Faturamento subirá 20% no país e 7% globalmente
Em visita ao Brasil nesta semana, o CEO mundial da operadora francesa ID Logistics, Eric Hemar, adiantou os resultados da empresa para 2009, ano em que, apesar de a crise mundial ter afetado os negócios, o resultado será positivo, tanto mundialmente quanto no Brasil. No país, a empresa superou a expectativa inicial de crescimento, que era de 15% e chegará a 20% sobre o faturamento de 2008, ano em que apresentou aumento de 25%. Já o faturamento mundial do grupo deve subir cerca de 7%, atingindo 320 milhões de euros, contra os 308 milhões de 2008.
Para o diretor-geral da ID no Brasil, Nicolas Derouin, um dos motivos dos bons resultados é a flexibilidade operacional que a empresa imprime às operações dos clientes, que permitiu adaptá-las a novas realidades de mercado, seja em crescimento, seja em retração.
Outro ponto a favor foram os novos contratos obtidos este ano, tanto em ampliações de operações para clientes que já faziam parte da carteira – como AmBev e Danone –, como novos, como a Casa Show, do Rio de Janeiro, e o Grupo Nadir Figueiredo. “É importante ressaltar que se trata de dois grupos genuinamente brasileiros e tradicionais, o que é importante para mostrar que nosso foco não são apenas multinacionais”, destacou Derouin. Com os novos contratos, o faturamento da filial brasileira chegará aos R$ 90 milhões este ano.
A unidade nacional é a que mais cresce no grupo, representando hoje 15% do seu faturamento global em euros e 30% das atividades. A operação local é a segunda mais importante, depois da França. Aqui, a empresa opera hoje 18 sites e possui um terço dos colaboradores de todo o grupo, empregando 1.500 pessoas.
Para 2010, a empresa prevê um aumento entre 20% e 25% do faturamento no Brasil, sempre na mesma estratégia de crescer nos clientes atuais e ganhar novos contratos. Derouin anunciou que já existem dois novos clientes cujos start-ups estão previstos para entre o final do primeiro e o início do segundo semestre do próximo ano. Embora não tenha revelado o nome das empresas, ele adiantou se tratar de operações industriais no Sudeste e Centro-Oeste.
Transporte
Analisando as tendências do mercado brasileiro para 2010 e as estratégias da ID para o ano, a empresa adiantou que pretende desenvolver no Brasil a atividade de transporte, cuja expertise já detém no mundo. “Trabalhamos fortemente com o varejo e no fluxo com seus fornecedores. E temos visto a demanda por parte dos clientes por frotas dedicadas, para se garantir contra o sobe e desce da oferta de transportes no país. Muitos preferem minimizar os riscos com frotas dedicadas, associando-se a transportadores e operadores logísticos para fazer o seu gerenciamento. Este é um dos fluxos a que pretendemos atender”, afirmou o diretor-geral.
Outra demanda importante que a ID pretende atacar é a entrega domiciliar desde o varejo até o cliente final, que aumenta continuamente o seu volume e importância. “Podemos oferecer inteligência, dotando as operações de rastreabilidade, planejamento e gestão, dando ao cliente janelas mais definidas de entrega e sendo proativos na resolução de problemas. Dessa forma, conseguiremos otimizar a utilização da frota, reduzindo custos e aumentando a produtividade”, completou.
Ele adiantou que, por ora, não é intenção da empresa possuir frota própria, embora não descarte a possibilidade no médio e longo prazos. “Queremos ter cautela, porque a atividade de transporte é mais complexa que a armazenagem. Ele tem fortes características locais e não podemos simplesmente tentar replicar aqui os modelos da matriz. Existem empresas que operam fortemente no transporte rodoviário sem frota e outras que tinham muitos ativos e não foram bem sucedidas.”
Ele adianta que já está em conversação com os clientes e que o serviço pode ser oferecido por meio de parceria com transportadores, ou com investimento do próprio embarcador na frota, com a ID entrando com a inteligência e a gestão do processo. Na projeção de faturamento para 2010 no Brasil, que é de cerca de R$ 110 milhões, a ID prevê que o transporte representará por volta de 10%.
Mundo
A ID comemora também o crescimento mundial do grupo em 2009, contrariando a tendência geral de retração devido à crise mundial. Embora mais modesto que no Brasil, o crescimento de 8% é visto de forma positiva. Neste ano, a ID iniciou operações em mercados em que ainda não atuava, como Argentina, Polônia e Marrocos.
Eric Hemar fez um breve histórico da evolução da ID Logistics, que começou suas atividades em 2001 prestando serviços de armazenagem e gestão de estoques e foi ampliando o escopo, incluindo também os transportes – a empresa possui na Europa uma frota de 650 veículos –, chegando hoje a fazer a gestão completa da cadeia de suprimentos, incluindo aí questões como o desenvolvimento sustentável, ajudando os clientes em projetos de redução de emissão de carbono. Como exemplo, citou a utilização da hidrovia em substituição ao caminhão, solução que, embora demande mais tempo de trânsito, é menos poluente.
“Esta é uma questão que mais e mais ganha importância, principalmente na Europa, onde as leis estão mais restritivas. Os clientes exigem que seu operador logístico tenha atitudes sustentáveis, ou descartam sua contratação, e a ID tem metas crescentes de redução de energia e emissão de resíduos em suas operações. Não posso dizer que estamos lucrando com isto por ora, mas certamente estaríamos perdendo mercado sem esta estratégia”, declarou Hemar.
A empresa, ao longo dos anos, também ampliou sua participação, deixando de atender apenas ao varejo, que foi o começo de suas atividades, e abrangendo a indústria. Neste ponto, o Brasil está adiante, com vários clientes do setor industrial, este ano reforçado pela Nadir Figueiredo, abrindo um novo segmento, o de vidros.
Quanto às projeções e estratégias, o CEO adiantou que a ID planeja abrir seu capital, o que deve ocorrer em 2011, a depender das condições de mercado. O objetivo é capitalizar a empresa para que possa fazer aquisições, aumentando a velocidade de crescimento.
A prioridade é garantir a base atual da empresa e, a partir dela, pavimentar o crescimento: “Estamos em crescimento e com lucratividade, que hoje está por volta de 3% do faturamento. Pretendemos continuar a desenvolver nossa base instalada e, a partir dela, acrescentar novos serviços e projetos que possam ser lucrativos”, adiantou Hemar. Outra meta fixada pelo presidente, esta mais no longo prazo, é expandir as operações da empresa, que hoje se restringem a atuações nacionais, para o atendimento a cadeias globais.
Quanto à expansão para novas regiões, Hemar frisou que a estratégia é sempre entrar em um novo mercado através de uma operação de um cliente conhecido, como ocorreu com o Carrefour, que trouxe a ID ao Brasil em 2003. “A partir daí, vamos expandindo nossa atuação naquele território. Por isso, agora nossa prioridade são os países em que já atuamos.”
A ID está presente hoje em 12 países com 66 sites, possui cinco mil funcionários e administra uma área de armazenagem total de 1,5 milhão de metros quadrados, dos quais 235 mil metros quadrados no Brasil. Entre seus principais clientes estão grandes redes, como o Carrefour, Intermarché, Casino, Castorama e Auchan. No país, atende a grandes varejistas, como o próprio Carrefour, Leroy Merlin e Casa Show, além de indústrias como Chevron Texaco, Arvin Meritor, AmBev e Danone, cliente que começou a atender pelo Brasil, expandindo a atuação para outros mercados.