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ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado

Companhias investem no desenvolvimento de produtos e serviços levando em conta aspectos sustentáveis nas operações e linha produtiva
Por Fábio Penteado em 22 de dezembro de 2022 às 10h04
ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado

As pautas e resoluções voltadas ao meio ambiente, sustentabilidade e ações de governança ambiental, social e corporativa, do inglês As pautas e resoluções voltadas ao meio ambiente, sustentabilidade e ações de governança ambiental, social e corporativa, do inglês Environmental, social, and corporate governance (ESG) seguem com bastante relevância. Um ponto, entretanto, vale destaque, pois cada vez as empresas adotam práticas responsáveis no desenvolvimento de produtos e serviços.

Os investimentos e estratégias, agora, não se restringem a edificações estruturadas aplicando, por exemplo, o reuso da água ou fomentando a utilização de luz natural. A linha de produção e os itens desenvolvidos cada vez mais seguem os conceitos de ESG.

Investimentos

A Frigo King ressalta que é uma empresa de porte médio e faz parte do sistema de boas práticas de ESG como fornecedora. A empresa fabrica equipamentos em refrigeração para baú e garante que está atenta à tendência de mercado de desenvolvimento e adoção de veículos elétricos.

A companhia garante que desde que os primeiros sinais dessa mudança chegaram ao país examinou mercados externos para saber como as coisas se processaram por lá, buscando identificar padrões de comportamento das empresas.

Nos últimos quatro anos, diz, a preocupação com o uso de veículos movidos a combustíveis fósseis cresceu bastante. A busca pela alternativa ganhou força e a solução elétrica surgiu forte. A Frigo King afirma que colocou sua engenharia para desenvolver produtos e soluções que pudessem integrar os equipamentos ao transporte nos veículos elétricos.

O principal ponto do conceito para desenvolvimento do produto não é só a adaptação, mas sim a eficiência energética. Para a eempresa, não se pode desperdiçar energia, pois desperdício de energia elétrica significa bateria consumida e consequentemente veículo parado na rua por falta de energia. E veículo de carga parado não fatura.

ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado

Assim, a Frigo King divulga que desenvolveu a série Eletric Power System (EPS). Trata-se de um sistema que permite usar a linha de produtos da Frigo King em todos os caminhões movidos a energia elétrica. A ideia está ligada ao conceito do ESG – cuidado com o meio ambiente com as pessoas e com os negócios.

Já o CEO da TruckPag, Kassio Seefeld, garante que a empresa foi criada há dez anos dentro das práticas do ESG. “Está em nosso DNA. Por isso não há destinação específica para a aplicação dessas práticas simplesmente porque elas já estão incorporadas ao nosso modo de operar. Os investimentos acontecem na melhoria de atendimento ao cliente, na economia de combustível de nossos parceiros, na capacitação de profissionais e o entendimento da cultura da empresa por parte de colaboradores e clientes.”

O executivo diz que a companhia também trata essas práticas de uma forma natural, no dia a dia, de uma maneira que o ESG, interno e externo, se torna parte do nosso cotidiano. “A verdade é que são práticas tão benéficas para o meio corporativo que acabam por não ter um preço monetário, mas sim, um valor imensurável”, diz Seefeld.

ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado
CEO da TruckPag, Kassio Seefeld

São diversas as iniciativas, produtos e sistemas 100% desenvolvidos internamente, destacadas pelo CEO. Para ele, as soluções TruckPag por si só já foram desenvolvidas para redução do consumo de combustível, por intermédio da gestão do abastecimento a fim de evitar desperdícios.

“O sistema também gerencia o funcionamento dos veículos agendando as manutenções preventivas de forma a prevenir a ocorrência de problemas. É importante ressaltar que trabalhamos para frotistas e que veículo parado não fatura. Nosso portfolio inclui também sistema de mapeamento para definição de rotas inteligentes e em tempo real, indicando quais os postos de combustível que o motorista irá abastecer para evitar desperdício de tempo e combustível e mostrando”, explica.

Na Tópico, o ESG também faz parte do cotidiano das operações. A head de RH, Elaine Costa, pontua que a companhia está constantemente investindo na adoção de ações alinhadas com alto potencial à preservação ambiental. “O compromisso da companhia com os princípios de Governança Ambiental, Social e Corporativa é concreto e vem sendo inserido na cultura da empresa desde o início de 2020.”

A executiva salienta que a inclusão de ações voltadas ao ESG vêm ao encontro com a vontade de crescer o negócio considerando critérios de sustentabilidade e não apenas visando o lucro, além, claro, da sinergia com a matéria-prima do nosso produto, de característica reutilizável e reciclável.

Soluções

Seefeld, CEO da TruckPag, diz que o desenvolvimento de produtos e serviços levam em conta a sustentabilidade com o objetivo de proporcionar a redução na emissão de gases poluentes. A cultura TruckPag, ressalta, também fala por si só, em ser transparente tanto com os clientes quanto com nossos funcionários. “O tratamento e transparência para com os colaboradores é um dos principais pontos de destaque da empresa. O desafio se dá em convencer o transportador que ele pode contribuir para o seu bolso e o meio ambiente ao mesmo tempo. Além disso, transmitir para o colaborador a cultura e fazer com que a passe a diante.”

O executivo divulga que as soluções já estão disponíveis, como o Cartão TruckPag para economia de combustível, que reduz os impactos ambientais. “Aderindo a nossa gestão de abastecimento, o setor de transporte pode se tornar cada vez mais rentável e sustentável. Internamente falando, nosso código de conduta truckpager já está disponível para todos os colaboradores, que tem nossa cultura cada vez mais fixada no seu dia a dia, o que contribui para uma sociedade corporativa mais equilibrada”, reforça Seefeld.

Elaine, da Tópico, destaca o galpão lonado com estrutura em aço, que é passível de reutilização e  destinação para reciclagem quando alcança seu limite de vida, ou seja, de remontagens. “Foi ele quem nos levou ao caminho da sustentabilidade. Ainda que a expansão das nossas ações ligadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU e à agenda ESG sejam mais recentes, os princípios e algumas práticas já eram inerentes ao nosso negócio desde a fundação, há mais de 40 anos.”

ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado
head de RH da Tópico, Elaine Costa

Segundo a executiva, desde o início do processo a companhia sabia que o maior desafio seria criar medidas que realmente gerassem impacto, trazendo não só benefícios à companhia, mas para toda a sociedade onde o negócio está inserido. “Logo entendemos que à medida que provemos soluções para pequenas, médias e grandes empresas utilizando matéria-prima reutilizável e reciclável já estávamos dando uma primeira contribuição. Oferecer um ambiente de trabalho seguro e digno com programas de desenvolvimento interno, job rotation, comunicação transparente e proximidade da gestão com os colaboradores, também é assegurar o social”, diz a head de RH.

Tendências

O CEO da TruckPag, Seefeld, acredita que as mudanças diárias de comportamento só tendem a trazer bons frutos, tanto financeiramente quanto ambientalmente e socialmente. “O ESG se torna cada vez mais importante nos dias atuais. É papel das empresas de transporte contribuir para o bem estar social, como ambiente de trabalho, relacionamento interpessoal entre colaboradores, clientes e população.”

Quanto à questão eco ambiental, o executivo informa que a solução da empresa em garantir a economia de diesel para os transportadores, implica na redução de emissão de gases. Ações como plantio de árvores (externas) e reciclagem de materiais (interna) também se enquadram. Em se tratando de governança, pontua, as empresas têm de ser responsáveis pela valorização da ética em todas as atividades da companhia. “Esse viés também parte das transportadoras e demais empresas do setor do transporte, que investem também no bem estar de seus funcionários, motoristas, bem como nas suas ações externas.”

A head de RH da Tópico, Elaine Costa, conta que depois de dois anos dedicados ao tema, a empresa pode afirmar que os projetos se transformaram em ações concretas que estão rodando e gerando valor para os clientes, colaboradores e sociedade. “A curto e médio prazo, nossas três metas foram criar e consolidar internamente um Comitê de Sustentabilidade, com a participação de representantes de todas as áreas da empresa,  reforçar o tripé ESG e elaborar nosso primeiro Relatório de Sustentabilidade. Já a médio e longo prazo, a executiva divulga que a meta é buscar novas certificações para tornar a empresa referência em sustentabilidade no segmento."

Além disso, pontua, graças à atuação dos funcionários da companhia em conjunto com uma consultoria especializada contratada foi possível mensurar o total das emissões de CO2 na atmosfera da empresa a fim de criar um plano de mitigação e compensação. “Como temos galpões montados de norte a sul do Brasil, cerca de 2,5 milhões de m² instalados, esse trabalho identificou que nosso principal foco está no transporte, seja de carga e materiais ou pessoas. A prévia do inventário de 2021 e das ações compensatórias que devem continuar ao longo de 2022 e 2023 está em andamento, mais um passo rumo a um processo mais sustentável na companhia”, diz Elaine.

ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado

Outras frentes de investimento da Tópico em estudo são o uso de placas solares no Centro de Operações Tópico (COT), em Embu das Artes (SP), um espaço com aproximadamente 30 mil m² de área que integra a manufatura e logística e é responsável por 86% do consumo de energia total da companhia. E como ação ainda a ser implementada, a utilização exclusiva de etanol na frota própria de veículos, garantindo 73% menos emissão de CO2, em comparação à gasolina.

Para o transporte e distribuição de materiais, divulga a empresa, já foram adotados processos de revisão para aumentar a eficiência nos transportes proporcionando a redução da quilometragem rodada, o aumento do volume expedido por veículo e, consequentemente, um número menor de viagens.  

Montadora

Na Iveco, mais que agenda institucional, o ESG se tornou o norte para atuar com mais ênfase em temas ambientais, sociais e de governança. No setor de transportes, a abordagem ganha ainda mais importância, em função da utilização de combustíveis fósseis nos veículos. Mas a mudança está a caminho. Nesse sentido, a empresa utiliza a expertise global da marca no desenvolvimento de produtos com tração alternativa e apresenta o Brasil Natural Power, programa que tem a missão de desenvolver um ecossistema estruturado e produzir veículos comerciais movidos a combustíveis alternativos.

Com aporte de R$ 60 milhões, a iniciativa visa atender as peculiaridades operacionais do transporte no Brasil e tem início pela utilização do gás natural e do biometano.

“O futuro é construído por ações realizadas no presente, e é com esse pensamento que a Iveco realiza iniciativas concretas, como o Brasil Natural Power, no sentido da descarbonização e da promoção de um transporte mais limpo. A Iveco não para e continuaremos em movimento buscando soluções inovadoras e transformando produtos e serviços em sustentabilidade e produtividade para nossos clientes”, diz o presidente da Iveco para a América Latina, Marcio Querichelli.

O início da ação da montadora será por meio da venda assistida de 20 unidades, em operações que serão monitoradas em grandes transportadores do Brasil até 2023, do Hi-Way NG 6X2 600S46T, movido a gás natural pelo motor Cursor 13 de 460 cv de potência da FPT Industrial. A operação é realizada em conjunto com um grande grupo econômico do setor de terceirização de frotas.

Também participam do programa a Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Gás Canalizado (Abegás), intermediando a relação com a rede de distribuição para promover a expansão da infraestrutura do gás natural no Brasil, a ZF, com a produção da transmissão que equipa os caminhões, e a Bosch, que reunirá os dados do veículo e utilizará a informação como parâmetro para, em conjunto com a montadora, implementar melhorias na versão de produção em série do produto, baseado nas missões reais monitoradas.

Os caminhões que participam do programa, que demandou 70 mil horas de desenvolvimento, têm, garante a montadora, a melhor relação potência/economia do segmento, autonomia de até 500 quilômetros e validarão, do ponto de vista do cliente, em missões reais e diversificadas, a experiência do transportador e do motorista com a performance dos veículos.

ESG: Produção alinhada às práticas ambientais ganha espaço no mercado

O diretor de Marketing e de Portfólio de Produto da Iveco para a América Latina, Bernardo Brandão, afirma que, a princípio, o Brasil Natural Power terá o gás natural e o biometano como base, mas destaca que outras opções de propulsão já estão sendo analisadas para o futuro.

“A Iveco aposta no gás como uma alternativa viável no curto prazo para a redução de poluentes e com TCO atrativo para o transporte de cargas e pessoas. Já temos essa tecnologia consolidada, e ela servirá como ponte para os próximos passos do programa. É importante destacar que o futuro da propulsão alternativa é composto por uma matriz com diversas tecnologias, e as soluções devem ser combinadas pensando nas missões e objetivos dos nossos clientes. Nós, da Iveco, já estamos nos preparando para isso”, diz Brandão.

Para o executivo, mais do que o lançamento de um produto, a companhia está criando um programa estruturado, com parceiros estratégicos em vários setores para viabilizar a propulsão alternativa para os transportadores brasileiros.

A montadora garante que tem experiência na utilização do gás natural em seu portfólio. Na Europa, são aproximadamente 35 mil veículos da marca rodando com o combustível e na América Latina, duas mil unidades.

Na Argentina, a empresa recebeu o certificado de homologação para fabricar caminhões movidos a gás natural comprimido (GNC), com a licença LCM (Model Configuration License) para o Tector 160E21 e com como a entrega de 100 unidades do Stralis NP Cursor 13 GNC para a NRG Argentina SA, fornecedora de areia de fratura para a indústria petrolífera, em especial na região de Vaca Muerta, próximo à Patagônia, onde está localizado um dos maiores reservatórios de petróleo e gás do mundo.

Em outros países da América do Sul, produtos da Iveco para o transporte de cargas rodam movidos a gás. No Chile, destaque para a empresa de transporte San Gabriel que adquiriu 35 unidades do Stralis NP GNL (Gás Natural Liquefeito) 4x2 Euro VI. 

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