O desabamento da ponte Juscelino Kubitschek, que conecta os municípios de Estreito (MA) e Aguiarnópolis (TO), causou graves impactos econômicos na região. Um mês após o incidente, as atividades comerciais e empresariais continuam prejudicadas, com empresas enfrentando queda no faturamento e redução de postos de trabalho. O acidente também resultou no desaparecimento de 17 pessoas, das quais 14 foram localizadas, enquanto as buscas continuam para encontrar três desaparecidos.
A região, que depende do transporte rodoviário de cargas pela BR-226, está entre as mais afetadas. O corredor é estratégico para o escoamento de produtos como milho e soja, provenientes de estados como Mato Grosso, Pará, Tocantins e Piauí. Antes do colapso, mais de 2 mil caminhões transitavam diariamente pela rodovia.
Segundo a Associação Comercial, Industrial, de Serviços e Agronegócios das Micro, Pequenas e Médias Empresas de Estreito e Região (Acisape), aproximadamente 70% das empresas registraram queda em suas atividades. Entre os setores impactados estão comércios de bens e serviços, incluindo postos de combustíveis, restaurantes e lojas de materiais de construção.
Impactos sobre empresas e empregos
Empresas locais enfrentam dificuldades para manter suas operações. Bernardo Maciel, vice-presidente da Acisape, relatou que algumas companhias estão transferindo atividades para outras cidades, enquanto outras enfrentam demissões. Um posto de combustíveis da região, que vendia até 50 mil litros por dia, teve queda de 90% nas vendas. O proprietário já demitiu 10 funcionários e prevê novas demissões.
Outras empresas, como concessionárias de peças e serviços para caminhões, registraram redução no movimento e enfrentam dificuldades financeiras para pagar fornecedores e manter a folha de pagamento. Uma delas, com 77 funcionários, já concedeu férias a 21 colaboradores e está em processo de reorganização para evitar mais demissões.
O impacto também foi sentido em açougues, mercados e lojas de roupas. Um açougue local relatou queda de 84% nas vendas, principalmente devido à redução de pedidos de restaurantes e churrascarias localizados na BR-226.
Medidas emergenciais e ações do governo
Empresários e associações da região protocolaram uma ação civil pública solicitando medidas emergenciais, como a criação de um fundo de assistência para famílias e empresas afetadas. Eles pedem ainda a abertura de linhas de crédito especiais e a adoção de políticas semelhantes às aplicadas em desastres anteriores, como o apagão em São Paulo em 2024.
Na semana passada, o governo federal anunciou o repasse de R$ 793 mil para Estreito e R$ 397 mil para Aguiarnópolis, destinados a ações de Defesa Civil. Além disso, o Banco do Nordeste liberou operações de crédito com prazos de carência de até 24 meses.
Serviço de balsas e retirada de veículos
O transporte de pessoas e veículos entre os dois estados depende agora da instalação de balsas. O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) informou que o serviço começará após a conclusão de acessos e a obtenção de licenças. Paralelamente, técnicos trabalham na retirada de veículos que ficaram na estrutura remanescente da ponte, com previsão de conclusão ainda nesta semana.
Buscas pelos desaparecidos
As buscas pelas três pessoas ainda desaparecidas prosseguem com o uso de embarcações e drones. Mergulhos foram suspensos devido ao aumento no volume de água causado pela abertura de comportas da usina hidrelétrica de Estreito.
O desabamento da ponte trouxe à tona a dependência econômica da região em relação à infraestrutura de transporte e a necessidade de intervenções rápidas para minimizar os prejuízos às comunidades afetadas.
*Com informações da Agência Brasil.