A consultoria imobiliária Engebanc Real Estate divulgou recentemente seu relatório de mercado de escritórios corporativos de 2016, que inclui dados sobre a locação de galpões logísticos e industriais. Segundo a consultoria, em meio a devoluções recordes de imóveis de médio padrão e resultados que se mantêm próximos à média histórica para os espaços de alto padrão, os principais mercados de escritórios corporativos e de galpões industriais do país atravessam a pior crise econômica brasileira desde os anos 1930, deixando como saldo índices recordes de devoluções e mudanças profundas na estrutura do setor.
Os números mostram que o movimento de fly to quality, em que inquilinos trocam prédios e galpões de classe B por aqueles de classe A, continua a pleno vapor, garantindo um índice de absorção bruta (no qual são considerados apenas os novos contratos, excluindo-se as devoluções) próximo aos patamares registrados nos anos pré-crise. Para proprietários de imóveis menos eficientes, entretanto, o cenário é preocupante.
No segmento de galpões logísticos e industriais, o ponto crítico para a aquisição de ativos e terrenos por investidores interessados em aproveitar a retomada da economia brasileira parece próximo. “Certamente teremos um ano pior do que os anos anteriores, pois o fundo do poço se mostrou mais distante do que esperávamos, mas a recuperação também deve vir mais rápida do que o imaginado, já a partir do segundo semestre de 2017”, diz o gerente sênior responsável pela área de Serviços Industriais e Logísticos da Engebanc, Abiner Oliveira. “Os inquilinos continuam a ter boas oportunidades para negociar, mas com a recuperação esse cenário tende a se inverter e, para o investidor, a hora de comprar é antes que isso aconteça”, completa.
Mesmo com uma melhora no humor de proprietários e inquilinos, ainda é cedo para se observar uma mudança significativa nos números do segmento. A diferença entre a absorção bruta e líquida (locações menos devoluções) continua a maior da história e deve terminar 2016 abaixo dos 400 mil m², ou metade da média registrada nos últimos anos – indicando que boa parte dos inquilinos que alugaram espaços no período simplesmente trocaram de condomínio. “O que estamos vendo no segmento de galpões continua um jogo de soma zero, no qual os inquilinos têm aproveitado a disponibilidade de espaços mais novos, eficientes, customizáveis e que permitem que seus negócios tenham uma performance melhor para migrar de empreendimento, em um claro movimento de flight to quality”, explica Oliveira.