Delegação do principal porto francês visita o país em busca de novos contratos, sobretudo nas áreas de refrigerados e de combustíveis
Uma delegação do Porto de Havre, um dos mais importantes da Europa, está no Brasil em busca de novos negócios, sobretudo nos setores de cargas refrigeradas e de combustíveis. “Nossa visita tem dois objetivos: ser o porto que vai receber etanol e biocombustível brasileiros no Velho Continente; e fortalecer o mercado de perecíveis como carne bovina, pescados e frutas, recuperando parte desse fluxo refeer que hoje chegam por portos concorrentes”, resume Linda Douet, diretora de Desenvolvimento Internacional do complexo portuário francês. “Mas tudo que é bom para o Brasil em termos de exportação, também interessa ao Havre”, completa Jean-Pierre Bernard, representante do porto para Chile e Mercosul.
Por onde passa, a delegação do porto francês faz questão de esclarecer que, se por um lado não há muita diferença técnica entre os portos europeus, já que todos estão no mesmo patamar em termos de preços, equipamentos, agilidade ou tecnologia, por outro lado Le Havre oferece vantagens indiscutíveis.
A mais evidente delas é o espaço que o complexo portuário ainda tem para crescer. Sua retroárea, que já conta com mais de um milhão de metros quadrados de entrepostos, tem em construção outros 600 mil metros quadrados. O cais de atracação também será ampliado para um total de 4,2 quilômetros de extensão, em uma obra que vai custar cerca de 100 milhões de euros às autoridades portuárias do país. Também parte da responsabilidade do governo, a implantação da plataforma multimodal, que permitirá ampliará a interligação de Havre com as linhas de trem e hidrovias, custará aproximadamente 160 milhões de euros. A iniciativa privada empreenderá entre 500 milhões e 700 milhões de euros na construção de uma estação de recepção e manipulação de GNL – Gás Natural Liquefeito. Todos esses aportes estão destinados a apoiar a meta de crescimento de produtividade do porto: movimentar 6 milhões de TEUs em 2020.
Outra das vantagens propaladas pela delegação visitante é a economia que se faz ao escolher o porto francês como alternativa. “Digamos que um exportador brasileiro de pescados, que troca Roterdã por Le Havre, deixa de pagar entre 300 e 500 euros por contêiner”, compara Bernard. Não que as taxas portuárias sejam menores, já que estas se equiparam em todo o continente. A economia se dá na parte terrestre do transporte, já que Havre fica a cerca de 200 quilômetros do Mercado de Rungis, grande entreposto de distribuição da Europa, uma espécie de Ceasa próximo a Paris. Fica ainda a aproximadamente três horas de distância da capital da França, um mercado com cinco milhões de habitantes, público qualificado e alto poder aquisitivo. “Assim, o exportador reduz não só o consumo de combustíveis, mas principalmente a emissão de carbono, cujos créditos viraram assunto primordial no contexto econômico do continente”, completa Linda.