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Indústria ferroviária prevê pouco crescimento em 2006

Por Redação em 1 de novembro de 2006 às 9h57 (atualizado em 10/05/2011 às 11h44)

Apesar disso, setor está otimista e ganha novos competidores

Representantes da indústria ferroviária fizeram ontem, por ocasião do lançamento da 9ª edição da feira “Negócio nos Trilhos”, um balanço do setor frente aos dez anos de privatização das ferrovias brasileiras, completados este ano. O presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária – Abifer, Luís Cesário da Silveira, e Francisco Petrini, diretor-executivo do Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos Ferroviários e Rodoviários – Simefre, afirmaram que a indústria de implementos ferroviários, que estava praticamente morta antes da privatização das ferrovias, renasceu. Hoje, além de atender à crescente demanda do mercado interno, os fabricantes nacionais exportam para vários mercados.

Durante os anos mortos das décadas de 80 e 90, a indústria praticamente desapareceu. Os fabricantes diversificaram sua atuação, passando a atender novos setores, mas mesmo assim – sem os recursos de seu core-business – a maioria sucumbiu. Para se ter uma idéia da situação, em 1996 foram produzidos no país apenas 26 vagões, 12 carros de passageiros e uma locomotiva.

A retomada a partir de 1996 atingiu seu ápice no ano passado, quando a indústria produziu o recorde de 6.986 vagões e 159 carros de passageiros (o número de locomotivas não foi disponibilizado). Já em 2006, de janeiro a agosto foram produzidos 3.152 vagões e 50 carros de passageiros, e a expectativa é fechar o ano em cerca de 3.500 unidades. “Esta queda em comparação a 2005 se deve mais à estabilização do parque de equipamentos do que a uma queda expressiva das atividades do setor, que continua comprando. Se compararmos aos números anteriores à privatização, a retomada é pujante”, afirmou Silveira.

Para ele, houve um resgate da confiabilidade no sistema ferroviário brasileiro e o setor privado tem confiança para investir nele. E a indústria ferroviária tem que estar atenta para acompanhar este crescimento e atender às novas necessidades. Para tanto, eles reivindicam maior atenção por parte do governo, com programas de financiamento, redução de impostos para a indústria e isenção para a importação de componentes (como já houve recentemente para vagões e locomotivas). Pedem, Além disso, que o governo invista na extensão da malha ferroviária, que alavancaria os negócios das ferrovias e, conseqüentemente, da indústria.

“A extensão da malha é obrigação do Governo, prevista nos contratos de concessão. Enquanto o dever das concessionárias é o de modernizar as operações e os equipamentos, além de melhorar e manter as vias existentes, a do governo era ampliar a malha, que hoje é de apenas 28 mil km, pequena para um país das dimensões do Brasil”, afirmou Silveira. “O volume de transporte cresce e a malha está tendo um adensamento. Dos R$ 4 bilhões que o governo deveria investir na extensão da ferrovia, foram investidos apenas R$ 400 milhões nestes dez anos”, comparou o executivo da Abifer. No mesmo período, as concessionárias investiram R$ 10 bilhões.

Mesmo assim, a indústria ferroviária dá mostras de crescimento, com a entrada de novos players e fábricas no mercado, como a Randon, tradicional fabricante de implementos rodoviários, que agora oferece itens em sua linha voltados ao setor ferroviário. A indústria tradicional também amplia negócios. De acordo com Silveira, a Amsted-Maxion reativou sua fábrica em Hortolândia (SP) que estava paralisada, e a fundição que possui em Osasco, na grande São Paulo. Por outro lado, o número de operadoras ferroviárias voltou a decrescer, com as recentes fusões. “Hoje, temos apenas três clientes, que são a ALL, a Vale e a MRS” enumera.

Para o setor, além da questão da malha existem outros gargalos que impedem o crescimento da ferrovia, como as passagens de nível e as invasões de faixa de domínio, que reduzem a velocidade dos trens e a competitividade do modal. Eles esperam que o Governo Federal, que acordou para o problema da infra-estrutura este ano, continue com o mesmo apetite neste segundo mandato.

Mesmo crescendo, a produção brasileira ainda é pífia se comparada a mercados como o americano, onde circula 1,5 milhão de vagões, contra 80 mil no mercado brasileiro.

Uma tendência apontada é a aquisição dos equipamentos por meio de leasing, que pode ser feito tanto pelas concessionárias como pelos próprios embarcadores, que dessa forma podem ter produtos adequados as suas necessidades específicas sem ter que investir diretamente em ativos. Esta é, aliás, outra tendência apontada. Calcula-se que, do total do parque brasileiro de vagões, cerca de 7 mil já sejam de clientes e, deste total, mil tenham sido adquiridos pelo leasing.

“Aqui, ainda é uma cultura nova, mas lá fora o leasing é a forma mais comum de aquisição, e não apenas de vagões e locomotivas, mas de qualquer equipamento”, afirma Jaiel Prado, Chief Executive Officer da GE, empresa que possui cerca de 180 mil vagões em circulação nos EUA. Ele acredita que a tendência deva se acentuar no Brasil, já que ninguém quer investir em ativos.

Para 2007, a previsão da indústria ferroviária é de um desempenho próximo do de 2006 – cerca de 4 mil unidades. Em 2005, o setor teve um faturamento bruto de R$ 2,4 bilhões, o dobro do R$ 1,2 bilhão de 2004. Já para 2006 espera-se um número próximo ao do ano passado.

Feira

Em sua nona edição, a feira Negócios nos Trilhos, organizada pela Revista Ferroviária, prevê reunir mais de 140 expositores entre os dias 7 e 9 deste mês no Expo Center Norte, em São Paulo. Além da feira, haverá o seminário Negócios nos Trilhos – Encontrem 2006, com a abordagem de temas variados. Durante o evento será entregue também o III Prêmio Alstom de Tecnologia Metro-Ferroviária e o IV prêmio Amsted Maxion de Tecnologia Ferroviária.

www.abifer.org.br
www.ge.com
www.revistaferroviaria.com.br/nt2006/
www.simefre.org.br

 


 

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