10 anos de RIOgaleão: aeroporto aumenta marketshare e mira nos voos cargueiros

O RIOgaleão, Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro (RJ), completa hoje (12/08) 10 anos de concessão da RIOgaleão, controlada pelo Grupo Changi, de Singapura. Durante essa década, a concessionária registrou um aumento de 8% no marketshare do aeroporto, que hoje é de 16%, e mira na atração de novos voos cargueiros para aumentar esse número.

Atualmente, 85% das cargas do RIOgaleão Cargo são transportadas nos porões das aeronaves de passageiros, e 15% nas aeronaves cargueiras. O objetivo da companhia é aumentar a participação dos voos cargueiros, apostando no transporte aéreo de cargas para aumentar a lucratividade do aeroporto. Durante essa década, foram investidos cerca de R$70 milhões em melhorias de infraestrutura em sistemas. 

Um dos fatores que podem atrair novos voos é o aumento da eficiência logística do terminal de cargas do aeroporto, que registrou uma redução de 65%  no tempo médio de permanência de cargas. O Programa de Eficiência Logística (PEL) do RIOgaleão, que premiou na última sexta-feira (09/08) os Importadores, Exportadores e Prestadores de Serviços com maior eficiência logística, é uma das formas de chamar a atenção do mercado. 

"Existe um trabalho ativo da gente procurando as companhias, mas elas mesmas começam a enxergar o movimento de um evento como esse [PEL 2023], promovendo eficiência, um aeroporto mais agil onde as descargas saem mais rápido" , revelou Leandro Lopes, gerente comercial de cargas do RIOgaleão, para a Tecnologística durante o evento.

Segundo Leandro, o RIOgaleão tem se tornado um hub nacional para as companhias aéreas. "Se antigamente você tinha clientes do Rio que levavam a carga para São Paulo para trazer de caminhão para cá, hoje você tem visto clientes de Goiás, de São Paulo, de Minas, do Espírito Santo trazendo carga para o Galeão para distribuir pelo país", completa.

O aeroporto conquistou um aumento de 30% nas cargas domésticas em 2023, e uma queda de 22% no valor do frete internacional, que teve uma média de queda de 22% nos EUA e 7% na Europa.

Segundo projeções, o aeroporto está caminhando para um crescimento de 15% em importações em 2024, em comparação a 2023. A expectativa é chegar a 12,8 bilhões de dólares em importações, contra o recorde do ano passado, de 7,7 bilhões de dólares. No primeiro semestre de 2024, as importações já totalizaram R$6,4 bilhões.

Nova rota cargueira com a Atlas

Atualmente, o RIOgaleão recebe três voos cargueiros: dois da LATAM e um da Atlas Air, que começou a operar no aeroporto há três meses. O novo voo da Atlas faz a rota Miami – Rio de Janeiro – Santiago e é operado com o Boeing 747, um dos maiores do setor, com capacidade para transportar até 100 toneladas por viagem.

O novo voo abre novas possibilidades para o transporte de cargas pelo aeroporto, já que possui capacidade para acomodar cargas de grande porte, incluindo produtos perigosos, ferramentas, carretéis e turbinas de grandes dimensões. De acordo com Lopes, o aeroporto está negociando uma segunda frequência com a Atlas para atender às demandas de cargas urgentes e de alto valor. 

Colaboração com as indústrias locais

Uma das apostas de cargas do RIOgaleão é a indústria aeroespacial do Rio de Janeiro. A GE Celma, maior oficina de revisão de motores aeronáuticos na América Latina e a primeira fabrica de turbinas da GE a ser instalada fora dos Estados Unidos, passou a usar o aeroporto no seu fluxo logístico e se tornou empresa de destaque na categoria Importador do PEL 2023. Com o novo voo da Atlas, a empresa ganhou este ano uma nova forma mais eficiente de escoar os mais de 500 motores que recebem manutenção por ano, que anteriormente chegavam ao Brasil através de Viracopos antes de passar pelo Galeão. 

Outro exemplo do setor é a United Airlines, que em 2023 abriu no RIOgaleão o seu primeiro hangar de reparo de aeronaves fora dos EUA. A estrutura, avaliada em R$ 500 milhões, conta com o maior vão livre do Brasil em uma área total de mais de 60 mil m², sendo um hangar com mais de 20 mil m² de área construída e um prédio auxiliar com mais de 12 mil m².

Patrick Fehring, diretor de desenvolvimento estratégico e cargas da RIOgaleão, explicou à Tecnologística durante o PEL 2023 que a nova operação também gera demanda para voos cargueiros, que comportam os trens de pouso necessários para o transporte dos equipamentos de grande porte. "Os cargueiros são uma peça chave. No mundo eles têm mais participação no mercado, os cargueiros carregam metade da carga aérea", completa. 

Ainda segundo Patrick, a indústria local de Petróleo e Gás é outra que gera demanda para voos cargueiros, por ter peças que não cabem nas aeronaves de passageiros comuns.

Negociações com outras companhias

Além da Atlas Air e da LATAM, o RIOgaleão também está em negociações com outras companhias aéreas para aumentar a quantidade de voos cargueiros. Patrick revelou que a concessionária já está em conversas com a Avianca para possivelmente atrair novas linhas cargueiras.

Remessa Conforme: De olho no e-commerce

Para o RIOgaleão, a atração de novos voos precisa de um equilíbrio entre a demanda das empresas importadoras e exportadoras e a oferta das companhias aéreas. Para conectar as duas pontas, o aeroporto vê a ascensão do e-commerce como uma oportunidade de colocar o Rio de Janeiro na rota dos voos de mercadorias de grandes varejistas.

"O Remessa Conforme está mudando o cenário no Brasil. Pela primeira vez nesses 10 anos de concessão, nós fomos procurados por todas as empresas desse ramo, interessadas em alugar armazéns alfandegados e não alfandegados no Galeão", revela Fehring.

Investimentos para 2024

Em 2022, o Grupo Changi, que controla a RIOgaleão, manifestou a intenção de devolver a administração do terminal em consequência da queda de demanda de passageiros durante a pandemia, que causou um prejuízo de R$7,5 bilhões, mas voltou atrás da decisão em outubro de 2023. Detalhes da possível relicitação junto ao governo federal ainda não foram revelados.

Em agosto de 2023, uma resolução do Ministério de Portos e Aeroportos determinou a transferência de alguns voos do aeroporto Santos Dumont para o RIOGaleão. O aeroporto também recebeu um investimento adicional de R$15 milhões no mesmo ano.

Para 2024, a concessionária prevê investimentos de R$ 110 milhões, mais que o dobro dos R$ 50 milhões de 2024.