Localizada na América Central e famosa pelo canal que une o Atlântico ao Pacífico, a pequena República do Panamá – que em 2003 comemora 100 anos de independência – quer antecipar-se às mudanças que a Área de Livre Comércio das Américas (Alca) irá provocar na economia do continente e fazer frente aos novos desafios econômicos mundiais.
Com apenas 3 milhões de habitantes, mercado insuficiente para ser um grande centro de consumo ou industrial, o país quer transformar-se num dos principais hubs logísticos da região, servindo de ponto de logística e redistribuição de cargas tanto no sentido sul-norte como norte-sul.
A idéia é aproveitar a localização geográfica e o atrativo representado pelo canal e agregar a eles infra-estrutura de transportes e serviços, transformando o país em uma plataforma de redistribuição, um buffer intermediário entre as zonas produtoras e consumidoras. E transformar sua zona livre, voltada a pequenos importadores e exportadores, em um centro regional de logística.
Como explica Jorge Fernández Urriola, gerente geral da Zona Livre de Colón (ZLC) – a segunda maior zona livre do mundo, atrás apenas da de Hong Kong, localizada na costa Atlântica do Panamá –, o governo e as empresas ali instaladas estão vendo com muita preocupação o que consideram um desgaste do modelo atual de negócios do país, pela competição que há na região e pela possibilidade da criação da Alca, que invalidaria as vantagens fiscais oferecidas pela ZLC, igualando as condições comerciais no continente.
"Hoje, enfrentamos uma competição acirrada. Somos a maior zona livre da América Latina, mas não a única. Em todo o continente, deve haver cerca de 200 áreas desse tipo. Só o Uruguai – para dar um exemplo de um país pequeno – tem sete, inclusive uma nossa. Assim, é preciso diversificar a oferta e sair desse modelo tradicional", acredita o gerente geral.
"A verdade é que, dentro do nicho oferecido aqui dentro, os operadores logísticos, os chamados 3PL, ainda são poucos. A maioria dos usuários são pequenas empresas que compram na Ásia e Europa para vender na América Latina e Caribe.
E já existem muitos casos de fabricantes que se instalaram na região para vender diretamente aos consumidores finais, acabando com a intermediação. Muitas empresas asiáticas estão fazendo isso, o que representa um desafio para nosso modelo", afirma Fernández.
A solução que o país encontrou para não comprometer seu potencial de crescimento foi agregar aos benefícios da zona livre serviços agregados de logística. Além do canal, o Panamá conta com terminais portuários bem equipados nas duas entradas, o Terminal Internacional de Manzanillo (MIT) e o porto de Cristóbal, no lado Atlântico, e o terminal de Balboa, localizado no lado do Pacífico, próximo da capital do país.
Silvia Marino*
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