle da CLI, com 50% cada das ações ordinárias com direito a voto, que, por sua vez, controlará a EPSA com 80% das ações, permanecendo a Rumo com 20% das ações.
“Para além de nossa atuação no setor de infraestrutura global, inclusive em vários ativos portuários, temos longa exposição ao agronegócio brasileiro. A parceria com a IG4 e a Rumo, por meio do investimento na CLI, é um passo natural para o fortalecer essa conexão entre infraestrutura e agricultura. Temos forte convicção no potencial de crescimento do setor, e de que investimentos como esse ajudam o Brasil a fortalecer seu papel de liderança na exportação de produtos agrícolas”, afirma o diretor executivo do Macquarie e responsável por investimentos em infraestrutura no Brasil, Fernando Lohmann.
Já o Co-Fundador e CEO da IG4 Capital, Paulo Mattos, afirma que a sociedade com o Macquarie e o acordo com a Rumo vem fortalecer a CLI que, com essa aquisição, passa a ser o maior operador independente de infraestrutura e logística portuária para o agronegócio no Brasil. “Estamos muito confiantes em poder ampliar a atuação da CLI como uma plataforma de infraestrutura no setor e participar de uma gestão tão robusta e estratégica em parceria com a Rumo, no maior complexo portuário do país.”
O vice-presidente Comercial da Rumo, Pedro Palma, diz que as obras de conclusão da Ferrovia Norte-Sul, que a empresa batizou de Malha Central, e a construção da primeira ferrovia estadual de Mato Grosso – cuja licença de instalação (LI) dos primeiros quilômetros foi recentemente emitida – bem como os investimentos em melhorias que a gente vem realizando em Santos, fazem parte da estratégia de expansão de uma logística ferroviária competitiva para o agronegócio.
“Já temos quatro terminais em operação na Malha Central, sendo três em Goiás e um em Minas Gerais, e três destes pertencem a empresas parceiras. É esse formato bem-sucedido que estamos replicando, agora em Santos, com a CLI”, explica Palma.
Com o contrato assinado, o fechamento da operação está condicionado à aprovação da Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), entre outras condições precedentes que são usuais neste tipo de transação.