Os produtores de frutas do Vale do São Francisco podem ter uma opção adicional para escoar sua produção. Na segunda semana de maio, a Cargolux inaugurou um vôo experimental semanal no aeroporto de Petrolina (PE), principal centro de produção regional de frutas. Até o ano passado, as exportações eram feitas pelos aeroportos de Recife (PE) e Salvador (BA). O início das operações era esperado com ansiedade pelos produtores, já que a Varig Log suspendeu este ano os vôos com aviões cargueiros e Boeing 767, por falta de volume de carga que justificasse a operação. A Cargolux irá operar a nova linha de exportação com aviões Boeing 747-400.
O primeiro embarque foi realizado com 30 toneladas de produtos - entre mangas, uvas, mamão papaias e flores tropicais. Os vôos da Cargolux saem de Petrolina e seguem direto para Luxemburgo, de onde as frutas são distribuídas para toda a Europa. Os vôos serão testados por um mês. Segundo Alberto Galvão, superintendente da Valexport (Associação dos Produtores e Exportadores de Hortifrutis e derivados do Vale do São Francisco), a expectativa é estabelecer uma operação com até dois vôos semanais a partir do segundo semestre, quando a produção aumenta.
Em 2004, o Vale do São Francisco exportou 320 mil toneladas de frutas para a Europa e o Japão. Apenas 3% deste montante foram transportados por aviões; o restante foi escoado pelo modal marítimo. A expectativa é triplicar o volume de exportação pelo modal aéreo, por onde as frutas chegam ao consumidor final na Europa no máximo em três dias. Pela via marítima, esse prazo pode chegar até a 15 dias.
A idéia é que, com uma entrega mais ágil, com a fruta mais fresca, se possa conseguir um preço melhor, apesar de os custos do transporte aéreo serem maiores. Por navio, o custo do transporte de uma caixa de frutas de 4,5 quilos é inferior a US$ 1,00. Por avião, esse preço sobe para US$ 1,30 o quilo.
Apesar do custo mais alto, a exportação utilizando aviões é vantajosa. A expectativa da Valexport com a nova operação é aumentar a receita em 10%. No ano passado, as exportações somaram US$ 117 milhões, considerando-se todos os modais. "Estamos explorando uma alternativa para colocar o produto na mesa do consumidor no Japão ou na Europa em um tempo menor, o que nos permitiria acompanhar com mais agilidade as movimentações do mercado internacional", afirma Galvão.