As ações do Mercado Livre (BDR: MELI34) sofreram queda de 15% no Nasdaq após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre de 2024 (3T24) na última quarta-feira (6). No fechamento da manhã desta quinta-feira (7), as ações operavam em torno de US$ 1.800.
No 3T24, o Mercado Livre registrou lucro líquido de US$ 397 milhões, um aumento de 11% em relação ao ano anterior, mas abaixo da expectativa média dos analistas, que era de US$ 542 milhões, conforme estimativas da LSEG. A queda no lucro foi atribuída aos custos de crédito e logística, que impactaram a expansão da receita.
Martin de los Santos, diretor financeiro do Mercado Livre, declarou à Reuters que "a maior parte da pressão sobre o lucro no trimestre veio de investimentos da empresa para ampliar seu portfólio de cartões de crédito e logística de e-commerce". Ele acrescentou: “O que provavelmente aconteceu é que o mercado subestimou a quantidade de investimentos que estamos fazendo em cartão de crédito”.
A Genial Investimentos classificou os resultados do 3T24 como “dores de crescimento”, destacando que o Ebit (-29,7%) e a margem Ebit ficaram 4,5 pontos percentuais abaixo do consenso. Apesar da queda na margem, a empresa apresentou métricas operacionais positivas, como GMV (+71% ano a ano com ajuste de câmbio neutro), itens vendidos (+28% anuais), compradores únicos (60,8 milhões, +21% ano a ano) e melhora no índice de inadimplência (NPL).
O Bradesco BBI destacou que os investimentos realizados pelo Mercado Livre impactaram os resultados do trimestre e esperava uma reação negativa no pós-balanço devido aos números abaixo das estimativas. O banco avaliou que "os resultados do 3T24 devem levar o consenso a reduzir as estimativas de lucratividade de curto prazo" e mencionou a possibilidade de redução da margem Ebit de consenso em cerca de 1-2 pontos percentuais, o que implicaria uma revisão para baixo do lucro por ação esperado para 2025.
Apesar das quedas no 3T24, o Bradesco BBI manteve a recomendação de outperform para o Mercado Livre, afirmando que os pilares da tese e as perspectivas de longo prazo continuam favoráveis na cobertura do setor de varejo/consumo na América Latina. A Genial também manteve a recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 110 para o BDR.
Com a reação negativa do Mercado Livre, as atenções se voltam para o Magazine Luiza (MGLU3), que reverteu o prejuízo ajustado de R$ 143,4 milhões registrado no mesmo período do ano anterior (3T23) e apresentou lucro recorrente de R$ 70,2 mi no 3T24, conforme balanço divulgado nesta quinta-feira (7) após o fechamento do mercado. As expectativas estão focadas na continuidade da melhora da rentabilidade da varejista de e-commerce.
Nos primeiros nove meses de 2024, o Magazine Luiza registrou um lucro líquido ajustado de R$ 137,4 milhões, revertendo o prejuízo ajustado de R$ 651,6 milhões acumulado no mesmo período de 2023.
O BTG Pactual projeta que o GMV online do Magazine Luiza cresça 3% anualmente, com o GMV consolidado aumentando 6%, e o GMV 3P (marketplace) crescendo 5%. A margem Ebitda pós-IFRS16 deve crescer 250 pontos-base anualmente, alcançando 7,7%.