A Petrobras Distribuidora (BR) assinou, em junho, contrato com a Target Brasil pelo qual esta passa a ser a responsável pelo gerenciamento de risco (GR) de todas as operações de distribuição da empresa, nos modais rodoviário, fluvial e marítimo. As operações tiveram início em 1º de agosto e o acordo tem a duração de cinco anos e valor total de R$ 140 milhões ao longo do período. O trabalho envolve a gestão de cerca de 250 transportadoras cadastradas na BR e abrange cerca de oito mil viagens por dia em todos os modais, sendo a maioria no rodoviário.
A Target Brasil é resultado da joint venture entre a empresa argentina Target – Tecnologia Aplicada ao Risco e à Gestão do Transporte – e a brasileira Haztec Tecnologia e Planejamento Ambiental. A Petrobrás já é cliente da empresa desde 2005 para as operações na Argentina, onde, em seis anos de atuação, conseguiu reduzir os índices de sinistros da BR em 90%, sendo que nos últimos cinco não houve nenhum acidente fatal, segundo informou o presidente da Target Brasil, Javier Maciel.
Antes do fechamento deste contrato no Brasil – que segundo a empresa é o maior do segmento de GR na América Latina – a Target desenvolveu um projeto-piloto no terminal da Petrobras em Betim (MG), chamado projeto CIAM – Centro Integrado de Apoio ao Motorista – tendo como resultado o registro de zero acidente no período de seis meses.
Maciel explica que a principal mudança que ocorrerá neste novo contrato em relação ao que a BR mantinha com outra empresa de GR é que, agora, o foco será deslocado dos roubos e desvios de carga para a redução de acidentes, com atuação preventiva e não reativa. “Nós continuaremos atuando também na questão do roubo e desvio de cargas, que é até mais simples de gerenciar, mas agregaremos uma nova variável, que é a prevenção de acidentes, com foco no condutor”, diz Maciel. “Anteriormente, se aguardava que algo acontecesse para que fosse tomada alguma atitude; agora, faremos uso de uma série de ferramentas incorporando tecnologias, avaliação, treinamento psicológico de motoristas, entre outras, qualificando o risco da viagem antes mesmo dela começar”, continua, explicando que serão adotadas rotinas que visam a disciplina operacional. A meta é reduzir em 50% a ocorrência de acidentes até o final de 2011.
“Muitas companhias ligadas ao setor – como operadores, transportadores, gerenciadores de risco e seguradoras, descobriram que o setor estava muito preocupado com a questão dos roubos, quando na verdade o grande prejuízo, seja de imagem, de produtividade ou financeiro, estava nos acidentes. Quando se analisa a carteira de seguros, se observa que, para cada real que se gasta com o roubo, dez são perdidos com os acidentes. É certamente o que traz mais prejuízos”, reafirma o presidente da TArget, que pó valor de apólices de seguro. “Parte do trabalho é reduzir os custos, mas isto é conseqüência de um melhor gerenciamento, e não o foco principal”.
Metodologia
Segundo dados do IPEA/Denatran, os custos diretos dos acidentes em estradas federais brasileiras superam os R$ 6,5 bilhões anuais. “Hoje, a BR Distribuidora detém 42% do mercado de combustíveis do Brasil, o que justifica sua preocupação com a redução de acidentes. Ela entende que a operação dela não pode resultar em motoristas ou terceiros mortos ou feridos. Criou-se a cultura de que os acidentes são parte do risco da atividade, que não se pode fazer nada, mas nós queremos provar que é possível evitá-los”, diz o executivo.
Para tanto, a empresa adota um software de gestão chamado Vectio, que consolida inúmeras informações, formando o perfil de cada viagem. O trabalho envolve o cadastro dos motorista com seu perfil psicológico e avaliações periódicas de sua saúde física e mental. As rotas são filmadas e analisadas, o que inclui a visita a órgãos públicos para ter conhecimento dos principais trechos percorridos e suas dificulades. Também é analisado e cadastrado o perfil dos veículos e a tecnologia embarcada em cada um deles. Antes da viagem, é feita uma análise também das condições climáticas na rota.
“De acordo com as informações, é tomada uma decisão antes do início da viagem, que pode até não acontecer”, explica Maciel. “Por exemplo, se o motorista não descansou o suficiente, pode ser trocado, ou se houver previsão de chuva no percurso pode ser gerado um aviso de redução de limite de velocidade, por exemplo. Depois, a viagem é monitorada, o que dá origem a um ranking de motoristas e transportadoras. Assim, é criado um sistema de avaliação com base em tudo o que ocorre no dia a dia”, complementa.
De acordo com Maciel, sempre há uma resistência inicial de empresas e motoristas com relação a este tipo de gerenciamento, mas depois eles descobrem que isso vem em seu próprio benefício. “A transportadora começa a ver que um motorista motivado e descansado é mais produtivo e gera menos risco, o que aumenta os lucros da empresa. O motorista tem mais qualidade de vida e a operação ganha com a redução no desgaste dos pneus e manutenção, e a seguradora consegue reduzir o valor das apólices, porque há menos risco. Tentamos mudar o círculo vicioso causado pela avaliação do motorista por produção para outra por produtividade, gerando um círculo virtuoso”, finaliza o executivo.
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