A Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF) divulgou os números registrados pelo setor no ano de 2012. Segundo o presidente-executivo, Rodrigo Vilaça, apesar do cenário de estagnação da economia brasileira, as concessionárias de ferrovias mantiveram o nível de investimentos de anos anteriores e injetaram, só no ano passado, mais de R$ 4,9 bilhões no sistema ferroviário – valor 6,6% superior ao aplicado em 2011.
De acordo com o executivo, desde que o programa de concessões das malhas da rede ferroviária brasileira foi iniciado, em 1997, os investimentos em novas tecnologias, capacitação profissional, compra e reforma de locomotivas e vagões, melhoria das operações ferroviárias e recuperação da malha, totalizam R$ 34,88 bilhões. Destes, R$ 1,48 bilhão foi aplicado pela União e R$ 33,40 bilhões pelas concessionárias. A previsão de investimentos das concessionárias para os próximos três anos é de R$ 16 bilhões.
Produção e movimentação
Os investimentos realizados na malha trazem reflexos positivos. Em 2012, a prestação do serviço de transporte ferroviário de cargas por quilômetro útil subiu para 297,7 bilhões de TKU (tonelada por Km útil), índice 2,5% maior do que em 2011, quando foi de 290,5 bilhões de TKU. “Este ano, devemos chegar a 315 bilhões de TKU”, informa Vilaça. Considerando que a produção ferroviária foi de 137 bilhões de TKU em 1997, o crescimento até o ano passado foi de 117%.
A movimentação de cargas também apresenta desempenho positivo. O executivo explica que, apesar da queda nas exportações, o resultado foi 1,3% maior em 2012 em relação a 2011, passando de 475 milhões para 481 milhões de toneladas. No acumulado de 1997 a 2012 a movimentação de cargas por ferrovias cresceu 90%, passando de 253,3 para 481 milhões de t. Este ano, a expectativa é movimentar 500 milhões de t.
Segurança e indústria
O índice de acidentes nas ferrovias brasileiras é outro ponto destacado por Vilaça, já que o número de ocorrências é cada vez menor. De 2011 para 2012, a redução no número de acidentes envolvendo trens de carga foi de 14,2 para 12,96 acidentes por milhão de trens.km. Nos 16 anos de concessão das ferrovias, a redução na taxa de ocorrência de acidentes pela intensidade de tráfego foi de 82,8%. O total dessa taxa baixou de 75,5 para 12,96 acidentes por milhão de trens.km. Vale lembrar que a referência internacional varia de 8 a 13 ocorrências por milhão de trens.km.
A indústria também comemora os resultados. Nos 16 anos de concessão, a frota de locomotivas e vagões em operação nas ferrovias cresceu 116,5%. Em 1997, havia 1.154 locomotivas e 43.816 vagões em atividade. Em 2012, esta quantidade de locomotivas subiu para 3.102 e a de vagões para 94.271.
Reivindicação
Além dos investimentos na melhoria da infraestrutura para a prestação dos serviços, em 2012 as ferrovias recolheram aos cofres públicos R$ 1,58 bilhão, sendo R$ 639,3 milhões referente ao pagamento de parcelas das concessões e arrendamento da malha e R$ 637,4 milhões ao pagamento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (CIDE) sobre as operações ferroviárias.
De 1997 a 2012, o setor público arrecadou R$ 16,83 bilhões com o pagamento de tributos federais, estaduais e municipais, das parcelas de concessão e da CIDE. Neste ponto Vilaça tem uma posição firme. “O setor reivindica que estes valores sejam reaplicados em melhorias no segmento”, diz.