A Aliança Navegação e Logística, empresa de cabotagem pertencente ao Grupo Oetker, também proprietário da Hamburg Süd, anunciou, durante a feira Intermodal South America, evento que acontece no Transamérica Expo Center, em São Paulo, que colocará em operação um novo serviço de cabotagem, especialmente desenvolvido para o setor de cargas de projeto, que são aquelas de grande peso e dimensões, que enfrentam dificuldades no transporte por via terrestre.
De acordo com Mark Juzwiak, gerente-geral para assuntos institucionais da Aliança, o serviço deverá ter início no próximo mês de maio e não terá escala fixa, podendo atender às necessidades pontuais dos clientes. “É o primeiro navio deste tipo a operar na costa brasileira, e poderá atender a empresas dos setores termelétrico, hidrelétrico, eólico e usinas, entre outros, que operam cargas deste perfil, como transformadores, reatores, turbinas, torres de transmissão, pás eólicas, guindastes e geradores”. A princípio, o serviço está disponível de Rio Grande (RS) a Fortaleza, podendo ser estendido para Manaus e, posteriormente, para Argentina e Uruguai.
Nomeado “Aliança Energia”, o navio afretado vem do Caribe e, após a chegada, será nacionalizado, recebendo bandeira brasileira, quando começará a operar. A embarcação tem capacidade para operar aproximadamente 19 mil toneladas de carga e está equipado com três guindastes que, juntos, podem içar peças de até 800 t.
O gerente-geral explica que a cabotagem em navios especializados traz vantagens competitivas em comparação a outros modais devido à grande distância entre as indústrias e o destino final. Com as limitações da infraestrutura e o longo tempo de percurso do modal rodoviário, a cabotagem é uma alternativa interessante, trazendo maior segurança às operações e à integridade da carga, menores custos e redução do tempo de percurso, além da diminuição das emissões de CO2. “A expectativa é que o setor de cargas de projeto chegue a representar 6% dos negócios de cabotagem da Aliança”, afirma Juzwiak.
Números de 2013
Além do novo serviço, a empresa aproveitou a Intermodal para divulgar os números de 2013, relativos tanto aos serviços de cabotagem da Aliança quanto aos de longo curso, da Hamburg Süd. De acordo com Julian Thomas, presidente das duas companhias, o ambiente de negócios foi bastante desafiador no ano passado, quando o volume trafegado no transporte internacional apresentou decréscimo, enquanto a oferta de capacidade aumentou, o que fez com que os fretes, de um modo geral, tenham se mantido em queda.
A movimentação de contêineres em 2013 apresentou aumento de 1% em relação ao ano anterior, totalizando 3,3 milhões de TEUs. Deste total, Thomas calcula que cerca de 1,4 milhão de TEUs sejam do Brasil, Argentina e Uruguai no tráfego. No longo curso, o crescimento de mercado no Brasil foi de 9,5% na importação e de 1,2% na exportação. A queda dos fretes e a depreciação do dólar em relação ao euro fizeram com que o volume de negócios global da companhia apresentassem queda de 4%, totalizando 5,3 bilhões de euros.
Os investimentos, em compensação, cresceram significativamente em 2013, com 450 milhões de euros, frente aos cerca de 247 milhões de euros em 2012. O montante foi investido principalmente nos novos navios porta-contêineres adquiridos, sendo 12 com capacidade para entre 9 mil e 9.600 TEUs e quatro para 3.800 TEUs. De acordo com o presidente, a maior parte deste investimento veio para o Brasil, com novos navios, além de contêineres que também são utilizados no trade com o país.
Já com relação à Aliança, os resultados foram considerados bastate satisfatórios, com faturamento 17% superior sobre 2012. “Executamos um programa agressivo de renovação da frota de cabotagem em 2013, o que nos trouxe maior capacidade. Mesmo assim, continuamos a enfrentar um ambiente desafiador para a modalidade no país, com as dificuldades de infraestrutura e burocráticas, o preço elevado do Bunker (combustível), que, ao contrário do diesel para os caminhões, não é subsidiado. Além disso, o atraso na entrada de operação de alguns grandes terminais marítimos causou cancelamento de atracações, causando prejuízos”, enumerou o executivo.
Para este ano, ele espera um desempenho menor que o de 2013 para o longo curso, com crescimento de 5% da importação e de 1% na exportação. Já para a a cabotagem, o desempenho deve ser superior, com esperados 15% de evolução, já que a empresa terá um ano pleno de operação da nova frota.
Thomas acredita num impulso ao setor com a nova lei dos portos. “Só que projetos de novos terminais marítimos têm maturação longa e os resultados só devem aparecer no médio prazo”. O executivo afirma que a empresa está aberta a operar portos e terminais e está observando as licitações para ver o que pode ser feito dentro do escopo na nova lei. “Temos interesse especialmente nas regiões Nordeste e Norte, e poderemos tanto operar sozinhos como com parceiros”.