Empresa renova frota e investe em guindastes de torre para elevar a capacidade de atendimento a indústrias pesadas
Com o crescimento do mercado brasileiro, vários setores da economia têm registrado resultados acima das expectativas desde o ano passado. Um bom exemplo é o da Locar, uma das maiores empresas da América Latina em transportes superpesados e equipamentos para içamento de cargas horizontais e verticais por meio de guindastes e gruas, que cresceu 100% nos primeiros cinco meses deste ano, em relação ao mesmo período de 2007.
Com capital integralmente nacional, a companhia está completando 20 anos e comemora a decisão de ter uma atuação diversificada e, conseqüentemente, um mix de receita equilibrado e muita cautela na hora de fechar contratos. O presidente da companhia, Júlio Eduardo Simões, atribui o desempenho da empresa – que registrou um faturamento de R$ 185 milhões no ano passado – à demanda expressiva dos setores de petróleo, petroquímico, mineração, papel e celulose, cimento e marítimo. “Estes segmentos são responsáveis por 70% do faturamento da Locar. Como o mercado continua aquecido, nossa expectativa é expandir os negócios em 60% neste ano, atingindo uma receita de R$ 300 milhões, com a meta programada de atingir R$ 500 milhões de faturamento em 2009”, comenta. Mas para chegar a esta cifra é preciso pulso firme. “Nada de ceder a pressões e aviltar preços. Nosso objetivo é ampliar a carteira de clientes e promover o realinhamento de lucro”, espeta o empresário.
Esse otimismo se justifica, em especial, pelo boom verificado nos setores de construção civil e infra-estrutura em geral, que demandam a locação de equipamentos de grande porte para imprimir maior agilidade e eficácia na execução dos projetos. Além do investimento de R$ 80 milhões realizado em 2007 na renovação da frota, com a compra de 135 novos equipamentos, entre máquinas, cavalos e implementos (40 guindastes, 33 cavalos-mecânicos Scania e 62 semi-reboques), há a previsão de uma inversão da ordem de R$ 215 milhões nos planos de crescimento da empresa para este ano. O montante integra a compra de mais cem unidades de movimentação – das quais 80 são guindastes (acima de 100 t) e 20 gruas –, além de 31 cavalos-mecânicos Scania e 60 carretas Randon, marcas que respondem por quase 90% da frota de transporte.
Potencial
O segmento de empresas especializadas na prestação de serviços de içamento de cargas com equipamentos de grande porte é muito menor do que as reais necessidades do mercado brasileiro. “São poucas as empresas atuantes, sendo que a maioria tem em média entre 50 e cem equipamentos, e apenas a Locar possui uma frota maior, com 260 guindastes – entre telescópicos e treliçados – sobre pneus e esteiras, com capacidades de 100 t a 1.500 t, sem contar o restante da frota, que inclui veículos e carretas variadas para o transporte de cargas pesadas e superpesadas, num total de 747 unidades”, detalha Simões. O carro-chefe da empresa compreende máquinas da Liebhrr e Grove (acima de 100 t), além da Manitowoc.
Com as obras no país em ritmo acelerado, indústrias e grandes empreiteiras estão demandando máquinas cada vez maiores para aumentar a produtividade no campo de obras. Segundo Júlio Simões, com equipamentos de grande porte pode-se fazer a troca de uma torre em apenas um dia, tarefa que demandaria quase uma semana com vários guindastes menores. “Todos os nossos equipamentos estão locados até 2010 e não há disponibilidade no mercado, porque o Brasil está comprador. Portanto, tudo que temos está internalizado, não temos como atender a outros países, como eventualmente fazemos”, diz. A empresa realiza operações fora do Brasil, em países como Argentina, Chile, Uruguai e em algumas nações africanas.
Contudo, o aquecimento da economia nacional aguça também o interesse de grupos externos. Por isso, a Locar está se preparando para enfrentar a concorrência com a compra de guindastes e gruas maiores. “Já temos um equipamento com capacidade para 1.500 t, que ao desembarcar no Porto de Itaguaí exigiu mais de 80 carretas e cem pranchas para transportá-lo”, exemplifica. Esse superguindaste custou à Locar 12 milhões de euros, entre equipamento e frete – e já há uma carta de intenção assinada junto à Liebherr para a aquisição de uma máquina com capacidade para três mil t, com prazo de entrega previsto para 2010. “Esse modelo é para aplicação em mineração e off-shore” explica, antevendo a movimentação que será desencadeada com a exploração dos novos campos da bacia petrolífera de Santos.
Por essa razão, no final do ano passado a Locar decidiu segmentar o seu negócio, criando o setor de gruas, com gerenciamento próprio. Inicialmente foram adquiridas 26 máquinas Liebherr, que serão entregues ao longo deste ano – o investimento chega a R$ 30 milhões. “Nossa intenção é ter um parque com cerca de 200 gruas de todos os tipos e capacidades de cargas, nos próximos cinco anos”, enfatiza Simões. As gruas ou guindastes de torre são computadorizados e têm várias funcionalidades que permitem agilizar o içamento das cargas.
Transporte especial
Já o segmento de transportes especiais, cargas pesadas, superpesadas e/ou com dimensões excepcionais possui um leque expressivo de clientes – dos setores siderúrgico, petroquímico, usinas hidrelétricas, papel e celulose e metalúrgico – e representa 30% do faturamento da Locar.
Entre os equipamentos somam-se 134 cavalos mecânicos, 278 reboques de variados tipos (extensíveis, linhas de eixo, pranchas retas, rebaixadas, super-rebaixadas, hidropneumáticas, pivotadas e lagartixas) e mais 180 conjuntos modulares hidráulicos, sem contar gôndolas de até 250 t. Entre os cavalos superpesados estão um Oshkosh (350 t), Macks (250 t), Mercedes-Benz (250 t) e Scania 8x4 (250 t).
“A demanda desse mercado oscila muito; hoje temos ociosidade de 20% na frota, mas assim mesmo temos que agregar novas alternativas. Estamos adquirindo seis novas carretas de 45 m, com capacidade para 300 t, para o transporte de torres de energia eólica”. Em 2009 chegarão 16 módulos para esta finalidade no valor de quatro milhões de euros.
Além disso, a empresa dispõe de pórticos hidráulicos com capacidade para até 600 t, macacos hidráulicos com comando a distância, além de caminhões Munck, empilhadeiras e outros.
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