A DHL Supply Chain Brasil, empresa do Grupo Deutsche Post DHL voltada aos contratos logísticos, vem se estruturando cada vez mais para atender a um setor que ela acredita ser promissor no país, o de tecnologia, que de acordo com dados fornecidos em coletiva realizada nesta quinta-feira, 7 de agosto, representa perto de 40% do seu faturamento no país e cerca de 15% do volume financeiro da DHL Supply Chain Americas. E a tendência é de crescimento, como o obtido em 2013, 10% superior ao registrado no ano anterior, conforme revelou Marcos Menna, diretor Sênior de Operações da empresa.
A atenção especial ao segmento de tecnologia se baseia também num recente estudo realizado pela DHL, chamado “O caminho para o crescimento: moldando a cadeia de suprimentos no setor de tecnologia em mercados emergentes”, que demonstrou que os países emergentes – entre eles os do bloco BRICs, ao qual pertence o Brasil – apresentam oportunidades e desafios únicos para as empresas do setor, que demandam soluções customizadas.
“O estudo revelou que os mercados emergentes apresentam constante evolução e têm suas próprias particularidades e desafios. Entre eles, um crescimento imprevisível na demanda, causado por uma classe média em ascenção com poder de compras crescente, tendo como contrapartida maior volatilidade, exposição a riscos diversos, problemas de segurança e infraestrutura”, enumera Ricardo Guidi, diretor de Operações da DHL Logistics Brasil. De acordo com dados da empresa, até 2025 os país emergentes responderão por cerca de 48% do consumo de produtos de tecnologia.
Todos estes fatores fazem com que os fabricantes busquem cada vez mais terceirizar a logística com um parceiro especialista, em busca principalmente do custo e da velocidade adequados à demanda. “Este é um setor muito pressionado por custo e tempo, uma vez que os ciclos de vida dos produtos são cada vez menores, e nosso desafio é como atendê-lo com rapidez e um nível de serviços adequado”, coloca Menna.
Tudo isso tem levado a DHL Supply Chain a buscar soluções específicas para esta cadeia, investindo em infraestrutura, processos e sistemas. Presente no Brasil há 15 anos, hoje a companhia possui 59 centros de distribuição, sendo dez deles voltados ao segmento de tecnologia, que tem à sua disposição 2.500 colaboradores dedicados (entre os 10 mil que a empresa emprega no total no país), movimentando 120 mil toneladas por ano de produtos como celulares, televisores, eletroeletrônicos em geral, computadores e impressoras.
Além da logística direta, que envolve o recebimento e expedição, armazenagem, gestão de estoques, transporte e distribuição, a empresa oferece ainda aos clientes de tecnologia soluções como logística reversa e reparo de equipamentos dentro de seus próprios CDs. Atualmente, duas unidades da DHL Supply Chain no estado de São Paulo estão aptas a realizar estes serviços. Nelas, os itens são avaliados dentro de critérios definidos pelo próprio cliente, podendo ser encaminhados para o descarte, depois de sofrer um processo de descaracterização, ou serem reparados na área específica de laboratório. Depois de prontos, os produtos passam pela linha de “maquiagem”, com troca de peças externas, e são disponibilizados novamente ao mercado.
Por ora, a destinação final ainda está a cargo de empresas parceiras especializadas, que possuem as licenças exigidas para estas atividades. Mas a ideia é que a DHL possa se responsabilizar também por esta etapa no futuro.
Atualmente, a empresa atende a 15 clientes no setor de tecnologia, todos multinacionais e grande parte deles clientes globais. O foco no segmento é tamanho que a DHL Supply Chain possui um vice-presidente mundial dedicado à logística reversa com foco em descaracterização, descarte e recuperação de produtos. Os três mercados em que esta operação é mais relevante são Reino Unido, Austrália e Brasil. A empresa não soube precisar o quanto foi investido no desenvolvimento desta atividade.
De acordo com Menna, um dos grandes desafios é com relação à segurança das cargas, o que representa ainda um custo expressivo dentro da operação. A empresa possui uma diretoria de gerenciamento de riscos e tem cuidados redobrados. Por exemplo, todo caminhão que carregue mais de R$ 100 mil em mercadorias deve obrigatoriamente ter escolta, ser rastreado por sistemas redundantes e ter ainda os chamados “vírus de carga” que são sensores de localização colocados aleatóriamente na carga para sua localização e recuperação em caso de roubos. “Com isso, nosso índice de sinistralidade é de 0,06% dos embarques, contra uma média de 0,5% do mercado”, garante Guidi.
Outros desafios do setor, segundo Menna, são a integração de sistemas e a visibilidade para o cliente, e os sistemas fiscais e financeiros, para dar conta da complexidade das operações. “Além disso, como recebemos ordens a todo momento, existe a preocupação com o seu gerenciamento. Descobrimos que, segurando um pouco os embarques e consolidando os pedidos, conseguíamos otimizar o uso da frota, reduzindo custos e também reduzindo o índice de emissões das operações”.
A divisão de Supply Chain no Brasil foi a que mais cresceu no mundo no ano passado, apresentando resultados 22% superiores aos de 2013. Números do segundo trimestre de 2014 divulgados ontem dão conta de que a divisão faturou 3,6 bilhões de euros no período, diante de um faturamento global do grupo Deutsche Post DHL de 13,7 bilhões de euros. Já o faturamento global do grupo em 2013 foi de 55 bilhões de euros.