A Fretebras divulga que após sucessivos aumentos no diesel, o preço do frete rodoviário começa a dar indícios de alta, porém sem acompanhar a escalada de preço do combustível. Esta é a conclusão apontada pela edição de maio do Índice Fretebras do Preço do Frete (IFPF). Entre maio de 2021 e maio de 2022, o custo do transporte por quilômetro rodado por eixo no Sudeste, atingiu alta recorde de 7,20%, desde fevereiro de 2021 quando o índice começou a ser divulgado, enquanto o preço do diesel S500, no mesmo período, subiu 51,16%.
Com a nova alta de 14,26% anunciada em 17 de junho pela Petrobras, a expectativa da Fretebras é que os caminhoneiros autônomos intensifiquem as negociações dos fretes, para tentar compensar a escalada no custo do transporte. Diante deste cenário, a Fretebras realizou uma enquete com mais de 1.300 motoristas e o resultado mostrou que 44,8% dos participantes dizem que consideram deixar a profissão em breve, devido ao aumento nos custos do transporte.
Os dados que compõem o Índice Fretebras de Preço do Frete (IFPF) têm base na análise de cerca de 4 milhões de fretes cadastrados até maio de 2022. A plataforma conta com mais de 700 mil caminhoneiros cadastrados e 18 mil empresas assinantes. Os fretes publicados cobrem 95% do território nacional. Foram analisados também os preços de combustíveis publicados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
O diretor de Operações da Fretebras, Bruno Hacad, afirma que apesar das iniciativas do governo de gerar mudanças positivas neste cenário de diesel muito alto, como o teto do ICMS e a redução do gatilho nos ajustes da tabela de preço mínimo, a verdade é que o principal fator que influencia no valor dos fretes é a lei de oferta e demanda.
“Se os caminhoneiros não aceitarem mais viajar a um preço que não compensa, naturalmente o valor do frete vai aumentar. Está nas mãos dos próprios caminhoneiros a força para influenciar o preço no curto prazo, mas para isso eles precisam saber calcular bem os custos do trajeto.”, explica Hacad.
Segundo o executivo, o cenário é de desafio no dia a dia dos caminhoneiros, que cada vez mais precisam estar atentos e fazer as contas, para entender quando um frete vale a pena ou não. Ele continua dizendo que estes profissionais são os maiores impactados e tudo indica que o motorista autônomo tem negociado mais e melhor, usando mais informações como referência para a sua negociação.
“Nós entendemos a real dificuldade do caminhoneiro em fazer o cálculo dos gastos. Por isso, incluímos no nosso aplicativo uma calculadora de custo do frete que permite a qualquer motorista saber a despesa do trajeto antes de negociá-la. Outro fator que dá mais poder de negociação para o motorista é ter muitos fretes à disposição. Nós notamos que nossos caminhoneiros parceiros têm rodado com mais lucro, justamente porque podem escolher entre milhares de fretes que temos disponíveis na nossa plataforma. É um reequilíbrio na balança das negociações”, pontua Hacad.
Números
O estudo apontou que a Região Sudeste apresentou um dos valores mais altos do frete no mês de maio – R$ 1,04 por km rodado por eixo, acima da média nacional que foi de R$ 1,02. Entre abril e maio deste ano, o preço do frete subiu apenas 0,91% na região, enquanto que o valor do diesel teve crescimento de 3,35% no Sudeste, reforçando essa disparidade entre os reajustes.
No cenário nacional, entre maio de 2021 e maio de 2022, o custo do transporte por quilômetro rodado por eixo atingiu alta recorde de 3,79%, enquanto o preço do diesel S500, no mesmo período, subiu 53,11%. De abril para maio de 2022, também houve um maior aumento do diesel (3,67%) em relação ao preço do frete, que ficou praticamente estável (0,98%).
A Região Sul apresentou a segunda maior alta no frete rodoviário, de 4,10%, outro recorde registrado pelo índice no comparativo anual. O setor que puxou a alta no valor do frete foi o de transportes de produtos industrializados (4,17%), não à toa as regiões mais industrializadas do País acompanharam essa tendência.