Um levantamento da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg) apontou que os seguros marítimos e aeronáuticos registraram um aumento de 155,1% no valor de indenizações entre janeiro e outubro de 2024, totalizando R$ 1,5 bilhão pagos. No mesmo período, a arrecadação do segmento alcançou R$ 1,6 bilhão, com alta de 22,2% em comparação ao ano anterior.
O setor aeronáutico concentrou R$ 1,1 bilhão dos pagamentos, marcando um crescimento de quase 200%. Já o setor marítimo desembolsou R$ 457,7 milhões, impulsionado por naufrágios, colisões e avarias em embarcações de grande porte. Em arrecadação, o setor aéreo liderou com R$ 1,2 bilhão (+27,9%), enquanto o setor marítimo somou R$ 492,4 milhões (+10,4%).
No segmento aéreo, a Força Aérea Brasileira registrou pelo menos 138 mortes em acidentes no Brasil até 5 de dezembro de 2024. Segundo Carlos Eduardo Polizio, presidente da Comissão de Seguros de Cascos Marítimos e Aeronáuticos da Federação Nacional de Seguros Gerais (FenSeg), o aumento de indenizações no setor aeronáutico está associado a falhas operacionais, planejamento inadequado de voos e problemas de manutenção.
No setor marítimo, a principal causa das indenizações foi a falha na manutenção preventiva de máquinas e sistemas propulsores. Eventos climáticos extremos e erros na navegação também impactaram o aumento de sinistros, especialmente em embarcações de recreio.
O seguro aeronáutico inclui coberturas para todos os segmentos da aviação, além de produtos específicos como o Seguro de Responsabilidade Civil do Explorador ou Transportador Aéreo (RETA). Esse seguro obrigatório arrecadou R$ 18,8 milhões nos primeiros dez meses do ano, enquanto os pagamentos às vítimas somaram R$ 4,2 milhões, registrando uma queda de 56,7% em relação ao ano anterior.
No segmento marítimo, o Seguro Danos Pessoais Causados por Embarcações ou suas Cargas (DPEM) passou a ser obrigatório em 2024, contribuindo para a arrecadação de R$ 5,2 milhões desde julho. Apenas no primeiro mês de vigência, o seguro arrecadou R$ 554,1 mil.
De acordo com Polizio, a adoção de seguros obrigatórios e a fiscalização têm papel central na consolidação da cultura de seguros no Brasil. Ele destacou a contribuição das seguradoras na prevenção de perdas e no gerenciamento de riscos por meio de medidas como treinamentos, controle documental e vistorias regulares em aeronaves e embarcações.