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Crise no Oriente Médio eleva riscos logísticos do petróleo e ameaça a desinflação global

Conflito entre Israel e Irã gera incertezas no mercado de petróleo, com possíveis consequências nos preços globais e na política monetária
Por Redação em 7 de outubro de 2024 às 7h02
Crise no Oriente Médio eleva riscos logísticos do petróleo e ameaça a desinflação global
Foto: Reprodução/Pixabay
Foto: Reprodução/Pixabay

Enquanto o mundo aguarda uma retaliação de Israel ao ataque de mísseis realizado pelo Irã na última terça-feira (1), há incertezas em relação às possíveis consequências para a economia global. A atenção recai sobre o petróleo, dada a relevância da região na produção da commodity. A volatilidade dos preços do barril está atrelada aos riscos que o conflito pode trazer para a oferta, dependendo de como os eventos se desenrolarão.

Nos últimos dias, o preço do barril de petróleo registrou uma alta significativa. Entre segunda e quarta-feira, o barril valorizou 3%, alcançando US$ 73,9. Somente na quarta-feira, a cotação subiu 5%, para US$ 77,62/barril, após declarações do presidente americano Joe Biden. A situação gera um ambiente de atenção no mercado, especialmente devido à importância do Irã na produção e distribuição de petróleo.

Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, comenta que o mercado está em alerta, mas ainda não há pânico generalizado. No entanto, analistas ressaltam que qualquer aumento significativo no preço do petróleo pode impactar os preços e as cadeias de suprimento globalmente. Os analistas estão atentos a declarações do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, que indicou que o Irã cometeu um “grande erro” e que “pagaria por ele”, além da possibilidade de um ataque israelense às instalações nucleares ou de infraestrutura de petróleo do Irã.

Um ataque desse tipo poderia levar a uma escalada do conflito e a uma situação de inflação global, impactando a política monetária. O Irã é um dos cinco maiores produtores da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), enquanto a Arábia Saudita, maior produtora, ainda não está envolvida no conflito, o que pode explicar, em parte, a falta de alta imediata nos preços do petróleo após as tensões.

Walter de Vitto, sócio da Tendências Consultoria, afirma que o fluxo de petróleo é mais importante que a produção. O fluxo é crucial, pois envolve navios-tanque que transportam a commodity. Qualquer fator que comprometa esse fluxo já encarece a logística. Bruno Cordeiro, analista da consultoria StoneX, observa que o mercado ainda tenta entender o nível real dos gastos e acredita que não haverá uma escalada significativa no conflito por enquanto.

A estagnação do comércio de petróleo em razão de uma possível escalada da guerra teria várias implicações. De Vitto menciona que as consequências são difíceis de prever, mas a inflação é uma preocupação imediata. A elevação do preço do barril impactaria diretamente a inflação e, consequentemente, diversas cadeias produtivas, dado que o petróleo é fundamental para a logística e o transporte.

Um aumento nos preços do petróleo poderia resultar em uma maior necessidade de controle da inflação, levando a um aumento nas taxas de juros. Se os preços do petróleo afetarem a inflação global, os investidores provavelmente buscarão ativos mais seguros, como ouro e títulos do governo, evitando ações de mercados emergentes. Eyng destaca que a desvalorização significativa de ativos mais voláteis pode ocorrer, assim como um aumento nos preços de commodities consideradas refúgios em tempos de crise.

Para o Brasil, que já enfrenta problemas inflacionários, a situação pode resultar em um aperto maior nas taxas de juros. Além disso, a alta nos preços do petróleo poderia beneficiar temporariamente as ações das petroleiras, mas o aumento dos custos de energia pode impulsionar a inflação interna, o que influenciaria o Banco Central a adotar uma postura mais rigorosa em relação à taxa Selic. A inflação global também poderia impactar o crescimento econômico do país, afetando o comércio exterior e os investimentos, conforme os analistas.


*Com informações do Capital Aberto.

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