Investimentos no complexo viário local e no Porto de São Sebastião dominam o debate
Mostrar os gargalos logísticos que afligem os empresários do Vale do Paraíba, apresentar projetos e discutir soluções, foram alguns dos temas debatidos ontem, 13 de junho, durante a palestra “O cenário atual e as perspectivas relacionadas ao Complexo Ayrton Senna, Carvalho Pinto, D. Pedro, Tamoios e Porto de São Sebastião”, proferida pelo presidente do Dersa, Thomaz Aquino, na Logisvale – feira e simpósio de logística e comércio exterior.
O presidente da Vantine Logistics Solutions e coordenador do debate, José Geraldo Vantine, lembrou que o tema é recorrente na região. Isso porque, ele diz, o Porto de São Sebastião, hoje administrado pelo Dersa, apresenta baixo índice operacional. “Temos muita operação de granel, que possui baixo valor agregado, e alguns embarques de carros da General Motors, de São José dos Campos, e da Volkswagen, de Taubaté”, frisa. Para Vantine, o porto requer investimentos, uma vez que está localizado em um importante centro industrial. “As empresas devem saber o que o governo pensa para investir em suas ações.”
Na opinião de Aquino, o setor de logística e transporte está vivendo um momento rico de novidades. “Temos investimentos em obras de infra-estrutura próximos de acontecer efetivamente”, diz. O presidente cita que um importante gargalo, que é a transposição da região da Grande São Paulo, tem recebido atenção.
O executivo conta que o trecho Sul do Rodoanel deve ser concluído em 2010. Há outras ações. “Temos um projeto de fazer o corredor exclusivo de carga na Avenida dos Bandeirantes. Serão duas pistas, próximas ao canteiro central”, explica. A Avenida Jacu-Pêssego também receberá investimentos, a fim de melhorar o fluxo na Grande São Paulo. “Ligaremos a avenida até a rodovia Ayrton Senna e construiremos um entroncamento para o Rio de Janeiro e São Paulo”, afirma. A previsão é de que a obra seja concluída no final deste ano. Ainda na Jacu-Pêssego, na divisa dos municípios de Mauá e São Paulo, será construído um acesso para ligá-la à Avenida João XXIII – que contará com acesso ao Rodoanel Sul.
Atuação regional
Já para o Complexo Ayrton Senna, Carvalho Pinto, D.Pedro, Tamoios, Caraguatatuba e Porto de São Sebastião, denominado Corredor de Exportação, Aquino revela que, ainda este ano, serão publicados editais para que concessões sejam concedidas a partir de 2008. Algumas obras, contudo, estão previstas. “Estamos trabalhando na duplicação do trecho que liga a Dutra à Carvalho Pinto”, salienta.
O foco dos trabalhos, entretanto, é a duplicação da Rodovia dos Tamoios. Apesar da orientação do governador de São Paulo de que os trabalhos continuem no local, há um empecilho. O presidente do Dersa calcula que, em 80% do tempo, a rodovia é ociosa, explicando, assim, a dificuldade de se fazer fortes empreendimentos.
Ações paralelas já foram estruturadas. Em uma delas, a estratégia era aprovar a concessão única – D. Pedro, Ayrton Senna, Carvalho Pinto e Tamoios – para que o concessionário, com a receitas das vias mais lucrativas, fosse o responsável pelas obras na Tamoios. A idéia, contudo, não prosperou. “Estudos econômicos postergavam a duplicação da Tamoios e o governo quer as obras num prazo mais curto”, define. A saída foi permitir a concessão da D. Pedro, Ayrton Senna e Carvalho Pinto separadamente.
Mas, na opinião de Aquino, mais importante do que a duplicação do planalto e da serra são as obras nos contornos de Caraguatatuba e São Sebastião. “Temos que viabilizar o viário complementar na Baixada. Isso é crucial para qualquer projeto de ampliação do porto. Já temos obras em andamento e recursos disponibilizados”, assegura.
No Porto de São Sebastião, as iniciativas estão em andamento. O presidente informa que, nesta sexta-feira, 14 de junho, será assinado um convênio entre o governo do estado e o governo federal para que o executivo paulista seja o gestor do porto por 25 anos, renováveis por mais 25 anos. Há algumas exigências. “Será necessário o estado criar uma empresa para administrar o porto, inclusive existe uma autorização legislativa que permite a criação da Companhia Docas de São Sebastião”, divulga. Aquino aguarda que isso aconteça no mês de outubro. Até lá, o porto continua sob administração do Dersa.
O vice-presidente executivo do Sindicato das Empresas de Transporte Comercial de Cargas no Vale do Paraíba e Litoral Norte (Sindivapa), Rafael Darrigo, comentou as notícias. “Os projetos do Dersa trazem boas perspectivas, pois uma de nossas preocupações era a ligação entre Caraguatatuba e São Sebastião que, pelo visto, está nos planos.”
Desafios
O diretor da Loxus – Companhia de Logística da América do Sul, Luiz Augusto Ópice, se mantém cauteloso quanto ao resultado das obras. “Não devemos esperar a atracação de navios porta-contêiner no Porto de São Sebastião em menos de dez anos”, conclui. Isso porque, ele continua, qualquer iniciativa de investidores no porto está relacionada às obras viárias.
Ópice sugere uma alternativa aos empresários do Vale do Paraíba. Segundo ele, é preciso investir na multimodalidade e avançar nos métodos e práticas das operações logísticas. “Aqui na região temos qualificação técnica, aeroporto, porto, mas somos carentes de operações logísticas. Temos de parar de olhar para o estado como o solucionador de nossos problemas”, pontua.
Na opinião de Ópice, o Porto de São Sebastião nunca competirá com o de Santos, mesmo após o término das obras. “No máximo um armador de médio porte iniciará as operações”, avalia. O diretor faz mais um alerta: “Não se espantem se o Porto de São Sebastião se tornar um dos maiores exportadores de etanol do Brasil. Se isso ocorrer, a estrutura do porto terá de se adequar, o que impedirá a operação do álcool com determinados produtos.”
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