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Escassez de caminhoneiros pode comprometer a logística global nos próximos anos

Mais de 3 milhões devem se aposentar até 2030, enquanto número de jovens motoristas segue em queda
Por Redação em 9 de abril de 2025 às 7h08
Escassez de caminhoneiros pode comprometer a logística global nos próximos anos
Foto: Reprodução/Pixabay
Foto: Reprodução/Pixabay

A escassez de caminhoneiros profissionais continua sendo um dos principais desafios para o transporte rodoviário internacional. De acordo com relatório da Organização Internacional do Transporte Rodoviário (IRU), atualmente há 3,6 milhões de vagas não preenchidas em 36 países. O número, estável em relação a 2023, reflete uma demanda reduzida, mas também expõe um problema estrutural: a diferença crescente entre a quantidade de motoristas mais velhos e o ingresso de novos profissionais no setor.

O levantamento, baseado em entrevistas com 5.100 empresas de transporte que juntas representam cerca de 70% do PIB global, mostra que até 70% dessas companhias enfrentam dificuldades significativas para contratar motoristas. A média de idade dos profissionais no setor chegou a 44,5 anos. Já a participação de motoristas com menos de 25 anos caiu 5,8% entre 2023 e 2024. Em países como Itália e Alemanha, esse grupo representa apenas 2,2% e 2,6% do total, respectivamente. Na Espanha e na Polônia, os índices são de aproximadamente 3%.

Em sentido oposto, motoristas com mais de 55 anos representam hoje 31,6% da força de trabalho no setor, com percentuais ainda maiores em países como Espanha (50%), Austrália (47%) e Itália (45%). Segundo a IRU, 3,4 milhões de motoristas devem se aposentar nos próximos cinco anos, o que pode agravar ainda mais o cenário se não houver renovação da força de trabalho.

Para o secretário-geral da IRU, Umberto de Pretto, o impacto poderá ser amplo. “Sem uma ação coordenada e contínua, essa bomba demográfica vai explodir, impactando o crescimento econômico e a competitividade em todo o mundo”, afirmou.

O relatório aponta que os salários, frequentemente apontados como barreira, não explicam a dificuldade de contratação. O rendimento médio dos motoristas está entre 30% e 135% acima do custo de vida básico nas regiões analisadas, sem correlação direta com o número de vagas em aberto.

Apesar disso, a satisfação no trabalho é considerada alta. Em pesquisa realizada pela IRU em parceria com a Truckfly by Michelin, 81% dos motoristas declararam estar satisfeitos com a profissão. Entre eles, 57% afirmaram estar “muito” ou “extremamente satisfeitos”. Os índices mais elevados de satisfação foram registrados no Reino Unido, França e Itália.

No entanto, 91% dos motoristas mencionaram a ausência de áreas de descanso adequadas e as más condições nos pontos de entrega como fatores negativos relevantes. Esses pontos são considerados essenciais para tornar a profissão mais atrativa.

O relatório da IRU propõe medidas para enfrentar o problema, como a inclusão da formação de motoristas nos sistemas educacionais, a revisão de restrições etárias para obtenção de licenças e investimentos em infraestrutura de apoio ao transporte.

Segundo de Pretto, “os jovens motoristas que já atuam na profissão estão satisfeitos. O desafio não é manter quem está no setor, mas facilitar o acesso e torná-lo mais atrativo. É fundamental que os governos ajam para reduzir essa lacuna”.

O estudo, com 150 páginas, traz ainda análises detalhadas por idade, gênero, país e tipo de empresa, além de projeções econômicas e estratégias para melhorar a atratividade da profissão no cenário internacional.

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