Empresas farão cooperação em rotas em que não são concorrentes na América do Sul e Europa
A portuguesa TAP Cargo e a brasileira TAM Cargo assinaram ontem, durante a Intermodal, um acordo operacional para o transporte de cargas, visando aproveitar a complementaridade de suas rotas para atingirem novos destinos na Europa e América do Sul. Pelo acordo, a carga seguirá até o último aeroporto atendido por uma das parceiras, onde a outra assumirá o envio até o destino final. As empresas já são parceiras na Star Alliance e o acordo contempla ao total trinta novos destinos, reforçando a posição de Portugal e Brasil como hubs de cargas nas duas regiões.
O acordo já entrou em vigência e, a partir de agora, a TAM Cargo passa a atender a 15 novos destinos na Europa e África: Lisboa, Porto, Amsterdã, Praga, Budapeste, Estocolmo, Copenhagen, Oslo e Zagreb; Luanda, Maputo, Dakar, Sal, São Tomé e Guiné Bissau. O mesmo número de destinos que ganhou a TAP, sendo dez no Brasil (Vitória, Florianópolis, Porto Alegre, Curitiba, Manaus, Belém, Goiânia, Aracaju, João Pessoa e São Luiz) e cinco na América do Sul (Assunção, Buenos Aires, Lima, Montevidéu e Santiago).
De acordo com as parceiras, o acordo abrirá diversas possibilidades de mercado de exportação de qualquer ponto do Brasil para qualquer ponto da Europa e vice-versa, e dará aos exportadores melhores opções logísticas, mais destinos e maior rapidez de colocação de mercadorias em mercados emergentes.
“Esta é uma aposta importante contra a crise, permitindo às duas empresas explorar novas possibilidades”, afirmou o administrador executivo da TAP, Luís Ribeiro Vaz. Já o diretor de Cargas da TAM, Carlos Amodeo, disse que a expectativa com a parceria é de que as duas empresas cresçam, no mínimo, 50% em volume, pelo maior número de destinos atingidos.
O acordo não visa aumento de oferta de espaço, uma vez que já existe capacidade ociosa nas rotas operadas pelas duas empresas. O objetivo principal é justamente aproveitar esta ociosidade para captar mais cargas. Serão utilizados os porões das aeronaves de passageiros. Cargueiros por hora estão descartados, mas podem ser considerados caso a demanda supere a capacidade ofertada. Atualmente, a TAP opera cargueiros entre Lisboa e o Senegal, devido à elevada demanda.
Sem precisar números, Amodeo afirmou que serão ofertados “milhões de kg por dia na rota doméstica no Brasil”. Já a TAP oferta diariamente 140 toneladas entre Brasil e Europa em mais de 60 voos semanais. Com relação ao hub regional, Vaz aposta em Brasília, que é descongestionada em relação a Guarulhos, por exemplo. Além disso, Brasília tem incentivos fiscais, tendo se transformado em um importante polo químico-farmacêutico. Todos os aeroportos utilizados na parceria são alfandegados, viabilizando deste modo o rápido desembaraço das cargas. “A operação não é porta a porta; o desembaraço fica por conta do próprio cliente”, resume Amodeo.
Com relação às cargas, a TAP opera, para a Europa, produtos agrícolas brasileiros, principalmente, flores, frutas e pescados. Já na rota inversa são transportados principalmente autopeças e partes, produtos de telecomunicações e metalurgia. Com a parceria, são esperados principalmente insumos e produtos de alto valor agregado. Em 2008, a companhia portuguesa transportou, a partir do Brasil, 17 mil t de carga e correios, sendo que 98% deste total tiveram como destino a Europa. A TAP é a segunda maior companhia IATA de Carga Aérea do Brasil, com um share de 11%
As empresas trabalham agora na integração dos sistemas de informação, para obter maior eficiência. “É nosso dever de casa”, brincou o gerente Comercial de Cargas Internacionais da TAM Cargo, Luiz Antonio Beraldo. “O rastreamento da carga já é possível através dos sistemas das duas empresas, pois quando não estiver em uma, a carga estará com a outra”, explicou. Porém, a responsabilidade será sempre da empresa que emitir o AWB (conhecimento de transporte aéreo). A visibilidade da carga também é possível através da IATA, da qual as duas empresas são signatárias.