O projeto nasceu em 2001, mas o primeiro trator iniciou operações no terreno em março de 2003. Um ano depois, 17.500 m2 de área estão erguidos em uma área total de 104 mil m2. É o maior centro de distribuição de produtos químicos da América Latina, que concentra um conjunto de ativos e serviços em um mesmo local. O investimento é de R$ 42 milhões, entre recursos próprios e do BNDES e Finame. Trata-se de um armazém geral para químicos que levou 13 meses para obter todas as licenças necessárias à operação. O CD de Guarulhos faz parte dos planos da Ipiranga Química para dobrar de tamanho até 2006. Além de distribuir 400 produtos, o centro de distribuição passa a ser também um centro de soluções para a cadeia da indústria química e petroquímica. Em 2003, a empresa faturou R$ 473 milhões. A previsão para 2004 e 2005 é de R$ 540 e 600 milhões, respectivamente. Parte deste crescimento terá origem na operação do novo CD. O pacote de serviços deverá ser ampliado: blending (mistura) de produtos, armazenagem de granéis líquidos e produtos embalados (também sólidos), envase, análise de qualidade, desenvolvimento de novos produtos, entre outros. "Estamos realizando um sonho", confessa Fernando Rafael Abrantes, diretor-superintendente da Ipiranga Química.
Fernando Rafael Abrantes, diretor-superintendente
da Ipiranga Química
Projetado em duas fases, o CD conta hoje com 39 tanques de armazenagem a granel de produtos químicos líquidos. Na fase dois, a ser iniciada no mês de agosto, mais 15 unidades serão colocadas em funcionamento. A área total com os 54 tanques será de 7400 metros cúbicos. A localização do centro de distribuição não poderia ser melhor, em frente à rodovia Presidente Dutra e próximo aos trechos norte e leste do Rodoanel. Vale salientar que o projeto do CD de Guarulhos está apoiado em três pilares: segurança operacional e meio ambiente, automação de processos e qualidade de vida. Além disso, a intervenção humana é mínima; a sala de controle é totalmente automatizada e de lá, é possível acompanhar em detalhes cada operação.
Os 104 mil m2 de área total do empreendimento compreendem os setores administrativos, armazém de produtos embalados, áreas produtivas, os 54 tanques de armazenagem, 10 tanques para mistura, unidade de recuperação de solventes, três laboratórios de aplicação técnica e um laboratório de controle de qualidade. Além disso, existe uma área resevada ao futuro condomínio industrial, destinada a clientes que tenham interesse em possuir instalações dentro do CD. Para o diretor Fernando Abrantes, o ganho em produtividade será 50% maior e haverá redução do custo unitário de movimentação. Dentro de um ano, a idéia é funcionar como Entreposto Aduaneiro. "Aqui, temos um distribuidor que pensa, age e faz química no dia-a-dia", ressalta Abrantes. E continua: "Isso aqui é como um shopping, você tem toda a gama de serviços que precisar".
A logística dos granéis líquidos
Um armazém de 10 mil m2 e um conceito de boxes de separação/expedição, armazenagem de produtos por critério de compatibilidade e volume de vendas. Assim funciona armazenagem e a logística do novo CD da Ipiranga. Se o produto necessita de climatização, controle de temperatura ou segregação, há uma área de 600 m2 para isso. A plataforma de carga e descarga possui 1,2 mil m2, com cinco plataformas de carregamento e três de descarga de caminhão-tanque. O bombeamento imprime velocidade de vazão de até 60 metros cúbicos por hora, com capacidade mensal de 60 mil metros cúbicos por mês.
O sistema de envase é semi-automático e tem capacidade instalada de nove mil unidades por mês. É possível encher recipientes com todos os químicos armazenados no CD, inclusive direto dos caminhões. A distribuição responsável não fica restrita somente à Ipiranga Química. Ela contempla desde as condições de coleta da mercadoria até a entrega. Uma consultoria da própria Ipiranga, ao detectar falhas no processo, propõe soluções juntos aos clientes e fornecedores. Os cuidados com o meio ambiente demandaram investimentos de R$ 7 milhões
Responsabilidade ambiental
Por se tratar de produto químico, a primeira preocupação da empresa foi em não agredir o meio ambiente. Para tanto, foi criado um sistema de segurança baseado em efluxos zero (emissão de poluentes na atmosfera). Qualquer operação realizada com granéis líquidos ou embalados é feita em áreas com sistema de drenagem e contenção, o que evita dispersão e derramamentos. Há um sistema de coleta capaz de canalizar produtos derramados em tanques específicos, armazenando-o e providenciando o envio para reciclagem ou tratamento.
Até mesmo vapores gerados no carregamento de caminhões-tanque e no enchimento de tambores são captados e queimados por um equipamentos de combustão de vapores. Todos os tanques de granéis líquidos possuem uma cobertura de nitrogênio, o que deixa a emissão de poluentes na atmosfera igual ou próxima a zero.
O fator humano não foi esquecido. No local, funcionário contam com sala de ginástica, campo de futebol (em construção), pista de cooper, churrasqueira, restaurante com nutricionista, biblioteca e computadores com acesso à internet. O futuro? Bem, daqui dois anos, o próximo investimento em distribuição será a construção de um CD em Recife (PE).
Fotos: Tico Utiyama