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Porto de Santos registra queda nas movimentações em 2014

Complexo portuário operou 111,1 milhões de toneladas, retração de 2,6% frente a 2013
Por Redação em 21 de janeiro de 2015 às 9h34

A Companhia Docas do Estado de São Paulo (Codesp) divulgou ontem, 20 de janeiro, que o Porto de Santos (SP) encerrou o ano de 2014 com movimentação de 111,1 milhões de toneladas de carga. Esse volume é o segundo maior da história do porto, ficando abaixo somente 2,6% do apurado em 2013 (114 milhões de t).

Porto de Santos registra queda nas movimentações em 2014

De acordo com a entidade, esse resultado foi determinado pelo recorde obtido na movimentação do mês de dezembro (9 milhões de t), que ficou 6,2% acima do mesmo período do ano anterior (8,4 milhões de t). As exportações tiveram um crescimento, no mês, de 5,9%%, totalizando 6 milhões de t, enquanto as importações aumentaram 6,9%, somando 2,9 milhões de t.

Segundo o presidente da Codesp, Angelino Caputo, a movimentação de cargas em 2014 foi afetada por uma combinação de fatores decorrentes de aspectos climáticos, preços das commodities agrícolas e conjuntura econômica internacional desfavorável. Para o executivo, 2013 foi um ano totalmente atípico na curva de crescimento da movimentação do Porto de Santos. “Apesar do movimento neste ano ter sido menor que em 2013, ainda assim permaneceu dentro da curva estabelecida pela consultoria Louis Berger, dentro do Plano de Expansão do porto”, diz.

Os produtos que contribuíram para o bom desempenho em dezembro foram, na exportação, o açúcar, com 1,4 milhão de t (17,2%), o café em grãos, com 144 mil t (49,2%), o complexo soja, com 247,2 mil t (30,3%), e, na importação, o adubo, com 310,6 mil t (8,7%), carvão, com 130,6 mil t (47,7%), gás liquefeito de petróleo, com 79,7 mil t (41,5%) e minério de ferro, com 75,7 mil t (129,3%).

A carga conteinerizada manteve a performance apresentada durante todo o ano, atingindo um crescimento de 9,5% no mês de dezembro (315,3 mil TEUs) e 6,8% no acumulado do ano (3,6 milhões de TEUs).

Acumulado

No acumulado do ano, as exportações chegaram a 76,5 milhões de t, queda de 33,7% em comparação com o apurado no ano passado. Já as importações em 2014 (34,58 milhões de t) se mantiveram no mesmo patamar de 2013 (34,59 milhões de t). Os principais destaques foram o farelo de soja, com 3,8 milhões de t (41,4%), e o café em grãos, com 1,5 milhão de t (37,6%). Os produtos que mais contribuíram para a queda na movimentação foram o açúcar (10,5%), o álcool (42,7%), a soja em grãos (4,8%), o milho (19,3%) e o minério de ferro (56,4%).

A crise internacional que afetou os principais países da Europa, Ásia e Américas acabou se refletindo com força nos mercados internacionais de commodities agrícolas e minerais. No caso das commodities agrícolas, somou-se a um cenário de demanda retraída a confirmação de uma supersafra norte-americana de soja e milho em 2014, o que elevou a oferta global destes grãos a um patamar recorde. Como consequência, houve a intensificação da trajetória declinante dos preços das commodities nas principais bolsas internacionais.

O preço do milho foi o que mais sentiu o efeito do aumento da oferta global, com queda de aproximadamente 37% ante o já retraído preço de 2013, fazendo com que sua cotação voltasse ao patamar praticado em 2009. Da mesma forma, os preços da soja em grãos e farelo de soja também sofreram quedas significativas ao longo de 2014. Enquanto isso, a cotação do açúcar permaneceu estável, mas em patamar deprimido historicamente, com os mercados bem abastecidos com os maiores volumes exportados por outros importantes produtores, como a Índia.

Os produtores brasileiros, além de terem suas receitas comprimidas pelas quedas dos preços internacionais (parcialmente compensada pela desvalorização do real), tiveram a produtividade de suas lavouras afetadas pela forte estiagem que caracterizou o ano de 2014.

A seca intensa, que em São Paulo foi a pior em oitenta anos e levou à paralisação da hidrovia Tietê-Paraná (importante via de escoamento da safra direcionada ao porto), reduziu a produtividade das safras de açúcar, milho e soja, fazendo com que a produção ficasse abaixo das estimativas divulgadas no início do ano. No caso do setor sucroalcooleiro, os baixos preços internacionais do açúcar motivaram os produtores a privilegiarem a produção de etanol para o abastecimento do mercado interno. Além disso, o porto sofreu dois grandes incêndios em 2014, que afetaram os embarques do produto.

Devido à histórica relação do Porto de Santos com o agronegócio brasileiro, foi inevitável que este cenário adverso para o setor tivesse reflexo sobre a movimentação de cargas.

Apesar disso, o Complexo Portuário Santista obteve quatro recordes mensais no ano passado, que incluem, além de dezembro, os meses de fevereiro (7,7 milhões de t), março (10,4 milhões de t) e junho (9,8 milhões de t).

O fluxo de navios, mantendo a tendência do porto de receber embarcações maiores e em menor quantidade, graças aos efeitos do aprofundamento do canal de navegação, apresentou queda de 1,1%, totalizando 5.193 embarcações.

Balança comercial

O Porto de Santos foi responsável pela movimentação de 25,3% da corrente de comércio brasileira (US$ 229,1 bilhões), atingindo US$ 116,1 bilhões. As importações totalizaram US$ 58,4 bilhões e as exportações US$ 57,7 bilhões.

Os principais parceiros comerciais foram, na importação, a China, com 22,2%, seguida pelos Estados Unidos (17,1%) e Alemanha (10,4%) e na exportação novamente a China (14,7%), os Estados Unidos (13,3%) e a Holanda (6,9%). Entre as cargas mais importadas aparecem inseticidas (1,5%), caixas de marchas (1,27%) e outras partes e acessórios de carroçarias para veículos automóveis (1,12%). Na exportação aparecem a soja (1,2%), açúcares de cana (9,0%) e café não torrado, não descafeinado, em grão (8,6%).

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