Por Redação em
25 de setembro de 2008 às 12h09 (atualizado em 05/05/2011 às 14h48)
As principais empilhadeiras do mercado caminham rumo à sustentabilidade, adotando tecnologias que não agridem o meio ambiente
Qual é o futuro das empilhadeiras? Essa questão nos remete à CeMAT 2008, o maior evento de intralogística do mundo, realizado em maio passado em Hannover, Alemanha. Na ocasião, os principais fabricantes globais apresentaram as suas mais inovadoras soluções neste segmento, demonstrando preocupação em se adequarem às exigências das normas internacionais, com a oferta de máquinas menos poluentes, mais econômicas e ergonômicas.
Com o incremento do segmento de logística em todo o mundo, tem diminuído o espaço de tempo e o intervalo tecnológico na migração de um conceito para outro, em especial em equipamentos de movimentação, como as empilhadeiras. É consenso também entre os especialistas do setor que a “onda verde” tem atingido as fábricas, não só por uma questão de marketing, mas porque, com o aumento dos turnos de trabalho nos centros operacionais, as máquinas têm sido usadas intensamente, tornando-se premente a necessidade de investir em produtividade. E o Brasil, com resistência, também segue a tendência.
Por isso, a engenharia de desenvolvimento dos mais expressivos fabricantes tem buscado incansavelmente soluções que atendam a essas necessidades e se preparado para essas mudanças. Entre as inovações figuram as baterias híbridas, em substituição às que adotam combustíveis fósseis; os motores elétricos, com melhor desempenho; a redução ou eliminação do uso de materiais agressivos ao meio ambiente; equipamentos com layouts mais compactos; acessos fáceis aos itens de reposição que mais pesam em custos na planilha; e sistemas de bloqueio de operação automáticos quando o operador se ausenta do cockpit, entre outras novidades.
A maioria das inovações hoje segue a programação de lançamentos mundiais das marcas, com lacunas mínimas entre um mercado e outro. O que varia é a realidade de cada país e a mentalidade empresarial. Na Europa, por exemplo, cerca de 70% das empilhadeiras são elétricas e continuam incorporando soluções tecnológicas inovadoras. Já no Brasil a pirâmide é invertida, e os exemplares a combustão (em especial a GLP) têm a preferência, devido ao custo mais baixo do combustível e de uma certa “rejeição” à eletrônica embarcada. A maioria dos especialistas ouvidos garante que o público usuário destes equipamentos ainda não vê a necessidade de grandes investimentos em tecnologia, mesmo com os evidentes impactos em produtividade.
Atualmente, fala-se em cádmio, níquel, lítio e outros metais capazes de se transformar em fonte de energia, mas é tudo muito recente e os protótipos estão em testes. Como as baterias de chumbo-ácido são bastante difundidas e inclusive regulamentadas no país (ABNT/1987), ainda há muitos passos a transpor. Trata-se de conjuntos de acumuladores elétricos recarregáveis, interligados, construídos e utilizados para receber, armazenar e liberar energia elétrica por meio de reações químicas envolvendo uma combinação de chumbo e ácido sulfúrico.
Essas baterias são largamente adotadas e eficazes como fonte de energia em veículos automotores e outros produtos de consumo em geral. O problema é que, quando chegam ao final de sua vida útil, elas devem ser coletadas e enviadas para unidades de recuperação e reciclagem, medida que garante que seus componentes perigosos (metais e ácido) não sejam dispensados em aterros e incineradores de lixo urbano, sendo recolhidos, recuperados e reutilizados.
Todos os integrantes de uma bateria de chumbo-ácido apresentam potencial para reciclagem, porém nem sempre isso acontece, mesmo estando previsto em lei. É sabido que, se essas baterias não forem segregadas, tornam-se uma ameaça ambiental significativa, contaminando solo, água e ar – e o homem. Nos países desenvolvidos, a reciclagem está próxima de 95%, enquanto que no Brasil fica em torno de 80%, sendo que nas grandes áreas urbanas chega a 85% e, em áreas mais remotas, pouco é recuperado. Daí o perigo, até porque o processo de reciclagem não é tão simples.
Embora no momento os holofotes estejam voltados para as baterias de lítio e as máquinas movidas a células de hidrogênio (já há protótipos prontos em inúmeros fabricantes, mas que dependem de escala de produção e estrutura para a comercialização), as versões híbridas, que otimizam o uso de combustível (GLP) e energia elétrica, têm estado no foco das decisões, por se tratar de tecnologias limpas mais acessíveis na atualidade e atrativas nos resultados.
Para se ter uma idéia, ao contrário do que ocorre no Brasil, as elétricas são bastante cotadas no mercado europeu, em especial devido às exigências da legislação ambiental e por serem economicamente mais viáveis do que as movidas a combustíveis derivados de petróleo. A solução chega a ter uma performance excepcional frente às máquinas a combustão, consumindo cerca de cinco vezes menos energia, por conta de inovações contínuas – isso sem contar a ausência de emissão de gases, de vazamentos de óleo, o baixo ruído e a eliminação de inúmeros sistemas e componentes necessários na versão a combustão, como a transmissão, por exemplo.
Na verdade, no Brasil e em muitos países em desenvolvimento, a preocupação com o meio ambiente ainda não está na ordem do dia: não interessa muito se a máquina incorpora chumbo e emite materiais particulados e monóxido de carbono ou se o sistema de frenagem usa pastilhas, mas sim, o custo do produto. Contudo, impelido pela renovação tecnológica capitaneada pelos fabricantes, o mercado – de um modo geral – reage à onda: quando “a água passa da cintura”, a renovação vai acontecendo.
Ligia Cruz
Leia a matéria completa sobre as empilhadeiras ecológicas, com os principais modelos já lançados, na edição de outubro da Revista Tecnologística
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