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Brasil sela acordos de cooperação com a Alemanha na infraestrutura

Por Redação em 2 de dezembro de 2009 às 10h37 (atualizado em 14/04/2011 às 10h48)

Tendo como ponto de partida os grandes eventos esportivos que o país irá sediar nos próximos anos e a experiência alemã no setor, país busca investimentos e conhecimento em projetos de infraestrutura

A expectativa de um grande intercâmbio de conhecimento entre os dois países marcou a 2ª Conferência de Logística Brasil-Alemanha, realizada na última quinta-feira, no Rio de Janeiro, e promovida pela Câmara de Comércio Brasil-Alemanha e pela Associação Alemã de Logística (BVL). Presentes ao evento, autoridades do governo ligadas à área de transporte de ambos os países, como Julio Lopes, secretário estadual da pasta no Rio de Janeiro, e Sabine Groner-Weber, representante alemã do Ministério Federal do Trânsito, Construção e Urbanismo.

Além deles, o evento contou com a presença de membros do Governo Federal, como o Ministro Pedro Brito, da Secretaria Especial de Portos (SEP), de acadêmicos do assunto, como Frank Straube, da Universidade Técnica de Berlim, e o professor Paulo Fleury, presidente do Instituto de Logística e Supply Chain – ILOS, e importantes empresários e executivos do segmento, como Ottmar Gast, membro do Conselho da Hamburg Süd; Thomas Wimmer, presidente da Associação Alemã de Logística; Ricardo Bomeny, CEO da Brazil Fast Food; Carlos Schad, Presidente da Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná (ADTP); e Richard Klien, presidente do Conselho de Administração da Multiterminais, entre outros, que discutiram os maiores desafios do cenário atual e o que pode ser feito para superá-los nos próximos anos.

“Sediar a Copa em 2006 também representou um grande desafio para a Alemanha”, afirmou Sabine, completando que, para contornar tais desafios, o país se reuniu em torno de um plano master de infraestrutura de transporte, que contemplou principalmente a ligação entre os grandes centros consumidores e a área rural produtiva. Segundo ela, o resultado mais duradouro desses esforços e investimentos, passado o evento que os motivou, é o fato de a Alemanha ser hoje um portal europeu para a chegada de produtos estrangeiros.

A representante do ministério alemão salientou que seu país se coloca à disposição do Brasil para a troca de experiências nesse processo, afirmando que a conferência representa um marco na ampliação da colaboração com o Brasil. Para Sabine, os laços entre os países devem se estreitar, tanto em termos de expertise quanto em nível comercial, salientando que há hoje no mercado brasileiro cerca de 1.200 empresas alemãs que, juntas, somam 250 mil colaboradores e faturam 25 bilhões de euros por ano.

Como parte da cooperação em inteligência, a representante do governo alemão afirmou que ambos os países estão formando uma comissão mista de estudos nesse sentido. Essa junta será coordenada por José Newton Barbosa Câmara, pelo lado brasileiro, e só não teve ainda um representante alemão nomeado devido à transição de governo no país europeu, que dura desde setembro último, data das últimas eleições. Um dos pontos a serem levantados pelo grupo deverá ser a questão fiscal: como realizar os investimentos necessários, mantendo o equilíbrio das contas públicas e sem ultrapassar o limite de endividamento.

Dados apresentados por Frank Straube, diretor-presidente do Instituto de Tecnologia e Gestão e chefe do setor de Logística da Universidade Técnica de Berlim, demonstram um relevante fluxo comercial entre Brasil e União Europeia e o aumento do volume movimentado entre o país e a Alemanha, especificamente. Segundo o acadêmico, a Europa é dos principais parceiros comerciais brasileiros, absorvendo 22,4% de suas exportações. Em 2008, o Brasil exportou 26 bilhões de euros para o continente e importou de lá outros 35,5 bilhões de euros. O tráfego de contêineres originado aqui com destino à Alemanha totalizou 331.147 TEUs em 2007 e 343.401 TEUs em 2008. “Com números como esses, os maiores desafios do Brasil na consolidação de uma rede logística eficiente são a falta de transparência na informação, a integração entre as operações portuárias e o restante da cadeia de transportes e o uso racional das estruturas – infra e super”, elencou Straube.

Projetos
Representando o Governo do Rio de Janeiro, o secretário da Casa Civil, Régis Fitchner, lembrou que o estado receberá os maiores eventos esportivos dos próximos anos, abrigando os Jogos Militares de 2011, que reunirão cem países, além de ser uma das sedes da Copa do Mundo de Futebol de 2014 e de receber os Jogos Olímpicos de 2016. Fitchner destacou a construção do arco rodoviário, previsto para terminar daqui a dois anos, como um grande indutor de crescimento da economia fluminense. O secretário estadual de Transportes, Julio Lopes, salientou ainda que a sinergia política promovida pelo governador do Rio, Sérgio Cabral, tem estimulado a prospecção de parceiros nacionais e internacionais da iniciativa privada interessados em investir no estado.

No âmbito da integração marítima entre os países, o ministro Pedro Brito, da SEP, destacou o status do programa de desenvolvimento de infraestrutura, enumerando recentes iniciativas e investimentos, como a dragagem dos 20 maiores portos nacionais. “Este programa está modificando o sistema portuário brasileiro, que cresce 21% ao ano. Há dez anos, nossos portos operavam 22 contêineres por hora; hoje são 40 e a previsão é de que cheguemos a 70 nos próximos cinco anos”, apontou.

No evento, ele anunciou, ao lado de Frank Straube, a criação de uma Plataforma de Colaboração da comunidade marítima Brasil-Alemanha. Também ficou estabelecida a criação de um grupo de trabalho no Brasil que irá à Alemanha conhecer em detalhes os projetos e os diferentes atores da rede logística intercontinental (portos, operadores de terminais, hubs de carga, portos secos, sistemas multimodais de transporte fluvial). Também ficou decidida a realização de um seminário logístico na Alemanha, após esta visita, para transferir tecnologia e definir as prioridades para esta iniciativa no Brasil. A Universidade Tecnica de Berlim e o Instituto ILOS irão trabalhar conjuntamente em duas pesquisas sobre o segmento.

Evento anual

A conferência contou também com várias palestras sobre temas relativos à infraestrutura e às oportunidades de cooperação bilateral Brasil-Alemanha, discutindo os desafios da integração marítima e a expansão e melhoria na infraestrutura do transporte terrestre. Elas contaram a experiência de empresas brasileiras e alemãs, como Luft Logistics, Volkswagen do Brasil, TNT Logistics, Vale, Braskem e Continental Automotive.
Um termômetro da crescente importância das relações entre Brasil e Alemanha foi a decisão de tornar o evento – até então bianual – como anual, sendo realizado alternadamente no Brasil e na Alemanha.

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