Empresas criam a nona maior companhia mundial de software e se preparam para fazer frente à concorrência
Após vários anos de discussões sobre a possibilidade da formalização de uma fusão, finalmente a Datasul e a Totvs se unem para criar a nona maior empresa de software de gestão integrado do mundo, somando uma carteira de mais de 21 mil clientes ativos. O anúncio foi realizado em 20 de agosto – dois dias antes do início da realização do Planeta Datasul, evento promovido anualmente pela empresa, em São Paulo, para apresentar a clientes e parceiros do setor de TI as tendências e novidades do setor –, mas não causou tanta surpresa porque as conversas vinham evoluindo nos dois últimos meses.
Jorge Steffens, CEO da Datasul presente no evento, confirmou que, em junho passado, as conversas entre as empresas evoluíram e que a proposta de reorganização societária de ambas, anunciada em 23 de julho último, foi aprovada pelos acionistas em assembléias gerais extraordinárias, realizadas simultaneamente nas respectivas sedes, São Paulo e Joinville(SC). “Essa decisão foi fruto de uma análise profunda da realidade do mercado. Ou formávamos um grupo forte e sólido para competir no mercado internacional, em pé de igualdade com as grandes, ou continuávamos sozinhos, nos arriscando a ter competidores de envergadura para nos incomodar”, comenta o executivo.
Para Steffens, há muitos pontos em comum entre as empresas que pesaram na iniciativa. “A Datasul e a Totvs têm crescido significativamente no mercado. Ambas abriram capital na Bolsa de Valores, adquiriram várias empresas, foram para o exterior, profissionalizaram sua gestão e partiram para um novo modelo de governança”, justifica o CEO.
Com esses pontos convergentes, as duas empresas criaram uma gigante do software nacional, com atuação global, penetração em 18 países de três continentes, e passaram a ocupar o nono posto do ranking mundial e o segundo na América Latina. Para se ter uma idéia, somados os doze meses encerrados em março passado, as operações da Datasul e Totvs apresentaram uma receita bruta, pró-forma (não auditada) de R$ 778 milhões e EBTIDA de R$ 155 milhões, com margem superior a 22%.
Como o fato é recente, Steffens não pode precisar os próximos passos da fusão com detalhes, porque não houve tempo hábil para definir os processos. Mas é certo que, inicialmente, as marcas serão mantidas, até porque ambas têm produtos fortes e estarão concorrendo, como sempre, através de equipes comerciais e técnicas exclusivas e com investimentos em pesquisa e desenvolvimento garantidos. Por enquanto, nada muda também em relação à estrutura física e logística das empresas, que terão a autonomia das operações preservada, enquanto o processo de entrelaçamento acontecerá pouco a pouco.
Steffens informa que já está sendo estudada a criação de grupos para montar planos de integração das áreas mais comuns. “Faremos um redesenho dos setores administrativo, controladoria e outros, para eliminar redundâncias. Já outros, como o segmento internacional, levarão mais tempo para serem integrados”, analisa o CEO.
Com a iniciativa, as duas empresas juntas passam a ter uma estrutura de 270 canais de distribuição e nove mil participantes, incluindo as franquias. Ambas compartilham também da certeza de que a união será benéfica para os clientes, acionistas e profissionais, que poderão usufruir de melhores práticas mercadológicas, contar com a ampliação da gama de produtos e serviços e de sinergias, além do maior potencial de crescimento das operações e solidez financeira e operacional.