Ao completar dez anos de mercado, empresa faz balanço de suas atividades e enxerga ainda grande potencial de crescimento do setor
A Aliança Navegação e Logística completou dez anos e aproveitou a ocasião para fazer um balanço de suas atividades, além de fazer projeções para o futuro do mercado. A empresa destaca que 2009 foi um dos piores anos da história não só para a cabotagem como para a todo o setor de navegação mercante que, por exigir investimentos planejados com no mínimo três anos de antecedência, foi um dos mais atingidos pela crise que abalou a economia global no final do ano passado. “Hoje, cerca 500 navios, ou 10% da frota mundial, estão parados por falta de demanda. Estima-se que o prejuízo da indústria mundial de transporte conteinerizado este ano seja de US$ 20 bilhões”, afirma Julian Thomas, diretor-superintendente da Aliança.
“Em termos de faturamento, o transporte conteinerizado mundial deverá sofrer uma retração da ordem de 9,1% em 2009; queda maior do que a da economia como um todo, cujo recuo estimado é de 1,1%. Já em termos de volume movimentado, a projeção de crescimento de 7,3% não chega a ser uma boa notícia, já que a previsão anterior, com base nas taxas médias anuais consolidadas, era de um aumento de 13,4% no número de TEUs”, compara o executivo. Segundo José Balau, diretor de Operações da armadora, a queda de volume movimentado pela Aliança está estimada em cerca de 13%: de 455 mil TEUs em 2008 para 370 mil TEUs este ano.
Thomas informa que as medidas adotadas para conter a retração do mercado já estão surtindo efeito. “A primeira delas foi redesenhar rotas, cancelando alguns serviços, sem, no entanto, deixar de atender nenhum porto. Isso diminui os navios que trafegavam ociosos”, explica. A outra estratégia de que a empresa lançou mão para conter as perdas no setor, foi a redução da velocidade dos navios para diminuir o consumo de combustível, item que representa um dos maiores custos da atividade. O diretor da Aliança afirma que além da economia de óleo bunker, derivado de petróleo utilizado no abastecimento dos porta-contêineres, a ação gerou outro benefício. “Ao diminuirmos a velocidade das viagens, sem reduzir ou atrasar as paradas nos portos, precisamos dispor de mais navios em cada rota, diminuindo assim o número de embarcações ociosas”, comemora.
Balau informa que o mercado já sinaliza com a retomada tanto do volume quanto do valor do frete, embora ainda ostente números muito distantes dos patamares pré-crise. O executivo destaca os esforços que a Secretaria Especial de Portos no suporte ao desenvolvimento da infraestrutura portuária, através da aceleração do Plano Nacional de Dragagem. O diretor operacional da armadora acredita, no entanto, que o governo pode fazer mais. “A eliminação da cobrança do PIS/Cofins embutida no valor do combustível já representou certo alívio, mas ainda resta o ICMS que incide no óleo bunker comprado pela cabotagem, mas não naquele empregado na navegação internacional. Nem no transporte rodoviário, aliás”, lamenta.
Perspectivas
Apesar dos problemas, o cenário é animador. “Com base na recuperação ainda incipiente mas que já vem sendo sentida, estimamos recuperar os níveis de atividade que eram realidade em 2008, antes do início da crise, já no ano que vem. E acreditamos que em 2011 já será possível crescer também em relação àqueles patamares”, aposta Balau.
Cruzando os dados operacionais a que tem acesso com a capacidade produtiva das regiões que atende, a Aliança calcula que todos os armadores, em conjunto, representem cerca de 15% do mercado potencial para a cabotagem. De acordo com essa projeção há, portanto, muito espaço para crescer nesse mercado. Com base nisso, a empresa pretende trazer para a sua carteira clientes da área de carga fracionada, que não necessariamente têm volume para transportar contêineres fechados. “Além de colocar em prática uma estratégia comercial mais agressiva, precisaremos aumentar as paradas semanais em alguns portos e firmar mais parcerias com companhias do modal rodoviário, para termos eficiência no porta-a-porta”, explica o executivo.