A Câmara Americana de Comércio (Amcham) realizou hoje, dia 29 de agosto, em sua sede em São Paulo, um debate a respeito do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), com atenção especial para o Programa de Investimentos em Logística: Rodovias e Ferrovias, anunciado pela presidente Dilma Rousseff em Brasília no último dia 15.
Além do presidente do Comitê de Logística da Amcham, Thiago Aracema, e do vice-presidente, Roque Cifu, a mesa de debates contou com a presença do secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato, e do coordenador do Centro de Excelência em Logística e Supply Chain da Fundação Getulio Vargas (FGV), Manoel Reis.
Durante o debate, Perrupato destacou a continuidade de algumas obras prioritárias previstas no PNLT que devem contribuir para a infraestrutura da logística nacional, como a Ferrovia Norte-Sul, a Transnordestina, e o Rodoanel de São Paulo, bem como novos projetos que devem, finalmente, sair do papel, como o Ferroanel paulista. “Passamos um quarto de século sem investir praticamente nada em transporte, por isso temos tantos gargalos hoje em dia”, disse o secretário.
Segundo ele, os investimentos em novas ferrovias, principalmente, devem beneficiar a Região Centro-Norte do Brasil, que vem crescendo em um ritmo maior em relação às demais regiões brasileiras, com o favorecimento do abastecimento e do escoamento de sua produção. Manoel Reis acredita que o PNLT proporcionará ao Brasil maior competitividade no comércio exterior, diretamente atingido por melhoras como redução dos custos logísticos e dos tempos de viagem nos transportes de carga pelo País, além de potencializar a intermodalidade e trazer mais eficiência operacional. “Temos vocação para sermos um grande exportador de commodities, principalmente no setor de alimentos, por exemplo. Por isso as obras são mais do que necessárias”, analisou o coordenador.
Reis se mostrou preocupado, porém, com o passo com que as obras de infraestrutura acontecem no Brasil, o que pode prejudicar os prazos estabelecidos pelo PNLT. “Devemos ter um equilíbrio maior dos modais até 2025, mas a velocidade sempre foi um problema em qualquer obra brasileira”, disse. Perrupato atentou-se também para o fato de que a infraestrutura nacional é muito datada. “Precisamos fazer rodovias e ferrovias para o século 21. As tecnologias dos veículos evoluíram, mas as vias não”, observou o executivo.
De olho nas próximas etapas do PNLT, Reis fez questão de lembrar que o modal aquaviário não pode ser deixado de lado pelo Governo Federal. “As hidrovias são tão importantes quanto as ferrovias na geografia brasileira. Precisamos investir nelas também”, expôs, lembrando também dos benefícios que o modal deve proporcionar para o ecossistema, já que o transporte rodoviário é o modal mais poluidor.
Perrupato falou ainda sobre as diferenças das concessões previstas no novo plano e as privatizações feitas no passado. “Trata-se de uma associação entre o poder público e o poder privado. As vias continuam sendo patrimônios públicos. Elas voltam para o governo ao final de cada ciclo de concessão. O governo é responsável pela estruturação, pelo esqueleto do projeto”, explicou.
“Vamos pegar as rodovias e ferrovias já existentes para aumentar e melhorar. O Brasil está crescendo, mas ainda temos uma logística ineficiente. Contudo, sabemos o que precisamos fazer e quanto vamos gastar. Agora só precisamos, de fato, fazer”, finalizou Perrupato.