A Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) apresentou ontem, dia 19 de fevereiro, no Auditório da Confederação Nacional do Transporte (CNT), em Brasília, o Plano Nacional de Integração Hidroviária (PNIH), que tem como objetivo fornecer estudos e análises a respeito do transporte hidroviário brasileiro.
O trabalho é fruto de uma cooperação entre a Antaq e a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e consiste na utilização de dados disponíveis no Plano Nacional de Logística de Transportes (PNLT) do governo federal e também da ferramenta tecnológica denominada Sistema de Informações Geográficas do Transporte Aquaviário (Sigtaq), do Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans) da UFSC.
Os estudos abrangem as bacias hidrográficas do Paraguai, que vai da cidade de Cáceres, no Mato Grosso, até Nueva Palmira, no Uruguai; Amazônica, que passa pelos estados do Amazonas, Acre, Rondônia, Roraima, Pará, Amapá e Mato Grosso; do Sul, que começa na divisa de São Paulo com Paraná e estende-se até o Arroio Chuí, no Rio Grande do Sul; Paraná-Tietê, que envolve o Rio Paraná e seus afluentes; do São Francisco, nos estados de Sergipe, Alagoas, Pernambuco, Bahia, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal; e Tocantins-Araguaia, em Goiás, Tocantins, Pará, Maranhão, Mato Grosso e Distrito Federal.
Por meio do Sigtaq, que apresenta um módulo de Sistema de Informação Geográfica (GIS), foi possível realizar o mapeamento georreferenciado das seis bacias e estabelecer projeções para 2015, 2020, 2025 e 2030. “Buscávamos um tipo de ferramenta que já é utilizado pelos modais rodoviário e ferroviário”, disse o superintendente de Navegação Interior da Antaq, Adalberto Tokarski. Segundo ele, o estudo, que levou dois anos para ficar pronto, acaba com o “achismo” em relação às principais hidrovias brasileiras.
De acordo com o PNIH, o sistema hidroviário deve absorver, no início da próxima década, 11% (ou 228 milhões de toneladas) do volume total de cargas que circulará na área de influência de cada uma das bacias envolvidas no estudo. Na hidrovia Tietê-Paraná, por exemplo, deverão circular 28 milhões de t de em 2020, representando 3,4% do volume total de carga em sua área de influência. A hidrovia do Sul é a que deve apresentar maior participação, captando 48,3% do total transportado em sua respectiva área, com 55 milhões de t.
A bacia Amazônica absorverá 25,7%, ou 98 milhões de t; Paraguai será responsável por 37,3%, ou 23 milhões de t; São Francisco por 0,8%, ou 3,6 milhões de t; e Tocantins-Araguaia por 8,4%, ou 18,7 milhões de t em sua área de influência. Atualmente, as seis bacias hidrográficas envolvidas no estudo movimentam cerca de 82 milhões de t todos os anos. De acordo com as projeções apresentadas pelo estudo, esse número deve crescer exponencialmente até 2030, saltando para 463 milhões de t.
O PNIH, de acordo com Tokarski, apresenta ainda um levantamento de potenciais áreas para a implantação de novas hidrovias, portos e terminais no interior do país, proporcionando dados importantes para a elaboração das políticas públicas do setor. O país deve ganhar novos 5.000 km em hidrovias até 2020, totalizando 25.000 km. Ainda segundo o estudo, até 2030 o Brasil deverá ampliar em 50% sua malha hidroviária, saindo dos atuais 20.000 km para cerca de 30.000 km.
“Pouco se tem feito para incluir as hidrovias na matriz de transporte brasileira, mas este é mais um passo em direção a uma logística barata e eficiente”, disse o diretor geral da Antaq, Pedro Brito, durante a cerimônia de apresentação do plano, revelando otimismo diante das projeções apresentadas pelo PNIH. De acordo com ele, os estudos contidos no plano constituem, ainda, uma ferramenta fundamental para os empresários que precisam de informações a respeito da navegação interior nacional. Brito indica que a iniciativa privada fará parte das mudanças pretendidas pelo setor. Segundo ele, o PNIH será apresentado a investidores que possuem interesse em colocar em prática projetos envolvendo o modal.
Estiveram presentes também o vice-presidente da CNT, Meton Soares, o secretário executivo da Secretaria Especial de Portos (SEP), Mário Lima, os diretores interinos da Antaq Fernando Fonseca e Mário Povia e o secretário de Política Nacional de Transportes do Ministério dos Transportes, Marcelo Perrupato.
Crédito da imagem: UISA