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Airship do Brasil inaugura primeira fábrica

Empresa do Grupo Bertolini produzirá aeróstatos e dirigíveis para cargas e passageiros no interior paulista
Por Redacción el 7 de abril de 2015 a las 15h55 (atualizado em 13/04/2015 às 15h47)

A Airship do Brasil (ADB), empresa do grupo da Transportes Bertolini, inaugurou no dia 28 de março, em São Carlos (SP) suas novas instalações, voltadas à produção de aeronaves mais leves que o ar (LTA, sigla em inglês para lighter than air), como aeróstatos e dirigíveis. O primeiro cliente da empresa é a Eletronorte, que já tem encomendada uma aeronave protótipo, além de mais sete unidades a serem entregues posteriormente, em um contrato cujo valor estimado é de R$ 30 milhões.

A fábrica fica em um terreno de 49 hectares localizado ao lado da rodovia Washington Luiz. Além de pesquisa, desenvolvimento e fabricação, a Airship também auxiliará a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) na criação da certificação para estas aeronaves. De acordo com Paulo Vicente Caleffi, presidente da ADB e diretor de Gestão da Transportes Bertolini, os investimentos até agora somam R$ 10 milhões, a maior parte voltada para pesquisas e projetos. A empresa também já recebeu uma parcela de R$ 9 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), de um total previsto de R$ 100 milhões.

“A Airship do Brasil representa a confiança da Bertolini na grandeza do país e a determinação e o pioneirismo que são a marca do grupo”, afirmou Irani Bertolini, presidente do grupo, durante a inauguração da fábrica. “Ela é a joia mais valiosa dentre as nossas 21 empresas e um marco no desenvolvimento da Amazônia, tão cheia de desafios e carente de estrutura viária”.

Já Caleffi informou que a estrutura inaugurada representa o começo de uma nova era para as aeronaves mais leves que o ar no país. “A partir de hoje, iniciamos uma nova fase, de projetos e protótipos, e o início da fabricação dos dirigíveis. Ainda teremos a necessidade da construção de uma nova fábrica, muito maior do que esta, para que possamos finalizar as aeronaves, que por suas dimensões não cabem neste hangar”, informou o executivo, sem definir datas ou mesmo um local para a nova planta. Ele adiantou que a estrutura terá ao menos 45 metros de altura por 500 metros de comprimento, e capacidade de produção simultânea de três dirigíveis.

Além da construção

A história dos LTAs no país teve início em 1990, quando o Exército Brasileiro iniciou pesquisas sobre a utilização de dirigíveis para realizar sua logística estratégica, principalmente em áreas de fronteira e na Amazônia. O Projeto Dirígivel do Exército Brasileiro foi oficializado em 1997, tendo já a Bertolini como parceira. Em 2004, o exército coordenou a criação de uma Sociedade de Propósito Específico (SPE), que evoluiu e deu origem, em junho de 2005, à ADB. A empresa, inicialmente com sede em Barueri (SP), mudou-se para São Carlos em 2010.

A Airship já tem desenvolvidos dois modelos de aeróstatos, o ADB-1 e o ADB -2. O primeiro apresenta 4 m de comprimento, capacidade para dois quilos de carga útil e é utilizado em testes de configuração, propulsão, estabilidade e controle de dirigíveis de grande porte, além de possuir versões voltadas para a realização de imagens aéreas e publicidade, com a distribuição de panfletos. O segundo, com 16 m e capacidade para 20 kg, é aplicado em atividades publicitárias, de vigilância, captação de imagens aéreas e serve também como plataforma de telecomunicações. Além disso, existe o projeto de nacionalização do dirigível norte-americano 138-S-Skybus (agora denominado ADB 3-3), além de aeróstatos da família ADB-A-X, voltados para tarefas de segurança pública, defesa e telecomunicações, entre outras. Basicamente, a diferença entre as aeronaves é que os aeróstatos não são tripulados e funcionam ancorados por meio de um cabo. Já os dirigíveis são tripulados e possuem propulsão a motor. De acordo com a empresa, os produtos podem ser empregados em diferentes áreas, dentre elas a logística.

Ao longo destes anos, a ADB vem trabalhando em pesquisas para desenvolver aeronaves 100% nacionais, apesar de ter buscado conhecimento e parcerias estratégicas no mundo todo. Neste meio tempo, a companhia também evoluiu de uma prestadora de serviços em logística para uma indústria aeronáutica. Futuramente, ela pretende desenvolver negócios que incluem, além da fabricação, a prestação de serviços na operação e manutenção de suas aeronaves, bem como a formação de mão de obra especializada (pilotos, mecânicos e tripulantes) e serviços logísticos.

Além dos modelos de dirigíveis já citados, o mais ambicioso projeto da empresa é o desenvolvimento do ADB 3-30-E, com 130 metros de comprimento, diâmetro do envelope de 35 m, altura de 50 m – equivalente a um prédio de 18 andares – e capacidade para transportar 30 toneladas, voltado para inspeção, manutenção, construção de linhas de transmissão elétrica e logística em regiões sem infraestrutura para outros modais de transporte. Esta aeronave deverá iniciar as operações em 2017 e é principalmente pensando nela que a empresa planeja sua nova fábrica.

De acordo com Marcus Tabaknic, diretor técnico de Projeto e Desenvolvimento da Airship do Brasil, a grandeza do projeto do 3-30-E não se resume ao seu tamanho. “Só existem 22 dirigíveis certificados nos Estados Unidos e três na Europa, e nenhum com as dimensões do ADB 3-30-E. Somos pioneiros”, informa.

Este projeto, criado para a Eletronorte, visa oferecer uma alternativa para a manutenção e inspeção de linhas de transmissão de energia, o que hoje é feito por terra. Com o dirigível, será possível fazer um monitoramento à distância com sensores e câmeras, além de aproximar as equipes pelo ar e descê-las numa gaiola para fazer os reparos, sem a necessidade de equipes de terra, o que é ideal para áreas remotas e de acesso restrito. “Além disso, o 3-30-E é concebido também para o transporte e posicionamento de torres que sustentam as linhas de energia”, explica Tabaknic.

Além das oito unidades encomendadas pela Eletronorte, a Transportes Bertolini manifestou o interesse na aquisição de 11 dirigíveis na versão cargueira. Neste caso, as aeronaves terão na gôndola de comando um compartimento de carga. O diretor técnico informa que a própria Bertolini será responsável por desenvolver um contêiner nas dimensões padrão, porém na configuração aeronáutica, em alumínio, para aumentar a capacidade de carga. A ADB ficará responsável pela especificação do contêiner e a Transportes Bertolini pela sua fabricação.

A primeira aeronave da empresa a entrar em operação, já em 2016, será o ADB 3-3, com capacidade de carga útil de uma tonelada ou seis passageiros.

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