Os custos médios do frete marítimo iniciaram o ano em curva ascendente, de acordo com a análise da empresa de logística MTM Logix. E agora, outros fatores começaram a afetar novamente o setor, sugerindo um novo aumento nas taxas em cerca de 10%, afetando principalmente os setores de commodities e refrigerados, no caso do Brasil.
“Um desses fatores são os altos encargos de juros, que haviam criado a sensação de que a economia mundial se desaceleraria, mas como permaneceu forte e o consumo continuou alto, muitas empresas tiveram que mudar seus planos, gerando aumentos de primeira ordem no Pacífico”, afirma Mario Veraldo, CEO da MTM Logix.
Além disto, de acordo com a análise da empresa, as empresas chinesas estão aumentando os volumes enviados ao México e Brasil, por exemplo, para se beneficiarem do impulso do nearshoring, que somado à distância, aumenta a pressão sobre as devoluções de contêineres vazios, criando um déficit e consequentemente elevando as taxas. Um bom exemplo disto é a grande empresa varejista SHEIN, que começou a produzir roupas no Brasil com mais de 330 fábricas parceiras e deve chegar a 2.000 fábricas até 2026, de acordo com a marca.
As rotas da China para a América Sul, Central e Norte sofrerão um impacto maior do que o da Europa. Os fretes devem permanecer inconstantes pelo menos até o final de agosto, uma vez que as restrições de capacidade permanecerão em vigor e a demanda de verão no hemisfério norte impulsionará o consumo.
“Em média, um contêiner da Ásia para o Brasil que estava sendo transportado por US$ 2.000 em 2023, agora chega a US$ 5.000. Isso representa um aumento de 150%, no entanto, em um contêiner de 40 pés que cabe aproximadamente 8.000 pares de tênis, por exemplo, o impacto no custo por par é de US$ 0,37 ou menos de 1%, para um produto que custa US$ 50. Então dependo do setor e tamanho da empresa, os impactos podem ser maiores ou menores, é complexo ter uma precisão”, diz Veraldo.
Segundo o último levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI), o aumento do preço do frete foi considerado o principal problema nos negócios para 90% das empresas com operações de comércio exterior. Essa instabilidade nas tarifas também gera impactos para todos os consumidores, já que esses valores precisam ser repassados e provocam reajustes nos preços dos alimentos, combustíveis, peças de vestuário, medicamentos, entre outros itens básicos para a sociedade.
De acordo Veraldo, especialista em logística, controlar a inflação é algo que foge do domínio das empresas de logística, então é preciso focar nas estratégias, e elas incluem negociações de contratos flexíveis com uma combinação de taxas de frete fixas e flutuantes, diversificação das cadeias de suprimentos, reorientação para onde houver mais capacidade disponível e uso de tecnologia de torre de controle para planejamento e reação eficientes de rotas.
“O planejamento é fundamental, pois as taxas de frete sempre foram voláteis. Toda empresa precisa analisar seu suprimento, determinar a demanda por seus produtos e trabalhar os diferentes aspectos para trazer as mercadorias no momento certo”, finaliza o CEO.